Energia
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Por Roberto Rockmann — Para o Valor, de São Paulo


Com mais de R$ 250 bilhões em investimentos previstos nos próximos cinco anos em geração, distribuição e transmissão, o setor elétrico tem o potencial de liderar o Brasil em um mundo que vive a transição energética. Com mais de 90% da matriz elétrica composta por energia renovável e a potencial abertura do mercado livre, oportunidades bilionárias atraem diversos players. Hidrogênio verde, geração distribuída solar e transmissão hoje são os três segmentos que mais têm movimentado negócios. Em paralelo, há uma agenda regulatória que terá de desatar nós para que esse potencial se concretize.

Investimentos em renováveis alcançam novo patamar. O diretor geral da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, anunciou que neste ano deverão ser investidos US$ 1,7 trilhão em fontes limpas no mundo, comparados a US$ 1 trilhão em fósseis. “Há cinco anos, havia uma divisão entre as duas”, disse. É nesse contexto que o Brasil poderá ganhar destaque.

A conexão à rede se tornará cada vez mais importante. A lei 14.120, que remanejou recursos no setor elétrico para permitir a redução de tarifas de energia elétrica, criou uma fila de 200 GW em projetos que buscaram subsídios na conexão para outorgas solicitadas até março de 2022. Para se ter uma ideia, em 100 anos, o país adicionou 200 GW de capacidade instalada. Nessa fila de projetos, há desde especuladores a empresas com empreendimentos avançados. O governo federal estuda uma solução para resolver a questão. Nesse cenário, reforçar a interligação do sistema se tornou prioridade - mais de R$ 80 bilhões em investimentos em seis leilões entre 2023 e 2025 poderão ser realizados. “Os leilões de transmissão passam a ser ainda mais importantes no planejamento das empresas e do setor”, diz a diretora regulatória da Auren, Priscila Lino.

A transformação da matriz elétrica brasileira, com avanço de fontes variáveis, como eólicas e solares, traz outras reflexões. Um dos temas presentes nos aperfeiçoamentos regulatórios é a valoração dos atributos das fontes e dos requisitos de flexibilidade para a operação do sistema, visando adoção do mecanismo de formação de preço por oferta, diz Romario Batista, pesquisador do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ceri). O avanço das variáveis e da geração distribuída solar abre discussão sobre mecanismos de resposta da demanda e de tarifas horárias para os consumidores, de forma que possam responder mais rapidamente a cenários de preços.

Os leilões de transmissão passam a ser ainda mais importantes no planejamento das empresas”
— Priscila Lino

Esse crescimento de fontes dependentes de fatores climáticos faz ainda o setor discutir benefícios que hidrelétricas e térmicas podem dar ao sistema. No fim da tarde e início da noite, quando já não há mais geração de energia solar, por exemplo, há um aumento da carga demandada das usinas movidas a força da água ou de combustíveis fósseis.

“Essa rampa de carga é como se todos os aparelhos de ar condicionado e chuveiros fossem ligados a todo o tempo. Nesse momento, quando os reservatórios estão cheios, se podem usar as hidrelétricas; caso não, seria preciso térmica”, diz o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Carlos Ciocchi.

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Para Eduardo Sattamini, diretor-presidente da Engie Brasil, a sustentabilidade econômico-financeira das hidrelétricas - que, segundo ele, tornaram-se a “bateria” do sistema elétrico - é fundamental para uma transição energética eficiente. “Há inúmeros serviços essenciais para manutenção do sistema que são realizados de maneira gratuita pelas usinas hidrelétricas, como, o auto-restabelecimento parcial. Esse serviço é crítico para o sistema porque garante a retomada de fornecimento de energia depois de apagão”.

Outra discussão premente é a abertura total do mercado livre, ideia que vem sendo discutida há mais de duas décadas e jamais foi implementada. O tema coincide com o avanço da descentralização da matriz. A potencial ampliação do mercado livre e a autoprodução têm sido um impulsionador dos projetos renováveis, sejam de fontes centralizadas ou não, o que também atrai novos players para o setor. A partir de janeiro, todas as empresas consumidoras de alta tensão poderão comprar energia do fornecedor que quiserem.

O mercado potencial para geração distribuída é de cerca de 13 milhões de consumidores”
— Matheus Nogueira

Como a decisão de se tornar livre tem de ser anunciada para a distribuidora com seis meses de antecedência, muitas indústrias já começam a buscar informações. “Estamos recebendo consultas para migração no ambiente de contratação livre e o nosso foco é avançar cada vez mais neste mercado”, diz Frederico Saliba, VP de power da Raízen, que lançou recentemente a marca Raízen Power para ganhar espaço nos mercados livre e de geração solar distribuída.

O movimento atrai outros pesos pesados que não tinham a eletricidade como foco. A Vibra, que adquiriu a comercializadora de energia elétrica Comerc, também busca ganhar espaço nesses mercados. “O mercado potencial para geração distribuída é de cerca de 13 milhões de consumidores, dos quais grande parte já são clientes da Vibra, que realizam transações em nossa rede de postos todo mês. O perfil do cliente de GD é essencialmente residencial, pequenas empresas ou propriedades rurais, conectadas à rede elétrica em baixa tensão”, diz Matheus Nogueira, VP de geração distribuída da Comerc.

Grandes consumidores também analisam oportunidades, o que aponta que a liderança do setor ainda é incerta. As operadoras de telefonia Vivo e Claro têm investido no setor elétrico. Com uma base de clientes pulverizada em milhões de clientes Brasil afora e negócios que envolvem conectividade, o interesse inicial tem sido em oferecer, em projetos-piloto, soluções de geração distribuída solar. “Atuamos como hub de energia, em parceria com vários geradores de fontes renováveis”, afirma Hamilton Silva, diretor de Infraestrutura da Claro. O modelo é de terceirização, sem investimentos próprios. “Este é o primeiro programa de venda de energia renovável para os clientes de telecom voltado para pessoa física”, afirma.

A eletrificação da mobilidade também é destaque. A Enel, que investe no Brasil principalmente em distribuição e geração renovável, busca desenvolver o segmento de ônibus elétricos - a cidade de São Paulo, é alvo, diz o presidente do grupo, Nicola Cotugno. O setor de transporte e o desmatamento são os maiores emissores de poluentes globais no Brasil, enquanto em boa parte do mundo é o energético, dependente de carvão.

Na distribuição, o ponto nevrálgico é o processo de renovação de contratos que concentram cerca de 60% do mercado. Os grupos Enel, CPFL, Neoenergia e EDP respondem por 81% do mercado com contratos a vencer, segundo análise de Diogo Romeiro, pesquisador no FGV Ceri. A consulta pública sobre as regras deve ser aberta em junho. Para Joisa Dutra, diretora do FGV Ceri, a pergunta relevante em relação à conveniência de licitar ou renovar a concessão de distribuição é como adaptar o contrato ao cenário de transformação do setor, ou seja, qual é o modelo contratual adequado para enfrentar desafios do futuro em um setor que vive sob o prisma da descentralização, digitalização, descarbonização e democratização com o empoderamento do consumidor.

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