Hora de Investir

Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo


Após o Ibovespa ficar no vermelho novamente em maio, os investidores colocaram um pé no freio na busca por mais risco. Prova disso foi a volta do interesse dos ativos de renda fixa na lista dos investimentos mais procurados, segundo a plataforma Yubb. Essa mudança de postura ganhou ainda mais força após o Banco Central ter mudado, ainda que levemente, o rumo da Selic ao cortar de forma menos acelerada os juros e manter a cautela no ar.

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) já tinham voltado à liderança do ranking dos ativos mais procurados em abril, especialmente após os conflitos no Oriente Médio e as incertezas no mercado global. Em maio, essa cautela passou a fazer parte também do cenário local. O Banco Central diminuiu o ritmo de queda da Selic ao cortar a taxa básica de juros em “apenas” 0,25 ponto percentual na última reunião do Copom. E a autoridade monetária foi além: deixou em aberto o que deve acontecer nos próximos encontros do Comitê. A perspectiva, portanto, é que os juros fiquem maiores do que o esperado. Isso faz com que os ativos de renda fixa ganhem mais atratividade, já que muitos deles têm seus rendimentos atrelados à Selic.

Assim, os CDBs continuaram na liderança dos investimentos mais procurados em maio e ganharam a companhia das letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras de crédito do agronegócio (LCAs) em segundo lugar e dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto em terceiro. Em abril, as LCIs e LCAs estavam na quarta colocação e o Tesouro Direto só aparecia na sétima.

Em quarto lugar, aparece o primeiro ativo mais arriscado: os fundos multimercados. Ainda assim, até mesmo a presença deles mostra o conservadorismo dos investidores. Isso porque esses ativos podem misturar em suas cestas papéis de renda fixa e também de renda variável. Portanto, são uma forma de se expor ao risco, mas com parcimônia. Em abril, eles estavam na quinta posição.

Desta vez, quem aparece em quinto lugar são outros ativos de renda fixa: as letras de câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs), que no mês anterior estavam em nono lugar.

Na sequência, porém, surgem outros ativos de renda variável. As criptomoedas ocupam a sexta posição após o bitcoin voltar a subir em maio. Em abril, no entanto, eles eram os terceiros mais procurados. Em sétimo, estão os fundos de ações, que no mês anterior estavam na vice-liderança.

Por fim, os fundos imobiliários aparecem em oitavo lugar, mesma posição que ocupavam em abril. Já em nono e décimo estão as ações e os fundos de índices (ETFs), respectivamente. Em abril, as ações estavam em sexto lugar. Já os ETFs estavam em décimo, assim como em maio.

Investimentos mais procurados em maio

Ordem dos mais buscados Tipo de investimento
1 CDBs
2 LCIs e LCAs
3 Tesouro Direto
4 Fundos multimercados
5 LCs e RDBs
6 Criptomoedas
7 Fundos de ações
8 Fundos imobiliários (FIIs)
9 Ações
10 Fundos de índices (ETFs)

Entenda como funciona cada um dos investimentos mais procurados

1º - CDBs

Os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) funcionam como um "empréstimo" do investidor ao banco que emite aquele papel. A rentabilidade mais comum é atrelada ao rendimento do CDI (Certificado Depósito Interbancário, taxa que segue de perto a Selic). Os bancos maiores e mais tradicionais normalmente oferecem uma remuneração abaixo ou no máximo igual ao 100% do CDI para produtos com liquidez, por terem menor risco. Já os bancos pequenos e médios podem pagar até mais de 120% do CDI. Essa rentabilidade é pré-determinada. Portanto, você sabe o tamanho da parcela que receberá sobre o CDI no momento em que investir.

Há também os CDBs pós-fixados e os que pagam um juro real acima do IPCA. Nesses dois casos, o investidor costuma abrir mão de liquidez em troca de uma perspectiva de ganho levemente acima do CDI.

2º - LCIs e LCAs

As letras de crédito imobiliário (LCIs) e as letras de crédito do agronegócio (LCAs) são títulos de crédito emitidos por instituições financeiras para financiar atividades do setor imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA).

Para o investidor esses ativos são semelhantes a um CDB, com a diferença de serem isentos de Imposto de Renda e normalmente terem um prazo mínimo de carência, sem possibilidade de resgate.

3º - Tesouro Direto

Os títulos públicos negociados pela plataforma on-line do Tesouro Direto são títulos de dívida emitidos pelo governo para financiar suas atividades. Eles funcionam como um empréstimo do investidor ao próprio governo brasileiro, que vai devolver o valor no futuro, acrescido de juros.

Os títulos do Tesouro podem ser prefixados (em que o rendimento nominal já é determinado na hora da compra), pós-fixados (em que o retorno é atrelado à Selic, seja ela qual for) ou híbrido, com uma parcela pós-fixado indexado ao IPCA (no qual o rendimento acompanha a variação da inflação) mais um componente de juro real fixo.

4º - Fundos multimercado

Os fundos multimercados são como uma "cesta de ativos" que pode conter diferentes tipos de papéis. Portanto, pode haver dentro daquele pacote papéis como ações, títulos públicos, dólar, contratos de juros etc. Eles são escolhidos por um gestor profissional, que é remunerado com parte das taxas que os investidores pagam para ter o seu dinheiro naquele fundo.

5º - LCs e RDBs

As letras de câmbio (LCs) e os Recibos de Depósito Bancário (RDBs) têm uma lógica semelhante à dos CDBs. Nesse caso, no entanto, eles são emitidos por instituições financeiras que não são bancos tradicionais, e normalmente não dão liquidez antes do vencimento. Portanto, o investidor precisa esperar finalizar o prazo para ter seu dinheiro de volta.

6º - Criptomoedas

Esses investimentos são um tipo de ativo digital e de negociação descentralizada (ou seja, elas não são emitidas por nenhum governo ou banco central). Além de funcionar como um "dinheiro", podendo ser usado na compra de produtos e serviços, elas também funcionam como um investimento, uma vez que seu valor de mercado muda de acordo com alguns critérios, sendo o principal deles a oferta e a demanda.

7º - Fundos de ações

Como o próprio nome sugere, esses fundos têm a maior parte de sua "cesta" composta por ações escolhidas por aquele gestor.

8º - Fundos imobiliários

Esses fundos funcionam como uma espécie de “condomínio” de investidores que reúnem seus recursos para aplicar, juntos, no mercado imobiliário.

O montante pode ser usado na construção ou compra de imóveis, que depois serão alugados ou arrendados e os ganhos obtidos nisso são divididos entre aqueles investidores, respeitando a proporção que cada investidor aplicou. Esses são chamados "fundos de tijolo".

Há um outro tipo em que o dinheiro é aplicado em títulos ligados ao mercado imobiliário, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras Hipotecárias (LHs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou até mesmo em cotas de outros fundos imobiliários. Esses tipos são chamados de "fundos de papel".

9º - Ações

As ações negociadas na bolsa de valores funcionam como se o investidor tivesse uma pequena participação daquela companhia. Portanto, cada papel (como também são chamadas as ações) é como se fosse um "pedaço" daquela empresa. As ações podem ser preferenciais ou ordinárias.

Quem tem ações ordinárias tem direito de voto nas assembleias de acionistas. Normalmente os acionistas recebem um voto por ação para eleger os membros do conselho que supervisionam a administração. Já quem tem as ações preferenciais, tem maiores direitos sobre os lucros e ativos de uma empresa.

10º - Fundos de índices (ETFs)

Esses fundos têm gestão passiva e acompanham a composição de um determinado índice negociado na bolsa brasileira ou estrangeira. Esses índices podem ser de ações ou renda fixa.

Justamente por ter gestão passiva (ou seja, "exigir menos trabalho do gestor") eles costumam ter uma taxa de administração mais barata para os investidores.

Aversão a risco — Foto: GettyImages
Aversão a risco — Foto: GettyImages
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