Como melhorar meu networking no trabalho (e fora dele)?

Karen Wickre, autora do livro "Networking para quem não quer fazer networking" fala que conectar é algo vital ao longo da vida adulta e que as conexões feitas podem ser com pessoas a quem você recorre para obter conselhos, enxergar a realidade, compreender seus interesses, progredir ao longo do tempo ou para ajudá-lo a conhecer outras pessoas que podem ser essenciais para conseguir um novo emprego.

"Networking é uma habilidade que ajuda você a se libertar, a experimentar uma nova ideia ou a encontrar alguém que possa ajudá-lo profissionalmente. Desde a idade escolar até a velhice, você desejará fazer conexões com pessoas que se identificam com você ao longo de sua trajetória de vida", enfatiza Karen, ao Valor.

A rede pode incluir amigos e familiares, mas é um círculo maior. "Sua rede mais ampla pode ajudá-lo a aprender, conectar-se e progredir profissionalmente ao longo do tempo. E é claro que você desejará fazer o mesmo com seus contatos: ofereça apresentações e ideias quando eles também precisarem", diz a autora.

Os contatos – uma mistura de antigos colegas, velhos amigos, colegas atuais e outros que você gostou e apreciou ao longo do caminho, diz ela – são os canais para novas ideias e aventuras no futuro. "Eles podem estar em uma nova empresa e querer contratá-lo, podem querer que você participe de um conselho ou seja voluntário com eles. Da mesma forma, você pode recorrer a esses contatos para atender às suas necessidades no futuro", comenta Karen.

Por isso, mesmo que nem todos tenham habilidade para fazer o networking, todos deveriam fazer, diz Martins. Isso porque a construção da rede de conexões vai fazer com que o profissional seja lembrado e reconhecido.

Além disso, há inúmeras vantagens em fazer networking, diz a autora.

"No local de trabalho, você será um trabalhador mais inteligente e um colega mais desejável se fizer amizade com as pessoas no trabalho, e não apenas na sua equipe imediata. Trabalhei no Google por 9 anos dinâmicos e fiz amizade com literalmente mais de 100 pessoas com quem ainda mantenho contato. Todos nós avançamos em nossas vidas (e empregos), mas compartilhamos essa experiência única e ela continua a nos conectar", ressalta.

Benefícios do networking:

• trocar conhecimento e desenvolver a carreira;
• conseguir recomendação;
• fortalecer a imagem profissional;
• conseguir oportunidades de emprego;
• crescer profissionalmente e ser promovido.

Caso o profissional esteja numa empresa, pode conseguir uma indicação para uma promoção de trabalho, por exemplo. Já caso esteja buscando uma oportunidade, pode obter uma recolocação no mercado, um contato em outra empresa ou até mesmo fazer uma parceria, explica Bruno Martins, CEO da Trilha Carreira Interativa.

Karen diz que há dois segredos para o bom networking. Primeiro, selecionar com quem fazer a conexão. O profissional não precisa fazer “network” ou ficar conectado com todas as pessoas que conhecer. Claro, deve estar aberto para dizer “olá” e conhecer pessoas casualmente no trabalho ou sempre que alguém se oferecer para conectar.

Mas cada pessoa não precisa se tornar seu melhor amigo e é preciso prestar atenção naqueles que você gostou de conhecer e gostaria de ver mais de uma vez. Aqueles que ressoam que podem se tornar uma conexão casual e informal.

Em segundo lugar, o maior segredo é manter contato com as pessoas depois de conhecê-las. O que significa uma mensagem privada em uma rede social apenas para dizer 'oi', compartilhar um meme, um desenho animado ou uma notícia que você sabe que as conexões iriam gostar. Isso não exige que reuniões presenciais, diz ela. "Manter contato significa que você está dando e também recebendo".

Além disso, assim como criar conexão no dia a dia, o networking precisa levar em consideração questões como ética e respeito, o mesmo acontece no ambiente organizacional. Por isso, para melhorar o networking o profissional pode começar a buscar conexões que tenham o mesmo objetivo que ele, que esteja na mesma área ou aborde temas com os quais tenha afinidade, comenta Martins.

Isso pode ser feito, além do ambiente de trabalho, no LinkedIn, em fóruns de discussão ou eventos presenciais que reúnam especialistas da área de atuação dos profissionais.

No ambiente de trabalho, apostar no networking pode ajudar a criar um ambiente saudável e também colaborar para que o profissional se destaque, já que evita problemas de comunicação e ruídos, aumenta o respeito mútuo, cria um ambiente colaborativo e engaja os trabalhadores.

Mas a construção não depende somente do ambiente de trabalho, sendo inclusive um erro comum considerar apenas uma alternativa, explicam os especialistas.

Outro erro comum, diz Karen, é só procurar as conexões quando há interesse em algo. "Afinal, você não quer ser a pessoa que só aparece quando quer alguma coisa, certo?".

"Não seja aquela pessoa que só aparece quando você tem um favor para pedir. Portanto, é um processo contínuo, como a jardinagem. Você não faz isso o dia todo, todos os dias; você cuida de um jardim ocasionalmente e o mantém funcionando", ressalta Karen.

• não ampliar o escopo de relacionamento e se restringir às redes sociais;
• acionar os contatos apenas na hora de pedir uma vaga de emprego;
• construir rede de relacionamento restrita a um único grupo;
• não atualizar a rede de contatos, já que a rede desatualizada acaba não sendo muito eficaz a longo prazo;
• ter medo de pedir recomendação a um colega com quem já trabalhou junto;
• solicitar recomendação a quem não conhece.

Além disso, Karen diz que, ao fazer networking em uma conferência ou grandes eventos, é a pessoa que você encontra na fila para tomar um café e com quem passa uns bons cinco minutos que pode se tornar uma conexão. Mas isso deve acontecer após o evento, já que é necessário uma conversa entre as duas pessoas, o famoso "1:1".

A principal rede social profissional do mundo, o LinkedIn permite diversas formas de construção de networking. A busca por conexões é o segundo principal motivo que leva os brasileiros a usarem a rede, perdendo apenas para a busca por oportunidades no mercado, explica Karuna Lopes, head de Comunicação do LinkedIn para América Latina e Ibéria.

Na rede, é possível construir networking ao interagir com o conteúdo produzido pelas conexões e também ao produzir o próprio conteúdo que interesse o setor, gerando conversas na rede e marcando as conexões na rede.

Um bom perfil na plataforma pode ajudar na construção de networking, já que possibilita a construção de uma marca pessoal relevante com produção de conteúdo, posicionamento estratégico e conexões significativas. “Postar informações de qualidade e interagir com conteúdos pertinentes pode aumentar significativamente a visibilidade do seu perfil, facilitando a busca por novas oportunidades de negócios”, comenta Karuna.

Segundo a head, existem muitas formas de identificar pessoas na plataforma para se conectar, como se conectar com profissionais de empresas nas quais gostaria de trabalhar, profissionais da sua área de atuação e Top Voices, que são “influenciadores” na plataforma sobre assuntos diversos no mundo do trabalho.

Além disso, ressalta ela, é importante lembrar que a qualidade das conexões é mais importante do que a quantidade, assim como a regularidade do contato é um ponto chave para manter relacionamentos duradouros. “Ou seja, é fundamental trabalhar seu networking de forma estratégica, com conexões que façam sentido para o objetivo de carreira e conversas que sejam relevantes para a rede profissional”, pontua.

Para quem está em início de carreira, o networking é importante porque o profissional pode usar os contatos para entender o setor que deseja entrar, ouvir especialistas de mercado, além de se conectar com colegas, professores e pessoas que admiram. “Essas iniciativas, se feitas ativamente, são boas formas de networking”, explica Karuna.

Possivelmente, diz ela, essas pessoas, como estudantes e recém-formados que estão começando a trajetória profissional, ainda não têm experiência, mas há outros campos importantes na rede que podem ser preenchidos nos perfis para estarem mais completos e atrativos, como cursos técnicos, trabalho voluntário e habilidades comportamentais, que são reconhecidas e buscadas por recrutadores hoje em dia.

A partir disso, os profissionais em início de carreira podem começar a criar uma rede se conectando com colegas e seguindo Top Voices e empresas onde querem trabalhar. Também é possível verificar onde ex-alunos da mesma instituição de ensino estão trabalhando atualmente, “o que pode ser um insight interessante”.

Já para profissionais mais experientes, o LinkedIn, diz Karuna, pode ser útil para o desenvolvendo da marca pessoal do trabalhador, fazendo com que o mercado conheça sua visão, expertise e experiência. Além disso, os conteúdos produzidos na rede podem, inclusive, ajudar outros profissionais a serem mais bem sucedidos e terem insights sobre o trabalho.