![Paula Lindenberg, CEO da Diageo, diz que uma de suas metas é conquistar mais consumidoras entre o público feminino — Foto: Gabriel Reis/Valor](https://s2-valor.glbimg.com/oixs7Ngsr3RNZLDAtcKP9VwJnc8=/0x0:1158x1278/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/G/0/FKzWdsQROMfsKeGAkyfw/24carr100-cbn-b2-img01.jpg)
Quando se tornou a primeira mulher a se sentar na cadeira de vice-presidente de marketing da Ambev, em 2013, Paula Lindenberg sentiu o peso de ser a única presença feminina no “mesão” onde as lideranças da empresa se reuniam. “Como poderia usar o privilégio de estar nesse lugar?”, se questionava. Então, junto com a equipe, decidiu investigar como as marcas de bebidas poderiam se conectar mais com o novo consumidor e seus valores.
Assim, em 2017, trouxe à tona a questão da diversidade e de como a mulher gostaria de ser retratada naquele momento. O resultado dessa reflexão foi fazer a marca líder de cerveja naquela época no país vir a público pedir desculpas por usar mulheres de biquíni em suas campanhas de publicidade. Foi um passo simbólico, mas de grande repercussão.
Essa história Paula Lindenberg, atual CEO da Diageo no Brasil e também para o Paraguai e Uruguai, conta no novo episódio do podcast CBN Professional, que agora também pode ser visto em vídeo nas plataformas digitais do Valor e da “CBN”. Desde então, ela relata que entendeu a relevância da sua posição e seu papel nessa discussão sobre como a indústria de bebidas enxerga a mulher consumidora. “A primeira ação [na época da Ambev] que a gente fez foi chamar ilustradoras para redesenhar os cartazes da Skol, que traziam meninas servindo cerveja de biquíni”, conta. “Queríamos mostrar a mulher em bares e restaurantes se divertindo com amigos, de roupa, aproveitando o momento como qualquer pessoa”, explica.
Hoje, no comando da Diageo, que tem entre as marcas mais conhecidas o uísque Johnnie Walker, o gim Tanqueray e a vodca Smirnoff, ela diz que o desafio é fazer com que as mulheres se sintam mais à vontade para pedir destilados. “Ter um copo de uísque na mão durante uma conversa é superaspiracional para a mulher também, não só para o homem”. Pesquisas indicam, no entanto, que muitas mulheres acham o paladar do uísque complicado, segundo ela, então a companhia desenvolveu uma nova versão para coquetelaria, pensando no público feminino.
![Paula Lindenberg, CEO da Diageo, convidada do CBN Professional diz o que significa ter olhar feminino na indústria de bebidas Paula Lindenberg, CEO da Diageo, convidada do CBN Professional diz o que significa ter olhar feminino na indústria de bebidas](https://s03.video.glbimg.com/x240/12702694.jpg)
Paula Lindenberg, CEO da Diageo, convidada do CBN Professional diz o que significa ter olhar feminino na indústria de bebidas
Entender o que o consumidor e os clientes querem é sempre um desafio, mas Lindenberg aprendeu a procurar essas respostas quando ocupou um cargo inusitado de “head global de insights”, quando foi expatriada para os Estados Unidos pela Ambev, depois de ter atuado no marketing da companhia no Equador. “Mais do que um líder de pesquisa, o esperado nessa posição é que você transforme o conhecimento que está fora da companhia em estratégia”, conta. Uma das constatações que ela teve com esse mapeamento do consumo global de bebidas foi que “o mundo é mais parecido do que diferente”. “Você não precisa necessariamente ter uma estratégia completamente diferente no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou na China”, afirma.
Sua carreira internacional culminou com a presidência da AB InBev para o Reino Unido, Espanha, Irlanda e Ilhas Canárias. Em cada passo da carreira, ela diz, sentia um novo “frio na barriga”. Lindenberg chegou na Inglaterra com a família, marido e duas filhas, na época da discussão do Brexit, e acabou passando o tempo da pandemia por lá também. “Quando fui, era a chance de continuar aprendendo, mas eu tinha dúvida naquele momento se eu ia acordar com brilho no olho de discutir logística, custo, outras áreas que na época eram menos familiares para mim. Mas fiquei muito feliz com a minha decisão”, lembra.
Trabalhar em indústrias como a da bebida e a do tabaco, onde iniciou a carreira, estando no marketing, não é simples. Quando trabalhou com tabaco, na Philip Morris, ela diz que existiam restrições em termos de comunicação e vendas. “Eram mais severas do que a própria lei para garantir que a gente não estivesse cruzando nenhuma linha de fazer alguma coisa errada”, conta. Lindenberg explica que na indústria de bebidas é parecido, há muito cuidado, por exemplo, em só colocar pessoas acima de 24 anos de idade nas propagandas para não correr o risco de estar fazendo alguma coisa apelativa para o jovem que ainda não está em condição de tomar a decisão de beber. “Esse tipo de política é muito cara, muito importante, não só perante a sociedade, mas perante o nosso público interno”, afirma.
Lindenberg dá ainda dicas de como se adaptar à cultura em uma nova empresa depois de passar vinte anos atuando em outra companhia. Ouça o episódio completo no site da “CBN” e nas principais plataformas de streaming, como Spotify e Apple Podcasts. Ou assista em vídeo nas plataformas digitais do YouTube do Valor e YouTube da “CBN”.