A Opy Health está entrando no mercado de hospitais privados. Até então, sua atuação estava limitada à área pública e agora está em negociações para a compra e locação de imóveis de hospitais (“sales and leaseback”), cujo contrato prevê ainda aquisição dos equipamentos médicos do estabelecimento de saúde - a primeira dessas operações deve ser anunciada até agosto.
A estratégia de expansão da Opy, capitalizada após a entrada de um fundo do BTG, que se tornou um dos principais acionistas, também prevê aquisição de hospitais de médio porte. Na nova estrutura de capital, a IG4 segue como investidora e gestora do negócio.
“Esses projetos já estavam no nosso radar desde quando a empresa surgiu em 2019. Agora, com uma melhor estrutura de capital estamos intensificando essa frente, mas não deixamos de lado as PPP [parcerias público privada] e licitações”, disse Rogério Caldas, novo CEO da Opy que, anteriormente, era o diretor financeiro da companhia. Questionado sobre o montante disponível para as aquisições, o executivo disse que é “grandeza de bilhão”, sem revelar o valor exato.
Em 2023, a empresa teve receita líquida de R$ 360 milhões e um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 180 milhões.
Nas aquisições de hospitais, o CEO explica terá um parceiro para a gestão médica, uma vez que seu foco é a administração da infraestrutura. A preferência é por ativos com mais de 200 leitos. No Brasil, a maior parte dos hospitais tem menos de 50 unidades de internação, mas para ser rentável é preciso ter de 100 a 150 leitos. Hoje, a empresa administra 1.458 leitos de quatro hospitais públicos.
A Opy também está negociando parcerias com grupos hospitalares para entrar como investidora. Os recursos podem ser destinados, por exemplo, à construção de uma nova unidade, compra de equipamentos, entre outras iniciativas Um dos parceiros deve ser o Hospital Albert Einstein que tem projetos de expansão em andamento. O Einstein já trabalha em conjunto com a Opy Health na área pública.
A estratégia é aproveitar o atual cenário da saúde com muitos hospitais privados pressionados pelas operadoras para alongamento de prazos de recebimento e dificuldades no capital de giro. Com a venda dos imóveis e equipamentos, os fundadores ficam mais capitalizados e podem se dedicar exclusivamente à atividade médica. “Nosso diferencial é que também fazemos gestão hospitalar, serviços administrativos, de logística. O médico pode realmente se dedicar apenas às demandas assistenciais”, disse.
Há outros grupos também atuando nessa seara. A gestora de investimentos HSI, de Max Lima, fez uma ‘joint venture’ com Enrico DeVettori, ex- UnitedHealth Group (UHG), para oferecer diferentes serviços na área da saúde como compra de imóveis hospitalares. A Bradesco Seguros está investindo na construção de hospitais junto com grupos de saúde que, por sua vez, assumem a área médica.
Na área pública, a Opy acaba de assumir a gestão administrativa do Hospital Estadual de Urgência de Goiás (Hugo), num contrato de R$ 60 milhões, por ano, com validade até 2029. O Albert Einstein é o responsável pelo atendimento médico. Há cerca de dois anos, a Opy e Einstein administram o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), cujo contrato acaba de ser renovado.
A Opy tem dois contratos de PPP, de 20 anos, com os hospitais Metropolitano Dr. Célio de Castro, em Belo Horizonte, e Delphina Aziz, em Manaus, cujas concessões foram adquiridas da Andrade Gutierrez e Abengoa, respectivamente, em 2020. Na época, a empresa espanhola estava em recuperação judicial o que elevou o custo do fundo que investiu inicialmente na Opy Health. O segundo fundo, criado no segundo semestre de 2023, tem um custo menor. "O novo fundo exclusivo controlado pela IG4 capital tem características mais compatíveis com novos projetos, permitindo acelerar os investimentos em expansão", disse o CEO da Opy.