Negócios sustentáveis
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Aline Souza: “É possível usar [embalagens flexíveis] na produção de madeira plástica, mas a máquina custa R$ 2 milhões” — Foto: Divulgação
Aline Souza: “É possível usar [embalagens flexíveis] na produção de madeira plástica, mas a máquina custa R$ 2 milhões” — Foto: Divulgação

Algumas empresas estão assumindo a tarefa de reciclar materiais que, que em razão da composição, dificuldades logísticas ou falta de mercado, acabam sendo poucos reciclados. A Yattó investe na transformação das embalagens pós-consumo de plástico flexível. O material está entre os mais abundantes entre os encaminhados às cooperativas de reciclagem, mas é dos menos reciclados, porque as embalagens chegam sujas e misturadas a outras de materiais diferentes, além de pesarem pouquíssimo, sendo necessárias cerca de 20 mil unidades para formar um fardo de 100 quilos - o mínimo exigido para ser comercializado. São na maioria pacotes de salgadinhos, chocolates, biscoitos, cafés, rações para animais, sachês e refis de produtos de limpeza.

Segundo Aline Souza, diretora-presidente da Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (CentCoop-DF), as embalagens de plástico flexível constituem 30% dos rejeitos, ou seja, um terço de tudo o que chega às cooperativas e não é aproveitado, por inviabilidade logística e econômica. “Sabemos que é possível usar esse material na produção de madeira plástica, mas a máquina custa cerca de R$ 2 milhões. Não temos o dinheiro, então, acabamos enviando até 150 toneladas por mês de embalagens flexíveis para a incineração”, diz a ativista.

A Yattó, que dispõe da tecnologia, conseguiu, por meio de parceria com a Nestlé, destinar 199 mil embalagens de chocolate descartadas no festival The Town, em 2023, para a transformação em móveis de madeira plástica, doados a instituições que ajudam pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade. Para o desenvolvimento da reciclagem desse tipo de resíduo, a Yattó conta com apoio de Melitta, Cargill, Pepsico, Ajinomoto, Electroplastic, Converplast e Zaraplast. A empresa, fundada em 2015 por Luiz Otávio Grilo, Alexandre Galana e Leonardo Lopes, diz que seu crescimento anual médio tem sido de 170%, atingindo a receita de R$ 8 milhões em 2023.

Com sede em Jaguariúna (SP), a empresa atua nacionalmente com 130 cooperativas parceiras e 3,5 mil pontos de entrega voluntária. Segundo Grilo, desde o início das operações, a Yattó destinou R$ 1 milhão para catadores. “Reciclamos o equivalente a 1 bilhão de embalagens, antes tratadas como rejeitos, e agora transformadas em telhas ecológicas, bancos de madeiras plásticas, tampas de produtos e sacos de lixo ecológicos”, diz.

Outra empresa que foi buscar, em um nicho específico, ser parte da solução, é a Rafa Resolve, que implementou em 2022 um sistema de logística reversa de sacarias pós-consumo na construção civil que já recolheu e destinou para a reciclagem mais de 3 milhões de sacos, quantidade que representa o volume de 450 toneladas de embalagens. A dificuldade em reciclar esses materiais começa na separação, já que em geral são misturados aos demais resíduos em canteiros de obras, ainda com restos de cimento, cal e argamassa.

“Treinamos os trabalhadores, para que façam a triagem corretamente, e desenvolvemos tecnologia para retirar os contaminantes do material”, explica Rafael Teixeira, presidente da Rafa Resolve. A empresa capta, armazena e envia as embalagens para a Recigreen, que as transforma em celulose reciclada, usada na fabricação de telhas de fibrocimento.

“Sabemos que a construção civil gera mais da metade dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. Então, fazemos nossa parte, na iniciativa que já evitou que cerca de 1 mil toneladas de CO2 chegassem à atmosfera. A meta é reciclar 150 milhões de sacos até 2030, o que vai poupar emissões da ordem de 50 mil toneladas de gases do efeito estufa (GEE)”, diz Teixeira.

E ainda mais incomum é o nicho no qual decidiu investir a Poiato Recicla, que desde 2017 registra já ter coletado e reciclado 300 milhões de bitucas de cigarro, que são transformadas em papel. O material, em formato de placas de celulose, é doado a instituições e escolas, e usado para a fabricação de peças artesanais e geração de renda. Com 8 mil coletores instalados em empresas de todo o Brasil, a Poiato foi idealizada e é comandada por Marcos Poiato.

“Sempre fiquei incomodado com o mau hábito dos fumantes de jogar a bituca de cigarro no chão. Quando atiradas pela janela do carro, as bitucas causam cerca de 30% dos incêndios florestais. No dia a dia poluem solo e cursos d’água. Sabemos que meia bituca, quando ingerida, é capaz de matar um animal marinho”, cita Poiato.

A empresa processa mensalmente 1,5 tonelada de material, equivalente a cerca de 4 milhões de bitucas. Sediada em Votorantim (SP), a empresa tem como clientes a Pfizer e Hyundai, que pagam pela coleta e transformação dos resíduos. E há 22 universidades parceiras, entre elas a Universidade de Brasília (UnB), que desenvolveu a fórmula do composto que permite eliminar os contaminantes do material, resultando na massa de celulose limpa.

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