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Por , Valor — São Paulo

Você já teve experiências ruins em entrevistas de emprego? Uma brasileira que vive na Holanda relatou no perfil do Tiktok a situação de uma entrevista em que os recrutadores holandeses, os donos da empresa, ficaram rindo durante o processo, o que teria causado a impressão de que as risadas eram sobre a candidata.

O perfil foi criado pela brasileira Leticia Bardini, gerente de marketing e criadora do canal "Tô de mala pronta", em que ela relata o dia a dia no país europeu.

No vídeo, a brasileira relata que a entrevista, que aconteceu no mês de maio, era em inglês, mas que os donos da organização começaram a falar holandês entre eles. Por não entender o idioma, a candidata pontua que não sabia o que estavam falando e o motivo das risadas, mas que a percepção era de que as risadas eram sobre ela.

“Eu estava aplicando para vagas de marketing aqui na Holanda e fui convidada para uma entrevista. Fiquei super animada porque era uma vaga em uma empresa de cosméticos. Fiz a primeira entrevista e foi tudo maravilhoso [...] No mesmo dia me falaram que era pra ir fazer a segunda entrevista, com os donos da empresa, que são holandeses. Cheguei lá arrumada, apresentável e, durante a entrevista, o casal, dono da empresa, começou a falar holandês entre eles e começava a rir. Dava pra entender que era de mim”.

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De acordo com Paulo Sardinha, presidente da ABRH Brasil, o riso do recrutador demonstra despreparo não só profissional, como o pessoal.

“O recrutador não pode, de maneira alguma, gerar qualquer forma de desconforto, por pior que seja a avaliação dele sobre o ponto do candidato. Tem que manter o respeito e a naturalidade e depois, encerrada a entrevista, ele fazer a conclusão dele. Mas não cabe ficar julgando e manifestando julgamento durante a entrevista de qualquer candidato”, descreve o executivo.

O que fazer em situações semelhantes

Não é raro encontrar relatos nas redes sociais em que o candidato descreve situações negativas durante uma entrevista de emprego. Mas o que fazer nessas situações?

Segundo Adriana Gattermayr, que atua como coach de executivos e de carreira, a melhor forma de lidar com um caso como o da brasileira é perguntando ao entrevistador: “Alguma coisa errada?”

“A pergunta explicita a indelicadeza da situação e inibe novas risadas, se o motivo for mesmo preconceito. Caso seja outra coisa o motivo do riso, certamente o recrutador vai se sentir obrigado a explicar o que era", diz.

Caso seja preconceito e os recrutadores forem "absurdamente inadequados como ela supõe", pode ser que falem que é outra coisa e continuem rindo. "Nesse caso, o entrevistado pode agradecer gentilmente a atenção de dizer que gostaria de encerrar a entrevista porque não vê alinhamento com a empresa”.

Agora, se um recrutador ri de uma resposta de um candidato, explica a coach, vale também perguntar, com curiosidade e sem agressividade: ‘Falei algo de errado?’.

"A entrevista não é uma via de mão única. É um momento para a empresa conhecer o candidato, mas também é momento do candidato conhecer a empresa. Comportamentos inadequados de um recrutador são sintomas de uma empresa com problemas”, pontua.

De acordo com a coach, o candidato também deve dar um feedback sobre sua experiência para a empresa. Mas o contato não pode ser de qualquer forma: a mensagem deve ser em posição de ajuda à empresa, que “se prejudica muito com um perfil assim como frente da sua estratégia de employer branding". Nunca com tom de retaliação ou ofensa, diz ela. “Um feedback, mesmo que negativo, é sempre um presente e deve ser embrulhado como tal”.

Principais más condutas em um processo de recrutamento

  • Fazer perguntas que não avaliam o que o líder da área precisa de perfil para a vaga;
  • Dar pouca atenção ao candidato, não olhando no olho e querendo já partir para o próximo;
  • Dar falsa esperança ao candidato;
  • Não representar os valores e o propósito da empresa;
  • Rir do candidato ou ofendê-lo;
  • Não estar ciente de seus vieses na hora da entrevista;
  • Não deixar o candidato à vontade;
  • Não dar retorno sobre o processo.

Impacto para o candidato e a empresa:

O processo de recrutamento também afeta o candidato. De acordo com Adriana, a etapa da entrevista é um momento em que ele está “muito vulnerável" e, por isso, a base do processo deve ser a empatia.

“O recrutador precisa ter consciência disso e respeito pela posição de vulnerabilidade do outro. Uma conduta inadequada pode deixar o candidato inseguro sobre suas qualidades que, em casos mais graves, o impedem de aplicar para vagas semelhantes, mesmo que tenha um bom currículo. Ou acaba se saindo mal em outras entrevistas por medo de passar pela mesma situação”, ressalta.

Sardinha explica que o mau recrutador pode fazer trazer uma imagem distorcida para a empresa, assim como distanciar os talentos da organização. "Pode fazer com que a empresa perca um excelente profissional”, diz.

"Colocar uma pessoa despreparada para fazer isso é passar uma mensagem, muitas vezes incorreta, de que a empresa também é despreparada. O processo de escolha de uma pessoa para trabalhar é um processo que é sempre muito delicado. Se for mal realizado, inclusive, causa um prejuízo", diz Sardinha.

Um dos exemplos disso é o prejuízo em termos de custo e de performance, já que um processo de seleção mal feito coloca perfis que não condizem com a vaga e/ou a empresa, o que leva a um alto turnover — que é a taxa de rotatividade dos funcionários em uma empresa.

"O tempo de demitir, recontratar, treinar e aguardar a curva de aprendizagem do novo funcionário pode derrubar todo o resultado de uma área. Sem contar os custos de demissão e contratação”, descreve Adriana.

Conduta correta

De acordo com os especialistas, o recrutador no processo seletivo deve se colocar no lugar do candidato e saber o que dizer pra deixá-lo à vontade para ser ele mesmo. "Se for alguma avaliação negativa, é guardar e finalizar o processo. Fazer observações necessárias sem ficar criando constrangimentos", diz Sardinha.

Estratégias corretas de recrutamento, segundo Sardinha:

  • Começar criando um clima de conforto e de alívio de tensão para o candidato;
  • Fazer perguntas de maneiras objetivas, profissionais;
  • Não emitir julgamentos;
  • Incentivar o candidato a mostrar o que ele tem de melhor.

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