Os rendimentos dos Treasuries e o dólar ganharam força no fim da manhã, enquanto agentes analisam o testemunho de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), ao Comitê Bancário do Senado americano, e calibram suas apostas para a política monetária americana. O leilão de US$ 58 bilhões em T-notes de 3 anos, às 14h, também está no radar.
Por volta das 13h, a taxa da T-note de dois anos subia de 4,641% para 4,654%, o rendimento da T-note de 10 anos avançava a 4,320%, de 4,284%, e o yield da T-bond de 30 anos avançava de 4,467% para 4,509%. O DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de moedas desenvolvidas, tinha avanço de 0,15%, aos 115,16 pontos. As bolsas de NY, por sua vez, têm oscilações contidas: o S&P 500 subia 0,21%, aos 5.584 pontos, Dow Jones tinha queda de 0,09%, aos 39.311 pontos e Nasdaq tem alta de 0,28%, aos 18.454 pontos
A tendência dos negócios foi construída após agentes terem acesso ao discurso de Powell. Ele afirmou que, embora as condições atuais ainda não permitam o início de um ciclo de corte de juros nos Estados Unidos, principalmente por conta da aceleração da inflação durante o primeiro trimestre, os últimos dados de inflação mostraram um progresso modesto em direção à meta de 2%.
Em relação ao mercado de trabalho, destacou que as condições retornaram aos níveis do começo da pandemia de covid-19, enquanto a atividade econômica segue em expansão “sólida”. Dado o progresso dos preços e a moderação do mercado de trabalho, a inflação elevada “não é o único risco” que o Fed enfrenta no momento, disse Powell. “Nossa orientação restritiva de política monetária está ajudando a equilibrar melhor as condições de demanda e oferta e a pressionar a inflação para baixo.”
Powell avaliou ainda que afrouxar as condições monetárias “muito pouco ou tarde demais” pode enfraquecer indevidamente a atividade econômica e o emprego. Por outro lado, reduzir os juros muito cedo ou em demasia pode reverter ou estagnar o progresso da inflação até a meta, disse Powell. Para o presidente do Fed, os riscos para o cumprimento das metas de inflação e pleno emprego estão mais equilibrados.
Economistas da Pantheon opinam que o presidente do Fed continua relutante em sinalizar o início da flexibilização monetária com bastante antecedência, muito por conta da 'explosão' da inflação no primeiro trimestre. "Mas lendo nas entrelinhas pensamos que o seu cenário base é uma flexibilização em setembro", escrevem os executivos liderados por Ian Shepherdson.
"O simpósio de Jackson Hole, que será realizado entre 22 e 24 de agosto, oferece uma oportunidade ideal para ele dar o aviso habitual sobre uma mudança política iminente. Mais um dado de emprego e duas leituras do CPI estarão disponíveis até lá, e esperamos números mais suaves. Em última análise, continuamos a esperar uma flexibilização de 25 pontos-base em setembro e depois de 50 pontos-base nas reuniões de novembro e dezembro, assumindo que os dados sobre o emprego e a inflação enfraquecem acentuadamente."
Por ora, investidores que esperavam um tom mais 'dovish' de Powell diminuem marginalmente as apostas de redução dos Fed Funds já em setembro. Segundo dados da CME, a probabilidade do ciclo começar em setembro caiu de 71% ontem para 70% hoje. A chance de manutenção subiu de 24,4% para 26,7%.