A solução de privacidade Starlight, desenvolvida pela EY, deve começar esta semana a ser testada pelos participantes do Drex, a iniciativa de tokenização do real promovida pelo Banco Central.
A solução já foi analisada pela equipe técnica do BC para a transferência de depósitos tokenizados na ferramenta chamada de “escrow shield”, e a partir de agora, o foco será o teste da entrega versus pagamento (DvP) para tokens de títulos públicos, o “SwapEscrow”.
Thamilla Talarico, sócia líder da área de blockchain e cripto da EY, diz que alguns participantes tinham testado a transferência de maneira privada, mas de uma maneira que não era tão amigável em termos de experiência. “Agora criamos uma interface para o usuário que permite trabalhar sem ser só no código”, explica.
Na Starlight, ao contrário de outras ferramentas que estão sendo testadas no Drex como a Rayls, da Parfin, não são construídas outras redes com privacidade a partir da plataforma principal (transparente). No protocolo da EY, o sigilo é construído nos próprios contratos inteligentes. “A privacidade, nesse caso, vem de técnicas criptográficas em smart contracts. A Starlight é uma ferramenta que gera aplicações com privacidade, são os chamados zapps (apps com zero knowledge)”, comenta. Na prática, o contrato inteligente entraria na Starlight aberto e a ferramenta colocaria uma capa de privacidade nele.
Um dos grandes desafios das transações com sigilo em redes de registro distribuído é mantê-las minimamente escaláveis, embora a escalabilidade ainda não esteja sendo formalmente testada pelo BC. Um dos riscos citados pelos especialistas em tecnologia é que, ao passar por uma camada de privacidade, as transações fiquem mais lentas e a blockchain não seja capaz de dar conta da demanda. Jeff Prestes, especialista em blockchain da EY, explica que cada transação demorará 10 segundos para geração de provas em um servidor básico, mas que esse prazo pode ser reduzido dependendo do poder computacional utilizado.
“Tentamos fazer de um jeito mais leve, mas os bancos têm acesso a servidores muito maiores. Não colocamos ainda no mais alto nível, porque ainda é um teste”, destaca Prestes.
Thamilla ressalta ainda que o objetivo é permitir que a Starlight seja uma ferramenta que vá além do Drex, tornando-se acessível, no futuro, a quem está fora do piloto. “Temos que seguir a ordem do BC para depois colocar no nosso GitHub. É uma solução de código aberto, que roda em outras redes também, não só na Hyperledger Besu [rede de registro distribuído na qual o Drex está sendo testado]. A nossa privacidade é no nível do contrato inteligente, e não da rede.”
Depois que acabarem os testes com a Starlight começarão as rodadas com a Rayls e, provavelmente, com a ZKP Nova, da Microsoft, uma solução que apareceu no radar do BC posteriormente.