O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rechaçou, nesta quarta-feira, a possibilidade de o governo propor a desvinculação do Benefício de Prestação Continua (BPC), programa voltado para idosos e pessoas com deficiência, do salário mínimo.
"Não é [possível desvincular BPC e salário mínimo] porque não considero gasto. Salário mínimo é o mínimo que uma pessoa precisa para sobreviver. Se acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado eu não vou para o céu", afirmou o presidente durante entrevista ao portal Uol.
O assunto tem gerado polêmica porque, recentemente, o governo admitiu que estudava propor a alteração das regras orçamentárias para saúde e educação de forma a aproximar o crescimento dessas despesas à lógica do arcabouço fiscal, que limita o conjunto dos gastos federais a uma alta real de até 2,5% ao ano.
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Lula descarta desvincular BPC do salário mínimo
Após repercussão negativa em torno da proposta, no entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que esse é apenas um dos “vários cenários discutidos” pelo governo. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, foi na mesma direção e disse, na ocasião, que a revisão dos pisos não é prioridade da equipe econômica.
Sobre isso, Lula reiterou que, num momento de queda na arrecadação, o governo não pode "penalizar" justamente os que recebem menos e dependem da valorização do mínimo. "Garanto que não mexeremos no salário mínimo. O crescimento do PIB é exatamente para isso, pra distribuir entre os brasileiros. E eu não posso penalizar as pessoas que ganham menos. O dado é o seguinte: diminuiu muito a arrecadação no Brasil", disse.
O presidente afirmou, por outro lado, que seu governo está ciente de que "não pode gastar mais" do que se arrecada e, por isso, defendeu que o Estado tem que induzir setores da economia como forma de promover um aquecimento do mercado interno, o que geraria mais arrecadação.
Como exemplo disso, Lula citou a indústria automobilística. "Caiu o poder aquisitivo do povo e o povo parou de comprar [automóvel]. Tivemos recorde de venda de carros no mês de maio, depois que anunciaram investimento [no setor]. Isso é uma demonstração que precisamos [incentivar setor automobilístico]", explicou.
Por fim, Lula defendeu conceder incentivos fiscais quando for necessário, mas não explicou se isso inclui também as montadoras. “Por que a gente não dá incentivo? Por que não voltamos a fazer carro popular para o povo comprar? Agora não é necessário [baixar IPI de automóveis], é necessário aumentar a produção. A verdade é que se o PIB não crescer você não tem o que distribuir. Por isso é importante apostar no crescimento do PIB. Qualquer crescimento, por mais insignificante que seja, tem que ser distribuído”, concluiu.
![Lula — Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil](https://s2-valor.glbimg.com/erW0G0gH-9s11u3ouKedq9xP-vw=/0x0:1024x768/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/E/K/jLyAV4TmqzK2LF2i1fVw/20240619155508-d6a2912-1.webp)