![Murashima, da FGV: captar a atenção do estudante valoriza sua experiência — Foto: Marcelo Freire/Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/te3BrnVZBz8yRvQYzgbBITfOXvA=/0x0:1500x1072/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/i/h/ofTHP6Sayybyu7UURbWg/103-mary-20murashima-fgv.jpg)
As ferramentas de apoio à educação corporativa ganham musculatura com tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA). Plataformas de gestão e aprendizado on-line, ferramentas adaptativas de aprendizagem, realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) concorrem para criar experiências personalizadas e produtivas.
“O uso de dados para personalização e eficácia do ensino se destaca”, diz Paula Simões, vice-presidente-executiva de conhecimento e aprendizagem da Fundação Dom Cabral (FDC). A FDC usa o E-Portfolio, sistema de autoavaliação do aluno produzido por estudantes, com suporte de ferramenta própria para integração com ambientes virtuais de aprendizagem (LMS), como Canvas e Toolzz. O laboratório de tecnologia TREE Lab se dedica a temporadas, como a de IA, em 2023/2024. Testes e provas de conceito estão inserindo a IA nos ambientes.
A Toolzz nasceu com um jogo para educação financeira. Hoje oferece LMS, que cria experiências interativas e apoia a monetização de cursos, com múltiplos formatos, transmissões ao vivo e recursos de gamificação. Assistentes de IA, plataforma de atendimento para usuários do ambiente virtual, chatbots para apoiar aprendizagem e integração entre os sistemas sem necessidade de programação são outros diferenciais, diz Nikolas Soares, um dos fundadores da Toolzz.
“Traduzir” para a educação as práticas incorporadas, de redes sociais a games, é uma das estratégias para envolvimento dos aprendizes. A IA colabora neste processo, facilitando a apresentação de “pedaços” de conteúdo em múltiplas versões e suportes.
![Simões, da FDC: uso de dados para personalização e eficácia do ensino — Foto: Homero Xavier/Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/Hj2MwO1nCK2HA5EIyZIYab7hhMQ=/0x0:1500x1071/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/0/F/U14qq4QWawJiz9sAxD5g/103-paula-simoes-fundacao-dom-cabral.jpg)
A Adobe usa a lógica das mídias sociais e de algoritmos de personalização, com soluções para automatizar a criação de conteúdos a partir de peças pequenas virtualmente indivisíveis, com metadados como assunto ou nível de profundidade. Elas darão origem a conteúdos em diferentes formatos, facilitando currículos adaptativos com base em contexto e desempenho individual. “O melhor mecanismo de reter a atenção é entregar conteúdos relevantes”, diz Pablo Pilon, head of products specialists & strategy Latam da Adobe.
“Captar a atenção do estudante significa valorizar sua experiência, por personalização ou por tornar a prática mais agradável”, afirma a diretora de gestão acadêmica da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mary Murashima. A FGV adotou a ferramenta FGV Go, que ajuda os estudantes a identificar conteúdos já conhecidos ou que geram mais dificuldade, por exemplo. Também lançou o MBA economia e gestão, personalizado, com disciplinas definidas em função da necessidade de cada aluno, em processo customizado de mentoria. A simulação de ambientes hospitalares por realidade virtual chega em breve aos MBAs em gestão de saúde.
RV e RA têm enorme potencial para, por exemplo, simulação de processos sem riscos, além de engajamento por formatos imersivos. Mas, por enquanto, estão restritas a nichos, avalia Bruno Pedroza, membro fundador da Associação Brasileira de X-Reality e chief executive engineer officer na produtora Broders.
Já o uso de IA está mais avançado. A Saint Paul criou em 2017 a plataforma digital de educação LIT, cujos algoritmos permitem personalizar a aprendizagem, diminuir a evasão e sugerir próximos cursos, exemplifica o CEO José Cláudio Securato. Ele defende a necessidade de viabilizar metodologias, formatos e investimentos, inclusive com micromomentos e microcertificações.
André Simões, gerente-geral da plataforma Learning Rocks e CTO do UOL EdTech, considera que análise de dados, prognóstico de necessidades e recomendação individual com inteligência artificial contribuem para enfocar programas prioritários baseados em estruturação de trilhas e jornadas para os diferentes públicos, premissa de programas de impacto.
A IA generativa já ajuda na personalização do ensino, com modelos de classificação dos conteúdos e recomendações de conhecimento, e na otimização de processos internos. A Learning Rocks oferece um sistema corporativo com ambiente virtual integrado à plataforma de experiência de aprendizagem; Sapiência 360, com treinamentos por assinatura; e soluções personalizadas.
A iSpring usou IA para facilitar a criação de conteúdo. A plataforma parte de “unidades” de conteúdo e as traduz para qualquer suporte. Cursos podem ser gerados a partir de arquivos em Power Point, Word ou PDF e um assistente de IA ajuda a elaborar perguntas para avaliação e aprimorar o design dos programas. A biblioteca de conteúdo tem mais de 89 mil modelos de cursos, personagens, locais, ícones e botões e a plataforma automatiza ações como agrupar usuários e atribuir tarefas, conta a gerente de marketing digital & comunicação da iSpring Brasil, Simone Gutterres.
Relatório da Distrito sobre edtechs na América Latina destaca entre tendências 2023-2024 as tecnologias que promovem o microlearning, ferramentas de gamificação e RA/RV, além da IA, diz o gerente de pesquisa, Victor Harano. Maxia, Templo e Begen surgiram neste nicho.
A Maxia desenvolveu uma plataforma para extrair dados de textos e áudios para identificar falhas de aprendizagem do usuário e indicar trilhas preditivas, por enquanto em uso nos ensinos fundamental e médio. “O ambiente corporativo está nos planos”, diz o diretor Felipe Menezes.
O Templo Educação constituiu uma fábrica de conteúdo sintético para usar IA de ponta a ponta – do roteiro a imagens, áudio e quizzes. “Professores se concentram em interações de alto valor”, diz Herman Bessler, CEO do Templo Educação e do grupo Templo, que no ano passado criou com a Unicamp o centro de inteligência artificial aplicada e, em abril, recebeu R$ 2 milhões de investidores-anjo.
A Begen, por sua vez, criou ferramenta com códigos semiprontos para facilitar a implementação de IA generativa sem necessidade de conhecimentos técnicos. Uma das áreas em foco é a educação, por enquanto só básica, em parceria com a Escola 24 Horas.