Hora de Investir

Por Júlia Lewgoy, Valor Investe — São Paulo


A corretora de investimentos XP aconselha que os brasileiros sejam cautelosos ao tomar risco nos investimentos no segundo semestre deste ano, evitando excessos em renda variável. Por outro lado, a dica da casa é aproveitar os elevados prêmios de risco na renda fixa, especialmente nos papéis que acompanham a inflação.

Na análise da casa, o cenário mais provável é que os juros americanos comecem a ser cortados em dezembro de 2025 e que a inteligência artificial continue mudando o panorama dos negócios no mundo. Por outro lado, os juros americanos continuarão elevados e voláteis por mais tempo em meio às incertezas em relação à atividade econômica, à inflação e o mercado de trabalho nos Estados Unidos, o que traz grandes desafios para construir a carteira de aplicações financeiras.

Ainda na avaliação da corretora, o ambiente brasileiro está complexo e, consequentemente, está com elevados prêmios de risco. Na visão da XP, aumentou a percepção de risco político e fiscal e, nesse cenário, os juros permanecerão no patamar atual de 10,50% por bastante tempo, apesar da chance de elevação de juros nos próximos trimestres parecer ser maior do que a chance de cortes novos.

Conforme a casa, a política fiscal continua sendo uma grande vulnerabilidade e a política de juros do Banco Central continua refém de uma subida nas projeções de inflação.

"Enquanto o mundo estava engajado discutindo sobre o futuro com a inteligência artificial, no Brasil, continuamos discutindo, infelizmente, sobre o passado. O debate que dominou o primeiro semestre e vai dominar o segundo semestre e os próximos anos é a vulnerabilidade fiscal brasileira", afirmou Artur Wichmann, chefe de investimentos (CIO) da XP e presidente do comitê de alocação da XP Advisory Brasil, em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (8).

A corretora destacou que é por esses motivos que o dólar chegou acima de R$ 5,40, o Ibovespa está negociando a múltiplos historicamente baixos e os títulos que acompanham a inflação estão negociando a taxas reais (descontando a inflação) maiores que 6,30%.

Com esse pano de fundo, a XP aconselha que os brasileiros diversifiquem os investimentos para aproveitar esses elevados prêmios de risco, mas sejam cautelosos ao investir em renda variável. Veja a seguir os investimentos favoritos da casa:

Ações de companhias de qualidade

Após a baixa de 7,7% do Ibovespa em reais e de 19,5% em dólares – a pior performance entre os mercados globais mais importantes – no primeiro semestre, a corretora continua enxergando fundamentos de melhoria para as ações brasileiras e manteve o valor justo do Ibovespa em 145 mil pontos (atualmente, está em 126 mil pontos) para o ano de 2024. A XP acha que os catalisadores principais serão o início dos cortes de juros nos Estados Unidos e um fluxo melhor de notícias sobre as políticas monetária e fiscais.

Contudo, o cenário econômico externo volátil, as incertezas sobre as políticas monetária e fiscal domésticas e as maiores interferências do governo nas empresas ainda estão no foco. Por isso, a casa aconselha ficar longe de nomes de empresas cíclicas, que dependem dos juros mais baixos. A indicação é escolher empresas de qualidade e geradoras de caixa.

A casa afirma que anda enxergando uma melhora nas empresas brasileiras, com as empresas gerando muito caixa e distribuindo dividendos melhores que a média e as expectativas de lucros sendo revisadas para cima.

Títulos atrelados à inflação e prefixados

A corretora aconselha assumir mais riscos em aplicações financeiras de renda fixa para aproveitar as elevadas taxas que vê nos títulos prefixados e de inflação no Brasil. Contudo, indica optar pelos papéis com prazo de vencimento mais curto, abaixo de três anos.

Os títulos preferidos são os que acompanham a inflação no Tesouro Direto, que estão pagando inflação mais acima de 6% de juro real. Além da atratividade das taxas, os títulos protegem contra a inflação, que deve continuar acima da meta do Banco Central), caso sejam mantidos até o vencimento.

"Nossa preferência é a renda fixa atrelada à inflação. Aqueles que compraram títulos públicos federais por IPCA mais 6,4% tiveram retornos positivos acima do CDI em 85% das janelas nos últimos dez anos, ou seja, a probabilidade deles renderem mais que o CDI é bastante alta e além disso o investidor se protege contra a inflação, a maior destruidora de valor dos portfólios, principalmente sem um fiscal consistente que causa uma desancoragem das expectativas de inflação", disse Wichmann.

"A bolsa está barata e tem ótimas empresas, mas quando se compara a bolsa com os títulos de renda fixa, essa comparação fica difícil. A bolsa está barata em termos absolutos, mas em termos relativos preferimos o Tesouro IPCA", acrescentou.

Além deles, os papéis prefixados voltaram a pagar taxas próximas a 12% ao ano (ou acima, no caso de papéis privados), patamar que não era observado há alguns meses. Apesar de enxergar oportunidade, a XP reforça que as incertezas podem causar volatilidades adicionais, por isso indica os prazos mais curtos, de até três anos.

Fundos imobiliários de papel

A XP está construtiva com fundos imobiliários, mas mudou a recomendação desses produtos em relação ao início do ano diante das incertezas no país e da alta nas expectativas de juros, que tornam mais desafiador o cenário para essa categoria.

Agora, aconselha que os brasileiros busquem mais rendimentos (chamados de “dividend yield”) por meio dos fundos de recebíveis imobiliários, os chamados “fundos de papel”, e não por meio dos fundos de tijolos, que são mais sensíveis aos movimentos de juros. Os fundos de papel trazem mais resiliência para as carteiras, especialmente os com melhor relação de risco e retorno, mais conhecidos como “high grade”.

 — Foto: GettyImages
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