Após mais um mês de perdas do Ibovespa, que interrompeu a sequência de cinco anos em que o índice fechava maio no azul, os analistas voltam a adotar uma postura mais conservadora em suas indicações. A Carteira Valor de junho tem cinco novidades em relação à seleção do mês anterior, sendo a maioria delas mais defensiva. Os setores financeiro e de exportadoras de commodities seguem sendo os que têm mais representantes. As poucas ações mais “arrojadas” na seleção deste mês são de empresas que tiveram bons resultados no primeiro trimestre.
Ainda que a Petrobras tenha passado por (mais um) abalo recentemente, com a saída do presidente Jean Paul Prates e a chegada de Magda Chambriard, as ações da empresa tomaram a liderança da Vale na seleção de junho após serem apontadas por seis corretoras. A mineradora, no entanto, vem logo na sequência, com cinco indicações. Além delas, outra exportadora de commodities que segue na seleção é o frigorífico JBS, com duas indicações. As novidades do segmento neste mês são a petrolífera 3R Petroleum, que chega à lista também escolhida por duas corretoras, e a Cosan, um conglomerado que além de atuar nas áreas de açúcar, etanol, também tem braços em segmentos de logística e lubrificantes.
As companhias exportadoras de commodities costumam trazer uma função de proteção para a carteira dos investidores. Isso porque elas estão expostas a diferentes mercados e, com isso, ajudam a mitigar os riscos relacionados ao cenário local e até mesmo a choques específicos, como a mudança na gestão da Petrobras.
Outro setor que também se posiciona como uma alternativa mais “segura”, por apresentar menos volatilidade, mesmo em contextos de crise, é o financeiro. Em junho, as ações do Itaú Unibanco foram mantidas na lista, indicadas por três corretoras. Já os papéis do BTG Pactual deram lugar aos do BB Seguridade, também indicados por quatro corretoras.
Outro segmento considerado mais conservador é o das prestadoras de serviços, também chamadas de “utilities”. Por terem uma demanda mais perene, essas empresas sofrem menos com períodos adversos. Desta vez, a representante do setor é a empresa de energia Copel, que foi indicada por duas corretoras e é uma das novidades do mês.
Outra novidade no mês é a empresa de software Totvs, indicada por duas corretoras. A companhia teve um lucro de R$ 126,6 milhões no primeiro trimestre, uma alta de 34,5%. Por fim, outra empresa que apresentou um bom resultado e que também é de um segmento um pouco mais arrojado é a construtora Cyrela, que também teve duas indicações e se manteve na lista. No primeiro trimestre, a companhia viu seu lucro crescer mais de 60%.
Carteira Valor x Ibovespa
A Carteira Valor teve queda de 0,59% em maio, contra um recuo de 3,04% do Ibovespa. Em 12 meses até maio, a Carteira acumula alta de 2,70% contra 12,70% do principal índice da bolsa.
Entenda a Carteira Valor
A seleção da Carteira Valor ocorre por meio das dez ações mais recomendadas pelas corretoras participantes. São sugeridos cinco papéis por instituição, de um total de 15, para a formação do ranking dos ativos mais indicados para o mês.
Se houver empate, prevalecem as ações com maior volume financeiro médio em bolsa nos últimos 90 dias úteis encerrados no fim de cada mês. O rendimento é calculado mensalmente com base na variação média simples dos papéis. Cabe destacar que as indicações não consideram pesos diferentes entre os ativos.
As corretoras que compõem a Carteira Valor são: Ativa, Ágora, BB Investimentos, CM Capital, Genial, Guide, MyCap, Nova Futura, Órama, Pagbank, Planner, Safra, Santander, Terra Investimentos e XP Investimentos.
Em junho, o Inter e a Warren deixaram de fazer parte da Carteira Valor. No ano até maio, a carteira do Inter acumulava perdas de 8,22%. Já a da Warren caiu 10,74% no mesmo período.
Indicações
Petrobras
Os analistas da Ágora destacam a mudança no comando da Petrobras em maio. Segundo a corretora, o anúncio “levantou dúvidas em relação às diretrizes estratégicas da companhia, em especial relacionado aos temas mais sensíveis, como dividendos, implementação de investimentos e política de preços dos combustíveis”. No entanto, ainda que estas dúvidas permaneçam, a casa afirma continuar com uma visão de que as ações da Petrobras seguem com um preço descontado (ou seja, inferior ao que seria considerado justo). Para o time, os papéis da estatal “devem compor uma atrativa remuneração aos acionistas através da distribuição de elevados dividendos”.
Do ponto de vista dos resultados, os analistas avaliam que os números financeiros da empresa vieram abaixo do esperado no primeiro trimestre, quando a empresa registrou uma queda de 38% em seu lucro, ainda assim, a corretora diz acreditar que “a dinâmica será saudável nos próximos trimestres, à medida que a empresa retoma a produção após paradas para manutenção e os preços do petróleo seguem em níveis elevados”.
Vale
Fernando Siqueira, analista da Guide, destaca que “a Vale é uma das maiores empresas mineradoras do mundo”, com “produção e comercialização de minério de ferro, níquel, pelotas, minério de manganês, ferroligas, carvão cobre e outros metais”. O especialista ainda reforça que a companhia está envolvida em projetos de exploração mineral em seis países e opera um sistema de logística no Brasil e no mundo integrados às suas operações de mineração, o que permite a entrega de seus produtos em diversos países. Assim, a empresa tem não só uma receita diversificada como riscos também mitigados, o que a coloca em vantagem.
“A companhia também investe nos setores de siderurgia e energia diretamente ou através de suas joint ventures. Além de ser uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale apresenta uma diversificação de operações de minério de ferro no Brasil em três sistemas (Norte, Sudeste e Sul), que possuem capacidade de transporte e remessa própria”, reforça o analista.
Itaú Unibanco
Segundo os analistas do PagBank, o Itaú “é o maior banco privado do país, com um excelente histórico de lucratividade e entrega de resultados sólidos”.
A corretora deixa claro que segue confiante no “conservadorismo do banco na 'originação' do crédito” (o que, portanto, traz menos riscos às receitas).
“Entendemos que esta é a sua principal fortaleza para continuar entregando bons números no longo prazo. Para os próximos trimestres, com a perspectiva de redução da Selic, acreditamos que os níveis de inadimplência devem seguir mais controlados, o que aumentará o apetite do banco para o crescimento da carteira de crédito”, afirma a corretora. Segundo os analistas, no primeiro trimestre o banco seguiu apresentando bons resultados, com destaque para o crescimento da margem financeira e manutenção dos níveis de inadimplência. O lucro do Itaú no período foi de R$ 9,7 bilhões.
BB Seguridade
Para os analistas da Ágora, as ações do BB Seguridade “continuam oferecendo rendimento atrativo de dividendos em torno de 10% para o ano”. Segundo a corretora, essa política de distribuição de proventos ganha ainda mais apelo em um contexto de sentimento de aversão ao risco, como é o atual. Ainda que o resultado da companhia no primeiro trimestre tenha sido considerado mais tímido, com uma alta “moderada”, segundo a casa, do lucro, o balanço não deve trazer alterações nas expectativas para 2024, que seguem positivas.
Cosan
Para os analistas da MyCap, a Cosan representa “uma oportunidade de investimento em uma holding atuante nos setores de energia (com uma matriz energética diversificada) e logística”. Os analistas destacam a diversidade de negócios ao qual a empresa está exposta e também ao potencial de valorização que a companhia tem a medida que investe em negócios relacionados à economia verde.
É importante lembrar que, recentemente, o governo anunciou um novo plano de incentivo chamado de “Nova Indústria Brasil”, que visa destinar, até 2026, R$ 300 bilhões para promover o desenvolvimento do setor industrial. O programa tende a beneficiar companhias voltadas a outras fontes de energia, especialmente a dos biocombustíveis.
“Acreditamos também que a empresa se beneficiará de investimentos no transporte ferroviário, além de estar exposta ao crescimento econômico e à energia verde, proporcionando retornos substanciais”, afirma a corretora em nota.
JBS
Para os analistas da Órama um dos grandes trunfos da JBS é sua versatilidade, uma vez que a companhia opera não só no processamento de carnes bovina, suína, ovina e de frango, como também na produção de alimentos de conveniência e valor agregado e produtos de couros, higiene e limpeza, colágeno, embalagens metálicas, biodiesel. Outro ponto positivo, segundo a corretora, é a presença da empresa em diferentes lugares do mundo. Atualmente, são mais de 400 unidades mundo afora, sendo mais de 230 diretamente relacionadas à produção de carnes e produtos de maior valor agregado e conveniência.
Os analistas também afirmam que “essa variedade de produtos e a presença em 15 países, em cinco continentes (entre plataformas de produção e escritórios) que atendem cerca de 275 mil clientes em mais de 190 nações ao redor do mundo” é uma vantagem para a companhia, que pode mitigar seus riscos e potencializar seus ganhos.
3R Petroleum
Para os analistas da MyCap, a 3R Petroleum é “uma opção positiva para exposição ao setor de petróleo, tanto pelo preço elevado da commodity neste momento quanto ao potencial de sinergias que a empresa tem devido às propostas e negociações para fusão com outras companhias, como Enauta e PetroRecôncavo.
Ainda que os analistas considerem que a nova oferta pública de ações da companhia possa melhorar a estrutura de capital e seu portfólio, eles acreditam que isso “demonstra certa instabilidade na implementação do plano de negócios apresentado”. No entanto, para a corretora, a companhia segue como uma boa opção, especialmente pelo preço em que a ação está sendo negociada.
“Consideramos essa empresa uma opção positiva para exposição setorial, devido ao potencial de sinergias e à manutenção de preços favoráveis, incluindo a possibilidade de sinergias em fusões com outras empresas petrolíferas, alavancados, ainda, por excessivos descontos no preço da empresa”, afirma a casa.
Copel
Os analistas do PagBank destacam que a Copel é “uma das maiores companhias elétricas do Brasil, com atuação nos segmentos de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia”. Segundo a corretora, a empresa “é uma das que tem a base regulatória mais depreciada do setor, então possui espaço para crescer a receita mais do que as outras empresas”.
“Esse crescimento viria pelo investimento na base de remuneração regulatória, o que deve impulsionar a receita quando da revisão tarifária”.
Além disso, a equipe destaca que a privatização da companhia traz diversas melhorias operacionais que poderão ser vistas até 2026, como a redução de despesas e provisões de contingências.
Totvs
Para os analistas da Nova Futura, a Totvs se destaca por “seus sólidos fundamentos técnicos” e por “sua fraca correlação com o movimento geral do mercado, representado pelo Ibovespa”. Segundo a corretora, a ação integra bem a estratégia mais conservadora e de riscos mitigados adotada neste momento, em meio a um ambiente de mercado caracterizado por volatilidade e incerteza.
Cyrela
Ricardo Peretti, estrategista pessoa física do Santander, afirma que algumas das razões para a recomendação de “compra” dos analistas do banco para as ações da Cyrela são sua “sólida execução, impulsionada pelo lançamento de projetos com bons níveis de acessibilidade” e seu “sólido momento de lucros”.
Além disso, o especialista destaca a exposição da empresa ao programa de habitação do governo, o “Minha Casa, Minha Vida” por meio de marcas como a Cury, Vivaz e Plano&Plano, que estão debaixo do guarda-chuva da Cyrela.
Apesar de afirmar que os resultados do primeiro trimestre foram sólidos, mas “ligeiramente abaixo das expectativas do Santander”, Peretti destaca que a e diversificação geográfica e de receita da empresa tende a deixá-la mais protegida contra a deterioração em mercados e segmentos específicos.
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