Os investidores estrangeiros realizaram saques líquidos de R$ 3,08 bilhões no mercado secundário (ações já em circulação) da bolsa brasileira na quarta-feira, 12 de junho, dia marcado pelos ruídos envolvendo enfraquecimento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por falas consideradas pró-gasto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela decisão de juros do Federal Reserve (Fed). As informações foram divulgadas hoje pela B3.
A retirada volumosa de recursos pelos não residentes deu continuidade à tendência que já vem desde o início do ano, por uma soma de fatores que vão das expectativas de política monetária mais conservadora nos Estados Unidos à incerteza política e fiscal no Brasil. Na quarta-feira, o Ibovespa encerrou a sessão em queda de 1,40% e ficou abaixo dos 120 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2023.
Até o dia 12, os estrangeiros acumularam saldo negativo de R$ 7,23 bilhões na B3 em junho e de R$ 43,12 bilhões em 2024.
Em relatório, o banco americano J.P. Morgan afirmou que a mudança recente nas metas fiscais do Brasil e a divisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na reunião de maio não foram bem recebidas por investidores. Para a instituição, pode haver uma mudança no sentimento do mercado caso o governo passe a buscar reduções de gastos.
“Mas há uma escassez de recursos para mercados emergentes em geral na ausência de juros mais baixos nos Estados Unidos”, afirma a nota, assinada pela estrategista em estratégia de renda variável para Brasil e América Latina do banco, Emy Shayo Cherman. Para ela, há poucos gatilhos possíveis para a volta do fluxo no curto prazo.
O investidor institucional local, por sua vez, aportou R$ 1,23 bilhão na quarta-feira, levando o superávit mensal a R$ 3,16 bilhões e o saldo positivo no ano a R$ 6,29 bilhões. Já o investidor individual aportou R$ 600,3 milhões na quarta-feira; com isso, o superávit da categoria no mês é de R$ 2,26 bilhões e no ano, de R$ 21,46 bilhões.