A Fluxus, braço de óleo e gás do grupo J&F, anunciou, nesta terça-feira (9), que investirá US$ 100 milhões (cerca de R$ 550 milhões) na Bolívia até 2028. O valor será aplicado na ampliação da produção em três campos recém-adquiridos pela empresa brasileira.
A estimativa é que a produção diária subirá de 100 mil metros cúbicos de gás para 1,1 milhão de metros cúbicos. Segundo o presidente da empresa, Ricardo Savini, além da aquisição e dos investimentos nos três campos atuais, a Fluxus também avalia investir em atividades de exploração de gás em novas áreas da Bolívia.
“Também seguimos prospectando investimentos na Argentina, no Peru e na Venezuela, sempre na direção de nos consolidarmos como uma plataforma sul-americana de óleo, gás e energia”, disse o executivo.
Atualmente, as empresas do conglomerado utilizam cerca de 15,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia para rodar o portfólio, se todas as usinas estiverem em capacidade máxima. Boa parte desse consumo vem das usinas do Amazonas e de Uruguaiana, que não se conectam com a Bolívia.
A produção na Bolívia visa também a deixar o grupo menos exposto às oscilações do preço internacional. Com relação aos investimentos na Bolívia, Savini ressalta que o gás natural do país vizinho é essencial para o abastecimento do mercado brasileiro, no qual o grupo J&F possui usinas movidas com o combustível.
A Fluxus foi comprada pelos irmãos Welsey e Joesley Batista no final de 2023. Em junho de 2024, empresa da J&F anunciou a compra do braço boliviano da Pluspetrol, petroleira independente privada que opera 412 mil barris de óleo equivalente por dia e possui três campos na bacia Tarija-Chaco.
As operações que receberão os novos investimentos da Fluxus abrangem três campos na bacia Tarija-Chaco: Tacobo, Tajibo e Yacuiba. “Com este passo, a Fluxus aproveita a reserva disponível e a posição estratégica da Bolívia para atender à demanda por gás na região, inclusive dos outros negócios do grupo J&F”, diz Savini.
O anúncio ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estão na Bolívia, com uma comitiva de representantes da indústria brasileira, para uma reunião com o governo da Bolívia para negociar a compra de gás natural diretamente dos bolivianos.
Na área de energia, o grupo possui a Âmbar, que tem uma capacidade instalada de 2,5 gigawatts (GW). A empresa opera unidades hidrelétricas, solares, de biomassa, carvão mineral e biogás, além de um conjunto de gasodutos.
A Âmbar é a quarta maior geradora de energia a gás natural no Brasil em termos de capacidade instalada e possui a termelétrica UTE Cuiabá, conectada às bacias de gás da Bolívia por gasoduto próprio, e a de Uruguaiana, ligada às reservas de gás da Argentina. Além disso, a térmica de Araucária está interligada às reservas de gás do Brasil e da Bolívia.