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Por , Em Associated Press — Caracas


Entre um mar de bandeiras venezuelanas, milhares de opositores saíram no sábado (3) às ruas da capital Caracas para exigir o respeito ao seu voto, elevando as tensões que imperam no país sul-americano após as controversas eleições presidenciais nas quais Nicolás Maduro e seus adversários se proclamaram vencedores.

Por volta do meio-dia, a líder opositora María Corina Machado chegou à enorme concentração montada em uma caminhonete e foi recebida com o canto do hino nacional. Corina reapareceu em público dias depois de anunciar que iria se afastar por temor das fortes acusações que recebeu do presidente venezuelano.

Diante da multidão, ela afirmou que "fomos superando todas as barreiras. Todas derrubamos", enquanto os manifestantes a aclamavam entre aplausos e gritos de "liberdade!" e "até o fim".

O governo também convocou seus seguidores a realizar no mesmo dia a "mãe de todas as marchas" na capital venezuelana para festejar a reeleição de Maduro para um terceiro mandato. Nos últimos dias, o presidente endureceu os ataques contra a oposição, em particular contra Corina e o candidato opositor Edmundo González, aos quais responsabilizou pelos protestos no início da semana em Caracas e várias cidades do interior, deixando 11 mortos e mais de 1.200 detidos, segundo organizações não governamentais.

Os protestos estouraram depois que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo governo, proclamou Maduro vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho, o que a oposição não reconheceu e gerou duras críticas da comunidade internacional pela falta de transparência na divulgação dos resultados. Em resposta a essas ações, o governo convocou mobilizações diárias na capital desde a última terça-feira para mostrar sua força.

Mais cedo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez um apelo para que as manifestações ocorressem em paz e para a "reconciliação e justiça" do país. "Que cada venezuelano e venezuelana que se expresse hoje nas ruas encontre apenas um eco de paz, uma paz que reflita o espírito de convivência democrática", indicou.

O pedido do organismo ocorreu dias depois de não conseguir chegar a um consenso na região para pressionar as autoridades venezuelanas a publicar "imediatamente" e verificar os resultados das eleições que dão a vitória a Maduro.

A oposição divulgou na sexta-feira cerca de 80% das atas das mesas de votação que asseguram favorecer seu candidato González.

Após uma análise realizada pela The Associated Press de quase 24 mil imagens de atas eleitorais, as quais representam os resultados de 79% das máquinas de votação, verificou-se que González recebeu 6,89 milhões de votos, quase meio milhão a mais do que o organismo eleitoral diz que Maduro obteve.

Em contrapartida, os resultados atualizados publicados na sexta-feira pelo CNE referem que, com base na contagem de 96,87% das atas, Maduro tinha 6,4 milhões de votos e González 5,3 milhões.

O evento da oposição no sábado gerou grande expectativa pela possível aparição pública de Corina, que se tornou a principal cabo eleitoral da candidatura de González depois de ser inabilitada por 15 anos para ocupar cargos públicos.

A líder opositora disse em um artigo de opinião publicado na quinta-feira no jornal americano The Wall Street Journal que estava sob proteção por medo. Machado e González apareceram em público pela última vez na terça-feira passada.

Desde cedo, milhares de manifestantes foram se aglomerando na avenida Las Mercedes, em um bairro de classe média do leste de Caracas, para participar da concentração convocada pela oposição em apoio ao seu candidato González.

Após várias horas, Machado chegou montada em uma caminhonete que, em um de seus lados, exibia uma faixa que dizia "Venezuela venceu". À sua passagem entre a multidão, os sons das cornetas tornaram-se mais intensos enquanto alguns gritavam "vai cair, vai cair, este governo vai cair!". Ela não foi vista acompanhada desta vez pelo candidato González, um diplomata aposentado de 74 anos.

"Jamais contaram com nossa organização", disse a dirigente, assegurando que a "plataforma de aço" de milhares de testemunhas nas mesas de votação permitiu ter as atas de escrutínio que, segundo a oposição, dão a vitória a González. "Nunca o regime esteve tão fraco."

No meio da multidão caminhava Carmen Elena García, uma humilde comerciante de 57 anos, que afirmou ter decidido sair para marchar "porque não concordamos que nos roubem os votos... vou lutar até o fim. Eles têm que respeitar nossos votos".

Referindo-se à concentração opositora, Maduro denunciou na véspera a existência de supostos grupos que estariam preparando para sábado uma "nova emboscada" em um bairro do leste da capital com granadas e outras armas, e ordenou às forças de segurança estarem alertas.

A escalada da crise venezuelana gerou preocupação na comunidade internacional, que intensificou os esforços para alcançar uma saída negociada. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, informou na sexta-feira que concordou com Brasil e Colômbia para que seus respectivos chanceleres se mantenham em "comunicação permanente" sobre a situação na Venezuela.

Até o momento, pelo menos sete países do continente americano, incluindo Estados Unidos, Peru, Equador, Costa Rica, Argentina, Uruguai e Panamá, reconheceram González como vencedor nas eleições presidenciais venezuelanas.

No sábado, o chanceler chileno Alberto van Klaveren afirmou que qualquer proclamação de resultados na Venezuela para um lado ou outro "é prematura" porque, indicou, não houve um processo de verificação, mas que o Chile respeita a figura de González e considera que "é provável que ele tenha vencido a eleição".

María Corina Machado participa de manifestação da oposição venezuelana em Caracas neste sábado (3) — Foto: Foto AP/Matías Delacroix
María Corina Machado participa de manifestação da oposição venezuelana em Caracas neste sábado (3) — Foto: Foto AP/Matías Delacroix
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