Bianca Silva, de 25 anos, é uma das integrantes da seleção brasileira feminina de rugby que se prepara para os Jogos Olímpicos de Paris, na França. A atleta, da comunidade Paraisópolis, em São Paulo, se envolveu com o esporte pouco conhecido por aqui em 2011, por meio de um projeto social. Ela relembra da paixão à primeira vista pela modalidade.
"Meu primeiro contato com o rugby foi por meio do projeto social Instituto Rugby para Todos, em 2011. Sempre fui apaixonada por esportes, na minha rotina de criança sempre tinha algum esporte envolvido, seja na prática escolar, nas aulas de educação física ou na rua com os meus amigos. O primeiro contato que tive com o rugby foi uma aula lúdica com a categoria de base do projeto, e foi amor à primeira vista", relembra.
"O que me atraiu no rugby foi ver o quanto ele é diferente, que é um esporte que abraça as suas diferenças e te ensina a enxergar a vida de outra maneira. Ele aprimora valores como humildade, disciplina, respeito e paixão, o que levamos para a vida toda", explica.
![Bianca Silva — Foto: Reprodução/ Instagram](https://s2-quem.glbimg.com/1eeSP5sT075pBVw2QUuM0ChlNbQ=/0x0:1440x1080/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b0f0e84207c948ab8b8777be5a6a4395/internal_photos/bs/2024/b/n/8GmEsqRBy68BNcnaqyQQ/101163951-1112523399104645-4442857587482215841-n.jpg)
Começo da carreira
Na época, a atleta do Leoas do Paraisópolis, começou a competir na categoria masculina por não ter uma categoria feminina que incluísse sua faixa etária. Ela conta que apesar do esporte ainda ser considerado por muitas pessoas como violento demais para ser praticado por mulheres, não sofreu com o machismo.
"Era normal ouvir de pessoas, quando dizia que fazia rugby, que era um esporte muito violento ou praticado por homens. Meu primeiro campeonato foi com a categoria masculina do Instituto, porque eu ainda não tinha idade para jogar com a categoria feminina. Mas os garotos do meu time me defendiam dentro e fora de campo. Havia uma união e proteção para que eu estivesse bem, justamente por eu ser mulher e pela diferença de força. Felizmente, não passei por situações de machismo", ressalta.
![Bianca Silva — Foto: Reprodução/ Instagram](https://s2-quem.glbimg.com/02fDMaTIGaYJT96gC949qgWMHv8=/0x106:739x533/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b0f0e84207c948ab8b8777be5a6a4395/internal_photos/bs/2024/3/p/9dqBcxQPOXhZhRgY4WZQ/66472905-129931981572208-9199649281438348821-n.jpg)
O maior desafio mesmo foi mudar a sua rotina para se tornar uma atleta. Bianca relembra que abriu mão de muitas coisas para aprimorar sua técnica.
"No começo, o maior desafio que tive foi encarar a realidade do que é ser atleta de verdade. Tinha pouco conhecimento sobre disciplina e mentalidade profissional. Precisei aprender a fazer minha própria refeição, pois tinha uma dieta a seguir, que era totalmente diferente da alimentação que minha família fazia. Aprendi a cumprir um plano de treinamento, ter compromisso com o horário e que não se criam desculpas para a preguiça. Querendo ou não, eu tinha que fazer tudo isso. Abri mão de momentos com a família e amigos, de comemorar aniversários e passar por outros momentos especiais, mas são sacrifícios que escolhi enfrentar e que valem a pena", destaca.
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Dores e contusões
É com esse foco que ela lida com a dor e as contusões, comuns em modalidades que têm muito contato físico. Bianca conta que trabalhar o psicológico é essencial para que a dor física não se prolongue.
"Lidar com a dor após cada jogo precisa ser algo rápido. Não podemos focar tanto nela porque o tempo é curto entre os jogos. Seguimos um protocolo de recuperação, que é entrar em piscina de gelo, fazer alongamentos e soltura miofascial. Atualmente lido muito melhor com a dor, sei quais os recursos usar e como me preparar mentalmente para enfrentar cada uma delas", explica ela, que faz temporadas no exterior, onde já atuou pelo Northern Loonies, nos Estados Unidos.
![Bianca Silva — Foto: Reprodução/ Instagram](https://s2-quem.glbimg.com/rnDgi9C1ygEzzEVPtnsIJd28C-k=/0x0:1440x1800/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_b0f0e84207c948ab8b8777be5a6a4395/internal_photos/bs/2024/g/v/TwEjFBQuuUrPeh6pB0sw/355409934-1441198916638454-6023177913775315294-n.jpg)
Treinos para os Jogos Olímpicos 2024
Focada nas Olimpíadas 2024, a atleta conta com treinos e uma dieta específicas para que ela e suas colegas de time cheguem com o condicionamento ideal para a competição.
"Nossa rotina diária de treinamento é dividida entre sessões de musculação e condicionamento físico. A intensidade e o peso dos exercícios mudam conforme as semanas, mas o objetivo final é sempre o mesmo: chegar o mais preparada possível, estando bem física e mentalmente. Quanto à dieta, ela é bem balanceada: há uma quantidade individualizada de carboidratos, proteína, legumes e vegetais, além da suplementação", detalha ela, que participou dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
A expectativa vai além de conquistar um bom resultado para o país. Bianca conta que a seleção brasileira busca encontrar o próprio estilo e ganhar experiência e aprimoramento da técnica.
"O nosso principal foco é desenvolver um jeito próprio de jogar, a técnica brasileira. A cada etapa tentamos absorver novos aprendizados para ver o que podemos melhorar. Somos um time muito rápido, mas não tão forte e alto. Então, o embate físico ainda é um desafio para nós. Investimos muito nesse aspecto para que não seja uma dificuldade nos torneios", conta.