A Biomm inaugura nesta sexta-feira sua fábrica em Nova Lima (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte, que demandou investimentos de R$ 800 milhões. A unidade tem capacidade para produzir 20 milhões de unidades de carpules (seringas) — e, em breve, canetas — por ano.
Além disso, o complexo industrial tem capacidade para produzir 20 milhões de frascos de biomedicamentos, como a insulina humana recombinante. A capacidade da fábrica é suficiente para suprir mais de 80% da demanda nacional por insulina, de acordo com o CEO da Biomm, Heraldo Marchezini.
A Biomm recebeu R$ 203 milhões de crédito (Finep, BNDES E BDMG), além de R$ 133 milhões aportados via equity (BNDES e BDMG) para implantar a fábrica. A unidade de 12 mil metros quadrados de área construída deve gerar 300 empregos diretos e 1,2 mil indiretos.
A cerimônia de inauguração da planta industrial terá entre os convidados o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também devem participar as ministras Nísia Trindade (Saúde) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do presidente do Senado (Rodrigo Pacheco) e da primeira-dama (Janja Lula da Silva).
A inauguração marca a retomada da produção de insulina no país por uma empresa nacional depois de duas décadas e tem potencial para atender a 1,9 milhão de pacientes.
O Brasil é um dos países com maior incidência de diabetes no mundo, com 15,7 milhões de pacientes adultos, segundo o Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF).
Parcerias
Durante o evento, a Biomm assinará com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) um protocolo de intenções para desenvolver um programa de cooperação mútua, voltado para plataformas de produção de medicamentos para o tratamento de doenças metabólicas.
O objetivo é desenvolver projetos alinhados com políticas de fortalecimento do setor de saúde e de maior autonomia na produção de medicamentos para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Entre as prioridades estão o desenvolvimento e produção de insulinas e seus análogos, inteligência artificial para monitoramento da diabetes, desenvolvimento de testes para diagnóstico e tratamento de úlceras no pé diabético, desenvolvimento de dispositivos médicos e biomateriais.
Recentemente, a Biomm fechou uma parceria com a farmacêutica indiana Biocon para distribuir no Brasil um similar do medicamento Ozempic, da Novo Nordisk. O medicamento tem como princípio ativo a semaglutida, que pertence à classe de medicamentos análogos ao hormônio GLP-1, atuando atua na regulação da glicemia e do apetite.
A Novo Nordisk tem direito de exclusividade sobre semaglutida até expirar a patente do produto, em 17 de julho de 2026. A partir daí, outros fabricantes poderão produzir similares com o mesmo princípio ativo.
Os medicamentos da classe GLP-1 incluem a semaglutida e a liraglutida. No Brasil, o mercado desses medicamentos é estimado em R$ 4 bilhões pela IQVIA, sendo que a semaglutida movimenta R$ 3,1 bilhões por ano. Nos últimos dois anos, as vendas do medicamento cresceram 39% ao ano no país.
A nova planta industrial está adequada à produção da semaglutida futuramente. Em um primeiro momento, o medicamento será importado da Índia.