Negócios sustentáveis
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Por — De Salvador


Agera, da Vale, atua para ampliar o uso de sua areia sustentável, gerada a partir de rejeitos da extração de minério de ferro — Foto: Divulgação
Agera, da Vale, atua para ampliar o uso de sua areia sustentável, gerada a partir de rejeitos da extração de minério de ferro — Foto: Divulgação

A etapa upstream, que inclui o início da cadeia produtiva de um determinado produto, é fundamental para que a abordagem circular seja bem-sucedida: de acordo com a Fundação Ellen MacArthur, são as consequências das decisões tomadas nas fases de concepção, projeto e design que determinam cerca de 80% dos impactos ambientais de um produto. Os marcos regulatórios atualmente em construção no Brasil devem enfatizar esse olhar, que já começa a guiar a formatação de novos negócios. “Estamos trazendo o upstream para o coração da discussão”, diz Luiza Santiago, diretora executiva na América Latina da Fundação Ellen MacArthur.

Um exemplo é o desafio proposto em 2022 pela fundação à indústria alimentícia e ao varejo, que busca redesenhar produtos alimentícios a partir de uma abordagem circular. A iniciativa reuniu 71 empresas participantes - de startups a gigantes da indústria - e resultou em 168 ideias de novos produtos, que estão sendo colocadas em prática este ano. No Brasil, o grupo Carrefour entrou como apoiador do desafio em janeiro, e a ideia é oferecer espaço nas gôndolas para os futuros produtos alimentícios circulares que virão. Outras quatro startups de alimentos foram selecionadas - todas trabalhando com produtos da biodiversidade brasileira e sistemas produtivos orgânicos ou regenerativos.

É o caso da startup paraense Horta da Terra, que produz alimentos liofilizados a partir de Panc (plantas alimentícias não convencionais), cultivadas em sistemas de agricultura regenerativa. “A ideia é usar um blend de ingredientes amazônicos para produzir ‘shots’ saudáveis, valorizando a biodiversidade brasileira e a agricultura familiar”, diz Bruno Kato, CEO da Horta da Terra.

No campo das embalagens, as abordagens circulares também começam a ganhar espaço. “Da planta à planta” foi o conceito que norteou o negócio da startup ERT Bioplásticos, inaugurada em 2021, em Curitiba, com a aquisição de uma tecnologia de produção de biopolímero a partir da fermentação da cana-de-açúcar, patenteada pela Universidade da Carolina do Sul.

A empresa desenvolveu uma resina 100% biodegradável que, ao fim de sua vida útil, pode passar por compostagem junto a outros materiais orgânicos e ser convertida em adubo, fechando o ciclo por completo e dando uma resposta ao interminável problemas dos plásticos de uso único. O bioplástico, utilizado na fabricação de itens descartáveis como copos, canudos, talheres, sacolas, sacos de lixo e embalagens de suplementos alimentares, foi rapidamente aceito no Brasil e em outros países da América Latina, com clientes como iFood, Nestlé e Havaianas. Isso levou a empresa a acelerar a expansão. No próximo semestre, inaugura a segunda fábrica em Manaus (AM), para atender o mercado nacional, especialmente as empresas do polo industrial, que são as grandes usuárias de plástico, diz Kim Fabri, CEO da ERT Bioplásticos.

Um dos impulsionadores de seu negócio é o aumento das legislações que restringem ou banem o plástico de origem fóssil para alguns usos. Mas Fabri vê também uma pressão dos consumidores sobre as empresas. “Dobramos o volume de produção de 2023 para cá, inclusive para aplicações onde não havia tanta demanda. Grandes marcas estão preocupadas com a redução do impacto dos resíduos plásticos”, afirma. Juntas, as unidades de Curitiba e Manaus terão capacidade de produção estimada em 7 mil toneladas de resina ao ano. O mercado de biopolímeros, que cresce globalmente a taxas de 25% ao ano, tem atraído a atenção de investidores: a ERT Bioplásticos já recebeu aportes da Positivo Tecnologia e da XP Private que somam mais de R$ 80 milhões.

Marcas estão preocupadas com a redução do impacto dos resíduos”
— Kim Fabri

Elevar a aplicação do conceito de circularidade na construção civil é uma das apostas da Agera, frente de negócios criada pela Vale em 2022 para desenvolver e ampliar o uso de sua areia sustentável, produzida a partir do tratamento dos rejeitos gerados pelas operações de extração de minério de ferro. O produto, composto basicamente por sílica e óxidos de ferro, ganha aceitação na construção civil e na pavimentação de rodovias.

“Na produção de concreto, normalmente o metro cúbico contém até 5% de materiais circulares e, com a introdução da areia sustentável, conseguimos triplicar esse número”, diz Fábio Cerqueira, CEO da Agera. A expectativa é combinar o material com outros produtos que apresentam o mesmo conceito para elevar a 40% o percentual de insumos circulares na composição dos concretos.

A areia sustentável começou a ser produzida pela Vale em 2021, após sete anos de pesquisa, dada a necessidade de reduzir o volume de rejeitos armazenados em barragens. Com o lançamento da Agera, o negócio ganhou escala, com 2,1 milhões de toneladas movimentadas pelas duas empresas. Hoje, as vendas já estão em patamares de 100 mil toneladas por mês e a expectativa é chegar até 2025 comercializando 2,8 milhões de toneladas por ano. Com sede em Nova Lima (MG), a empresa investe ainda em pesquisa e desenvolvimento de novas aplicações para a areia, que pode entrar como insumo em produtos de cerâmica vermelha, como tijolos e telhas, e também em tintas e revestimentos.

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