Agronegócio
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Colheita de maçã em SC; só 2,7% das frutas brasileiras, que são rastreadas, vão para o exterior — Foto: Ricardo Trida/Secom
Colheita de maçã em SC; só 2,7% das frutas brasileiras, que são rastreadas, vão para o exterior — Foto: Ricardo Trida/Secom

A União Europeia é o destino de apenas 3% da exportação de carne brasileira, mas suas decisões atravessam fronteiras e influenciam outros mercados internacionais. Por conta de uma nova lei do bloco econômico que passará a valer no final do ano, que impede a importação de produtos produzidos em áreas de floresta desmatada a partir de dezembro de 2020, o Ministério da Agricultura e Pecuária está avaliando propostas para tornar obrigatória a tecnologia da rastreabilidade para o gado bovino.

Para especialistas, será um passo revolucionário para o setor, já iniciado por outros como o da soja e o das frutas e vegetais - fora o rastreamento por satélite de máquinas e equipamentos agrícolas, que melhoram a gestão e a produção em uma fazenda. “A rastreabilidade individual emerge como peça central no controle sanitário e socioambiental do setor pecuário”, afirma ao João Schimansky Netto, presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável. Em março, a Mesa e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, junto com outras entidades do setor, entregaram ao ministério uma proposta de Política Nacional de Rastreabilidade Individual Obrigatória.

A entidade sugere tornar compulsória, a partir de 2026, a utilização por cada animal de uma etiqueta de identificação única (geralmente um brinco) que vai carregar sua “biografia” e todas as localidades que percorreu durante a cadeia da carne e do couro, desde o nascimento ao abate. E isso para 100% do rebanho brasileiro. Esse CPF digital, no entanto, ainda tem uma estrada a percorrer: o ministério afirma que a proposta encontra-se em análise, junto com outras iniciativas, sem data prevista para conclusão. Também esbarra no custo para um setor que queixa-se de margens apertadas - e das 2,5 milhões de propriedades rurais brasileiras dedicadas à pecuária, 70% são de pequeno porte, que poderão ter mais dificuldades para os investimentos necessários.

Mas a indústria tem sua própria velocidade e termos tecnológicos antes só usados no mundo das criptomoedas, como blockchain, que é um mecanismo de banco de dados avançado, já estão fazendo parte desse novo sotaque agrícola. As brasileiras líderes de produção mundiais de carne bovina, Marfrig e JBS, já têm investimentos grandes em rastreabilidade individual.

A primeira explica que tem um sistema via satélite que monitora 100% de seus fornecedores diretos, fora os indiretos. “Até o fim de 2025, a companhia terá toda a sua cadeia produtiva rastreada, desde a origem até o abate, em todos os biomas brasileiros”, diz Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade e comunicação da Marfrig. Já a segunda conta que investirá R$ 43,3 milhões até o fim de 2026 em várias iniciativas. “Será um apoio às melhores práticas socioambientais, principalmente para pequenos produtores, com acesso a identificadores eletrônicos para os animais, objetivando garantir a rastreabilidade do bezerro até o processamento”, afirma Liège Correia, diretora de sustentabilidade da JBS Brasil.

Empresas como a Spacevis oferecem uma camada a mais de monitoramento para quem busca um sistema mais avançado, a partir de um brinco com geolocalização via GPS que monitora cad animal em tempo real. A informação vai para um banco de dados que usa blockchain, que não pode ser fraudado, diz o CEO Guilherme Canavese. “É uma novidade tecnológica que permite que o ativo seja auditável, que os bancos poderão começar a aceitar do produtor para conceder crédito agrário”, afirma.

A companhia tem cronograma de entregas de 50 mil brincos para os próximos meses e espera fechar 2024 com 300 mil equipamentos vendidos. Os clientes são desde os de pequeno porte, com 200 animais, a grandes pecuaristas com mais de 5 mil cabeças. “Temos como meta que a tecnologia custe ao produtor entre R$ 10 e 12 por mês por animal, incluindo investimento com hardware e software”, afirma Canavese.

A cadeia da soja, principal produto exportado pelo país - US$ 67,3 bilhões em 2023, considerando grãos, farelo e óleo - iniciou o rastreamento há quase duas décadas, a partir da moratória lançada em 2006 pelas associações brasileiras das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e dos Exportadores de Cereais (Anec). O pacto visa eliminar o desflorestamento na produção de soja na Amazônia e vem sendo bem aceito pelo mercado internacional. Ainda assim, a Bunge, maior exportadora do grão no Brasil, está desenvolvendo uma solução blockchain para a rastreabilidade. “Mais de 97% do volume de soja adquirido pela Bunge é livre de desmatamento e conversão verificados, o que nos aproxima de nossa meta de desmatamento zero em 2025”, diz a empresa.

Já a rastreabilidade de produtos vegetais frescos teve uma instrução normativa conjunta entre o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2018 no intuito de verificar resíduos de defensivos ou de outros contaminantes em alimentos. São poucas as frutas, como algumas marcas de melão, porém, que têm selo com QR Code disponível para o consumidor, em função do grande número de pequenos produtores.

“Produzimos mais de 42 milhões de toneladas de frutas por ano e exportamos apenas 2,7% dessa produção. Hortaliças é irrisório: 0,2%. Queremos aumentar isso e os critérios de exportação e rastreamento incrementaram a qualidade dos produtos, inclusive internamente", diz Letícia Barony, assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A União Europeia, cujas restrições começam a valer no fim do ano, por exemplo, comprou apenas US$ 5,75 milhões em maçãs em 2023, menos de 20% do total exportado no período. Considerando todas as variedades, o Brasil exportou 1,1 milhão de toneladas de frutas em 2023, que juntar geraram um faturamento de US$ 1,34 bilhão.

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