Política
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE
Por e , Valor — São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), oficializou neste sábado (3) sua candidatura à reeleição em um evento de caráter bolsonarista marcado por menções a Deus e à defesa da família, com críticas à “ameaça” da esquerda. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) tiveram destaque na convenção municipal do MDB, ao lado do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ao lado de bolsonaristas, Nunes comparou a aliança construída com 12 partidos à frente ampla que defendeu as Diretas Já, contra a ditadura militar e pela redemocratização do país.

O clima da convenção foi semelhante ao de eventos organizados por bolsonaristas, com bandeiras do Brasil e de Israel, ataques à esquerda e discursos com um tom religioso. Até o locutor era ligado a Bolsonaro, atuando nos eventos de sua campanha em 2022. Logo no começo da convenção, ele comparou também os 12 partidos “às 12 tribos de Judá”, outro aspecto religioso presente nos eventos da extrema-direita. Em propagandas espalhadas pelo estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo, onde foi realizada a convenção, estavam frases afirmando que Nunes é "cristão e respeita a fé". Participantes vestiam camisetas estampadas com o rosto de Bolsonaro, Tarcísio e Nunes.

Camiseta usada por participantes da convenção que oficializou a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB) — Foto: Cristiane Agostine/ Valor
Camiseta usada por participantes da convenção que oficializou a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB) — Foto: Cristiane Agostine/ Valor

Responsável pela escolha de Ricardo Mello Araújo (PL), vice na chapa, o ex-presidente Bolsonaro defendeu a reeleição do prefeito. “Ricardo Nunes é o nosso nome aqui em São Paulo”, disse. Bolsonaro usou boa parte do discurso para elogiar Mello Araújo, que comandou a Ceagesp durante sua gestão na Presidência. No restante do tempo, resgatou o tom dos discursos que marcaram suas disputas pela Presidência da República em 2018 e 2022 sobre os supostos riscos de um governo de esquerda.

Em crítica ao candidato do Psol, Guilherme Boulos, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro classificou o postulante como “invasor”. “Não podemos deixar que assuma alguém que nunca trabalhou na vida, que invadia propriedade alheia, para liberar a maconha, o aborto, perverter as crianças com ideologia de gênero”, disse o ex-presidente. “Nosso maior patrimônio é a família”, afirmou. Bolsonaro citou ainda a renegociação da dívida da cidade com a União, durante sua gestão, que liberou recursos para investimentos na capital.

Ex-presidente Jair Bolsonaro chega para ato que oficializou a candidatura de Ricardo Nunes à Prefeitura de São Paulo — Foto: Cristiane Agostine/Valor
Ex-presidente Jair Bolsonaro chega para ato que oficializou a candidatura de Ricardo Nunes à Prefeitura de São Paulo — Foto: Cristiane Agostine/Valor

Michelle Bolsonaro não discursou nem fez a oração que estava prevista por parte da organização do evento. O ex-presidente Michel Temer (MDB), que chegou na convenção após a fala de Bolsonaro, e Mello Araújo também não discursaram.

Cabo eleitoral de Nunes, o governador Tarcísio de Freitas destacou as ações em conjunto das duas gestões, municipal e estadual, na construção de habitações na cidade, em contraponto à atuação de Boulos, ex-coordenador nacional do movimento dos sem-teto (MTST), na luta pela moradia.

“Ricardo tem o maior programa habitacional de São Paulo e esse programa tem que ser continuado”, disse. O governador destacou os 12 partidos da coligação de Nunes e afirmou que uma eventual vitória de Nunes será “a mais importante da história de São Paulo”. “Que Deus abençoe São Paulo”.

Nunes colou sua imagem à de Bolsonaro e associou os principais feitos de sua gestão ao ex-presidente, depois de agradecer pela renegociação da dívida da cidade com a União. Além de citar a família, levada ao palco, ele louvou os políticos (dois ex-presidentes, o governador do Estado) ao seu lado. “Esse é o momento mais importante da minha vida política”, disse.

Houve também momento para homenagear o ex-prefeito Bruno Covas (1980-2021), de quem Nunes era vice. Tomás Covas, filho de Bruno, subiu no palco no final do evento para agradecer a lealdade de Nunes.

O prefeito também endureceu o discurso ao fazer referência ao seu principal adversário, Boulos, explorando algo que promete se tornar corriqueiro na campanha. “Não vamos permitir que um invasor, um depredador, apoiador da ditadura na Venezuela, invada e tome a maior prefeitura da América Latina”, afirmou. Ao escolher o nome "Caminho seguro para São Paulo" para sua coligação, Nunes tenta reforçar a ideia de que Boulos é uma "ameaça" e que sua eventual reeleição "salvaria" a cidade da suposta ameaça da esquerda. A capital já teve três prefeitos eleitos pelo PT: Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad.

Aproveitando o evento para fazer imagens para a campanha no rádio e TV, que começa no fim do mês, o prefeito levou ao palco famílias beneficiadas em programas habitacionais e de apoio para pessoais em situação de rua. Nunes foi descrito ali como um “anjo enviado por Deus”.

O prefeito procurou se mostrar como uma pessoa que veio da periferia e que entende os problemas enfrentados pelos mais pobres. No discurso, disse que a “quebrada venceu”.

No palanque, estavam também os presidentes e partidos da coligação, como Gilberto Kassab (PSD), Paulinho da Força (Solidariedade) e Valdemar Costa Neto (PL); o senador bolsonarista Marcos Pontes (PL) e o ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten.

Convenção do MDB oficializa candidatura de Ricardo Nunes com a presença de Bolsonaro e Tarcísio em SP — Foto: Cristiane Agostine/ Valor
Convenção do MDB oficializa candidatura de Ricardo Nunes com a presença de Bolsonaro e Tarcísio em SP — Foto: Cristiane Agostine/ Valor
Mais recente Próxima Lula diz que transição energética vai mudar 'a cara' do Nordeste

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Ao impor limites claros para o uso da ação popular contra decisões do Carf, o STJ reafirma os princípios que devem guiar a administração pública em todas as suas ações

Conselheiros entenderam que rendimentos com reserva técnica não devem entrar na base de cálculo das contribuições

Seguradora vence no Carf disputa sobre PIS e Cofins

Para Benjamin Mandel, da Jubarte, fundamentos brasileiros pioraram de abril para cá, levando a casa a reduzir exposição a riscos locais

Política monetária é ‘passageira’ nos EUA e ‘motorista’ no Brasil, diz ex-Fed

Ferramenta é utilizada por seguradoras e entidades de previdência para calcular as reservas necessárias para garantir os benefícios futuros; entenda o impacto

Descompasso entre emissões e fluxo neste ano fez prêmio de dívida diminuir

Fundos de crédito driblam taxa apertada

Apenas 7% apontam a emissão de moedas digitais como atividade preferida

Até julho, R$ 241, 6 bi entraram em carteiras com alguma exposição a dívida, sendo R$ 159 bi com fatia superior a 50%

Fluxo gigante para fundos com crédito acende alerta

Confira os lançamentos do mês

Estante: 6 livros sobre carreira e gestão