Rumos 2024
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE
Por — Para o Valor, de João Pessoa


Tony Volpon: “Não estou otimista com a queda de juros nos EUA. As coisas não foram como se esperava” — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Tony Volpon: “Não estou otimista com a queda de juros nos EUA. As coisas não foram como se esperava” — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Com um panorama global em que no plano econômico predominam baixo crescimento, comércio tépido e inflação ainda alta, e que no plano geopolítico prosseguem as guerras, 2024 deve ser um ano caracterizado por expectativas baixas e dedos cruzados para que os conflitos não envolvam mais países. E, para dar um toque extra ao cenário de potenciais instabilidades, ainda há a eleição presidencial dos Estados Unidos, com boas chances de uma volta de Donald Trump à Casa Branca. “Politicamente, trata-se do Voldemort [vilão da série de livros e filmes “Harry Potter”] dos anos. O annus horribilis. O ano que não deve ser nomeado”, disse a consultoria de risco Eurasia Group em relatório.

No radar do Brasil, vão estar os acontecimentos políticos e econômicos nos seus principais parceiros. Se a freada chinesa for mais forte do que a esperada, as exportações brasileiras de minério de ferro e petróleo sofrerão. A confirmação da queda dos juros dos EUA, e o ritmo em que acontecerá, causará repercussões globais - juros americanos altos significam taxas altas no mundo todo e um dólar mais forte. Na Argentina, a incógnita gira em torno do combate à inflação implementado pelo presidente Javier Milei. Nos dois primeiros meses deste ano, elas produziram uma contração de 28,7% das exportações brasileiras para o país vizinho, na comparação com o mesmo período de 2023.

Se por um lado hoje existe um temor menor a respeito de uma recessão mundial, por outro há alguns números bastante preocupantes. O Banco Mundial prevê para 2024 um crescimento global de 2,4% e uma expansão das economias avançadas de apenas 1,2% - nos dois casos, seriam três anos seguidos de desaceleração. Para os EUA, a expansão estimada é de 1,6% (foi 2,5% em 2023), e para a zona do euro, 0,7%. Tudo isso se traduz, para o Banco Mundial, “no mais fraco início de uma década () desde os anos 1990”.

Leia mais:

Em relação à inflação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta a continuidade da queda, mas ainda sem um retorno às metas estabelecidas. No “Panorama Econômico Mundial” de janeiro, o FMI prevê uma inflação global de 5,8%, contra 6,8% em 2023. A Organização Mundial do Comércio (OMC), por sua vez, apontou retração de 1,2% nas trocas internacionais no ano passado; no início do ano, o Banco Mundial havia previsto uma expansão de 0,2%, o que já seria o pior desempenho “fora de recessões globais nos últimos 50 anos”. Para este ano, a OMC prevê alta de 2,6%, algo que ainda estaria abaixo do ritmo pré-pandemia.

As incertezas aumentaram um pouco mais na semana passada com a divulgação da inflação anual nos EUA em março. A maioria dos analistas acreditava que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) iria começar em junho a pôr um fim na maior e mais veloz alta das taxas de juros dos últimos 40 anos, mas o desânimo cresceu com o anúncio do índice de 3,5%.

“Eu não estou mais otimista com a queda de juros nos EUA. Nesse primeiro trimestre, as coisas não foram como se esperava”, afirma Tony Volpon, fundador do Instituto Makros e ex-diretor de assuntos internacionais e de gestão de riscos corporativos do Banco Central. Ele lembra que no início do ano se antecipavam seis ou sete cortes nas taxas. “Me questiono se o Fed realmente tem espaço para ir além de algo simbólico, o que seria talvez um corte de 0,25 em setembro.”

Volpon acrescenta um outro elemento no cenário americano: “As pesquisas mostram hoje uma vitória até relativamente fácil de Trump.” Isso, ele avalia, levaria a um choque inflacionário nos EUA. O prometido aumento nas tarifas de importações e uma política fiscal expansionista, se efetivamente concretizados pelo candidato republicano, gerariam efeitos na política monetária - e, consequentemente, no resto do planeta, com nova rodada de alta dos juros.

A decisão da agência de riscos Fitch de rebaixar sua avaliação para as perspectivas da economia chinesa de estável para negativa acendeu mais um sinal de alerta. A debilidade do setor imobiliário e uma fraca demanda externa levantam dúvidas sobre se a China conseguirá atingir a meta de crescimento em torno de 5%. Para Volpon, não dá para confiar nos números oficiais sobre o PIB chinês e o país já estaria até mesmo numa recessão velada.

“Tem muita gente questionando um pouco o ritmo de crescimento chinês. Eu sou um pouco menos pessimista. Acho que eles têm instrumentos para garantir a meta”, afirma Célio Hiratuka, diretor do Instituto de Economia da Unicamp e coordenador do Grupo de Estudos Brasil-China. “Não vejo grandes mudanças no cenário no curto prazo. É possível haver algum elemento que surpreenda, mas nada que vá afetar as nossas exportações.”

Alguns dados recentes inspiram uma maior confiança sobre a China. No mês passado, dois índices que acompanham a atividade manufatureira chinesa registraram o melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2023. Em janeiro e fevereiro deste ano, as vendas no varejo aumentaram 5,5% e houve um crescimento nas exportações de 7,1%, na comparação com o mesmo período de 2023.

Já em relação à Argentina, as perspectivas são mais nebulosas. O banco BBVA prevê que a atividade econômica vá se manter em território negativo no primeiro semestre e que o país terá neste ano uma inflação de 175%. “Projetamos que o PIB cairá 4% em 2024 e subirá 6% em 2025, assumindo que o plano de estabilização a ser implementado pelo governo será relativamente bem-sucedido”, informou o BBVA.

Assim como Volpon e Hiratuka, Luiz Carlos Delorme Prado, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem dúvidas sobre o êxito das reformas. “Não existe precedente na história moderna para o corte de gastos que o Milei fez. Isso pode até ter um efeito na inflação, mas a custo de uma tragédia social muito grande. Se a economia argentina está despencando, não existe razão para que a exportação brasileira à Argentina não despenque.”

Até agora o Brasil está se saindo razoavelmente bem em termos de investimento estrangeiro direto. No primeiro bimestre houve entrada de US$ 13,8 bilhões, leve alta de 0,4% sobre u ano antes. O Banco Central trabalha com estimativa de US$ 65,5 bilhões para 2024, mesmo volume registrado há 12 anos. Entretanto, tudo pode mudar se as guerras em Gaza e na Ucrânia se agravarem.

Mais recente Próxima Escola precisa ser o centro da integração para combate à pobreza

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Confira o que você precisa saber e acompanhar nesta segunda-feira

Agenda do dia: Boletim Focus; dados de atividade nos EUA; reunião de Haddad e Mello com presidente do BB

Dez perguntas para refrescar a memória (ou descobrir) sobre o que aconteceu no início da moeda

30 anos do Plano Real: Faça o teste e descubra quanto você ainda se lembra

Ganho real aconteceu em praticamente todo o período, com exceção do governo Jair Bolsonaro

Em 30 anos do Real, salário mínimo subiu 170% acima da inflação; veja valores atualizados mês a mês

Na comparação com salário mínimo, poder de compra do brasileiro é maior do que em 1994 em boa parte dos casos

Da final da Libertadores ao Big Mac: compare 40 preços da época do início do Plano Real

Primeira parcela do benefício será paga no dia 18

Veja o calendário de pagamentos do Bolsa Família em julho de 2024

Repasses da sétima parcela vão começar no dia 25

Veja o calendário de pagamentos do INSS em julho de 2024

Datas consideram mês de aniversário do beneficiário

Veja o calendário de pagamento do PIS/Pasep em julho de 2024

Parcela estará disponível a partir desta segunda-feira

Veja o calendário de pagamento do saque-aniversário do FGTS em julho de 2024

Além do programa do Comitê Olímpico do Brasil (COB), atletas recebem bolsa do governo

Quanto ganha um medalhista olímpico do Brasil

Alguns estados terão datas comemorativas locais

Julho terá feriados em 2024. Saiba quais e onde