Envelhecer exige um amplo preparo

O colunista Renato Bernhoeft escreve sobre a importância de existirem iniciativas voltadas às pessoas idosas


O aumento dos índices de longevidade, paralelamente à diminuição dos índices de natalidade, já não representa nenhuma surpresa ou novidade nos dias atuais. Imaginar que os filhos vão cuidar dos pais no seu envelhecimento está sendo cada dia mais uma ilusão.

Vale lembrar que o preparo para o envelhecimento envolve não apenas o tema financeiro. Questões de caráter emocional, saúde física, mental, encontrar novos propósitos para continuar vivendo com qualidade, relações familiares, entre outros, nem sempre são levados em consideração.

O envelhecimento ganha importância para quem está na meia-idade e ainda dispõe de tempo e instrumentos para se preparar para quando o envelhecimento chegar. O grave, no entanto, é que a geração que hoje tem 60+ chega a esse momento de vida sem nenhum preparo, visto que o tema não fazia parte das suas preocupações no passado.

O máximo que muitos dos idosos atuais levavam em consideração, como prioridade, era a cobertura que a previdência social viesse representar para sua aposentadoria. Mas até esta questão vem se tornando, cada dia, mais séria e preocupante.

Os últimos números divulgados em relação ao tema mostram que, no Brasil, o índice de contribuintes ativos em relação aos aposentados está se tornando um assunto grave. Atualmente, este índice é de três contribuintes para cada aposentado, uma perspectiva nada tranquilizadora.

Iniciativas para a população 60+ são lentas e nem sempre acessíveis para boa parte da população, alerta colunista — Foto: Pexels

Nos países em que esse tema já vem sendo tratado com maior antecedência – especialmente na Europa e na Ásia – o índice é de seis contribuintes por aposentado. Portanto, quem não criar uma reserva financeira poderá ter muitas dificuldades ou perderá o padrão de vida.

Por outro lado, no campo da saúde, a evolução das especialidades destinadas às pessoas idosas – a geriatria como exemplo – estão se desenvolvendo lentamente. Além disso, os planos de saúde estão ficando cada vez mais caros e restritos, tanto no atendimento aos seus clientes como na relação com hospitais e instituições de acolhimento a pessoas idosas.

As políticas públicas costumam andar a reboque da velocidade do envelhecimento da população, e o mercado, de maneira geral, tem sido apenas reativo na oferta de produtos e serviços para este público.

Entretanto, algumas ações já podem ser observadas, como a criação de casas de repouso, preparo de cuidadores, academias de preparo físico, turismo com foco específico em pessoas idosas e instituições de cultura geral. No entanto, essas são iniciativas lentas e nem sempre acessíveis para boa parte da população.

Em paralelo a todas estas ações também tem crescido o preconceito contra os idosos - o que recentemente ganhou visibilidade com a expressão "etarismo".

No mundo corporativo, algumas ações muito localizadas têm procurado estabelecer programas de integração que consideram a diversidade geracional. Isso pode representar um dos caminhos que deve merecer mais atenção e se ampliar, paralelamente, à consciência e a necessidade que o próprio mercado apresenta para as corporações.

Aqui estão apenas algumas provocações para que cada um busque desenvolver um projeto de vida para esta nova etapa da sua existência. Especialmente porque já está previsto que viveremos mais tempo do que havíamos admitido em nosso passado

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