Brasil-Arábia Saudita
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Por — Para o Valor, do Rio


Adriano Borges: “Vemos bastante potencial para segmentos mais sofisticados, especialmente aviação e fármacos” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Adriano Borges: “Vemos bastante potencial para segmentos mais sofisticados, especialmente aviação e fármacos” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O diálogo entre o Brasil e a Arábia Saudita voltou a se intensificar em 2023. Com essa aproximação, aumenta a expectativa de um aquecimento nos investimentos diretos entre os dois países, um fluxo historicamente baixo. A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira calcula que, entre 2004 e 2019, um total de US$ 1,69 bilhão em investimento com origem na Arábia Saudita tenha ingressado no Brasil.

Os primeiros movimentos começam a acontecer. Operando no mercado saudita desde os anos de 1970, a BRF planeja abrir uma segunda fábrica na Arábia Saudita, como parte do acordo concluído em 2023 com o Public Investment Fund (PIF), fundo soberano da Arábia Saudita, que deu origem a uma nova subsidiária, a HPDC (Halal Products Development Company), com 70% de participação da BRF. O objetivo do novo acordo é aumentar a participação das marcas da BRF no Oriente Médio, usando o mercado saudita como plataforma.

O investimento acelera a estratégia de expansão da BRF no segmento Halal, que engloba os alimentos processados e produzidos de acordo com as leis islâmicas. Por outro lado, por meio da SALIC, empresa agropecuária saudita financiada pelo PIF, os árabes adquiriram 11,03% das ações da BRF. Esta não foi a única incursão da SALIC no mercado brasileiro, onde já detém cerca de 30% das ações da Minerva Foods.

O interesse da Arábia Saudita no Brasil não se limita ao setor de alimentos. Na indústria de mineração, por exemplo, a Manara Minerals aportou US$ 2,5 bilhões para adquirir uma participação minoritária na Vale Base Metals, divisão de minerais não ferrosos da Vale.

Adriano Borges, sócio e diretor de investment banking do BTG, observa que os investimentos externos sauditas seguem uma lógica geopolítica. “É uma visão mais estratégica do que financeira. Os investimentos agropecuários, por exemplo, visam garantir a segurança alimentar do país, por exemplo. A compra de participação na Vale Base Metals, por sua vez, garante acesso ao fornecimento de cobre e níquel, importantes para o segmento de veículos elétricos”.

Para Borges, as oportunidades no intercâmbio com a Arábia Saudita não se limitam às commodities. “Vemos bastante potencial para segmentos mais sofisticados, especialmente aviação e fármacos. Também há espaço para outros setores, como hotelaria e serviços, mas com volumes de investimento menores”.

Para Mohamad Mourad, vice-presidente de Relações Institucionais da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, os investimentos sauditas no país poderiam ser maiores. Ele destaca, no entanto, que é importante o Brasil alcançar o grau de investimento para atrair mais aportes. “A governança de muitos fundos sauditas ainda os impede de aportar dinheiro em países que não têm o chamado grau de investimento”, observa.

Mourad aponta ainda o potencial de cooperação na área de defesa, especialmente com a possível aquisição do cargueiro militar KC 390, da Embraer, pela Arábia Saudita e a transferência para território saudita de parte de cadeia de suprimento da empresa brasileira.

“Também há possibilidades na área de transição energética. Assim como o Brasil, os sauditas querem ser uma referência em energia limpa e há projetos de geração de energia solar e eólica em implantação no reino, além da maior usina de eletrólise de hidrogênio já construída no mundo, em Neon.”

Para Mourad, o Brasil é o país com melhores condições objetivas para se produzir a energia descarbonizada. A demanda brasileira por infraestrutura, por outro lado, também atrai os sauditas. Em 2023, por meio do PIF, os sauditas participaram do consórcio vencedor do primeiro lote de concessão de rodovias do Paraná, liderado pelo Pátria Investimentos. A entrada dos árabes foi considerada decisiva para a vitória no leilão. O projeto total prevê investimentos de R$ 7,9 bilhões em obras de melhorias e manutenção em 473 km de várias rodovias no Paraná.

A gestora de investimentos, que opera no Oriente Médio desde 1997, não pretende parar por aí e continua a buscar oportunidades. No começo de junho, assinou um memorando de entendimentos com o Ministério do Investimento do Reino da Arábia Saudita.

Segundo Andre Sales, sócio do Pátria, trata-se de um compromisso de investimento das duas partes. “A Arábia Saudita, que historicamente tem sido fonte de capital relevante de investimento na América Latina, agora passa a ser também interessante como mercado-chave de crescimento para nossas empresas do portfólio. Além de logística, transporte e infraestrutura, temos apetite para segmentos como energias renováveis e infraestrutura de telecomunicações”, diz.

O BTG também decidiu abrir um escritório em Riad. “Há muitas oportunidades no horizonte e, para aproveitá-las, você precisa estar na Arábia Saudita, próximo dos parceiros brasileiros e, ao mesmo tempo, conhecendo melhor a cultura de negócios local”, afirmou Borges.

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