![Fabrizio Machado Pereira, do Senai: preparação do jovem para a indústria — Foto: Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/FLnQEKHnQzAmax8bbH0tlIa4C68=/0x0:1463x1690/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/1/D/un9ZuSQ1uSmShYrXxAVg/30rel-110-subempreg-f2-img01.jpg)
Santa Catarina apresentou no primeiro trimestre de 2023 uma taxa de desemprego de 3,8%, percentual um pouco acima dos 3,2% registrados no último trimestre de 2022, mas muito abaixo dos 8,8% registrados nacionalmente, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com cerca de 88% da população empregada formalmente, o Estado vive uma situação de pleno emprego e tem uma das menores taxas de informalidade do país (26,1%). Santa Catarina gerou 48,5 mil vagas no primeiro trimestre deste ano, a terceira melhor marca, atrás de São Paulo e Minas Gerais. Os resultados se devem à diversidade do Estado, que permite que a economia se beneficie de diferentes ciclos econômicos setoriais.
Por outro lado, a facilidade em se encontrar trabalho pode levar jovens a não concluir os estudos, temem especialistas. O censo escolar aponta redução de 4,5% nas matrículas dos cursos técnicos em Santa Catarina, para 35 mil em 2022. “O pleno emprego pode ter influenciado essa queda, por trazer a sensação de que não é preciso estudar para conseguir ou se manter no trabalho”, diz o diretor regional do Senai de Santa Catarina e responsável pela área de educação, saúde e tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Fabrizio Machado Pereira.
O abandono escolar no Ensino Médio da rede estadual aumentou de 6,8% em 2019 para 8,7% em 2021, muito acima da média brasileira, em torno de 5,5%. Além disso, de cada dez jovens catarinenses, um não estuda nem trabalha. São 178 mil nessa situação, conforme dados do IBGE. Apesar da redução de 18% no total de “nem ” desde 2019, o número é considerado alto para um Estado cuja demanda por profissionais é alta.
Segundo Pereira, até 2025 o Estado terá de capacitar 803 mil trabalhadores para a indústria manter a taxa de crescimento da última década. Dados da Fiesc mostram que nos últimos quatro anos a procura por aperfeiçoamento dentro da indústria foi maior do que a entrada de novos profissionais. Ou seja, quem está empregado procura ampliar os conhecimentos, mas em cursos rápidos e geralmente pagos pelas empresas.
O governo firmou acordo com o Senai-SC para incluir o ensino técnico nas escolas públicas de Ensino Médio. “A metodologia é dinâmica, incluindo recursos tecnológicos, valorizando o desenvolvimento de competências técnicas e o empreendedorismo”, diz Pereira.
O modelo prepara o jovem para a indústria, setor que geralmente concentra melhores salários e que demanda mais conhecimento, criatividade e capacidade de inovação. A parceria com a indústria permite a capacitação utilizando o parque fabril como laboratório de ensino. A Fiesc também criou a Agência S, que traz oportunidade de emprego e planos para que pessoas desempregadas se capacitem para entrar na indústria.
Outro setor promissor, e que desponta entre os maiores empregadores no Estado, é o de tecnologia, atualmente concentrado em cidades litorâneas, como a capital Florianópolis. O programa SC+Tech, por meio de parcerias com prefeituras, oferece oportunidades para que os jovens mergulhem no universo da tecnologia e se preparem para essa nova realidade. “Queremos ajudar prefeituras para melhorar a qualidade de vida nas cidades catarinenses e evitar o êxodo para o litoral”, afirma Pereira.
Nos últimos quatro anos, o Senai-SC investiu R$ 124 milhões em educação, incluindo material didático e equipamentos de TI, e R$ 130 milhões em obras estratégicas voltadas para educação.
Santa Catarina tem um programa que distribuiu bolsas a alunos que tenham uma frequência mínima de 75% das aulas, como forma de evitar a evasão escolar. Neste ano, foram selecionados 10 mil beneficiários para a Bolsa Estudante. Cada um terá direito a 11 parcelas de R$ 568,18, que começaram a ser pagas em abril, caso mantenha a frequência mínima exigida. O critério para seleção é a renda familiar, e o estudante deve pertencer a uma família inscrita no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal. Podem ser contemplados até dois integrantes de uma mesma família.