No cenário global, as bolsas em alta e as taxas de juros em leve acomodação, especialmente por conta dos dados econômicos nos Estados Unidos que indicam um ciclo de cortes de juros graduais se iniciando em setembro, fizeram de junho um mês benigno para o mercado de capitais. Mas olhando para dentro de casa, uma combinação de "posição fiscal frágil com barulho político" tornou o mês "explosivo", na avaliação da Verde Asset Management, de Luis Stuhlberger.
Em seu relatório mensal de gestão, a casa credita a "declarações inflamatórias" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a razão da "deterioração mais aguda dos mercados brasileiros".
Mesmo nesse contexto, em junho, o fundo multimercados da Verde apresentou alta de 1,66%, ficando acima do indicador de referência, o CDI, que teve alta de 0,79%, e levando o acumulado de 2024 a 2,40%. Os ganhos vieram, entre outros fatores, da posição comprada em dólar contra o real, das posições de juro global e em ações no Brasil, e de uma pequena alocação em petróleo. As perdas vieram da posição no Peso mexicano – já zerada – e no Franco suíço.
A gestora de Stuhlberger vê que a maioria das variáveis macroeconômicas no Brasil está em "trajetória decente e não há vulnerabilidades externas relevantes", mas como efeito das declarações do presidente o mercado chegou a calcular um ciclo de alta de juros de mais de dois pontos percentuais nos próximos 18 meses.
O relatório ressalta ainda que "enquanto o governo não reconhecer a realidade de que o crescimento do gasto foi descontrolado nestes primeiros dezoito meses de mandato, a situação continuará volátil e difícil". "Não por acaso que o mercado está preocupado e reage negativamente a discursos inflamados. A situação fiscal é sim bastante frágil. Vale lembrar que os gastos do governo estão crescendo a uma taxa de 12,9% real".
Para a Verde Asset, o "mercado precisará ver resultados concretos nos números, e não apenas comprará promessas".
O documento da gestora faz um apontamento ainda sobre as eleições americanas. Para eles, frente à performance sofrível do presidente Joe Biden no primeiro debate, a probabilidade de vitória do ex- presidente Donald Trump se elevou substancialmente. "Nos próximos meses a eleição americana deve se tornar fator dominante na avaliação dos ativos e seguimos buscando posicionar o portfólio para se beneficiar disso".
O fundo manteve sua alocação em bolsa brasileira em 7,5%, enquanto a global se expandiu passivamente para 6%. Em juros, a gestora manteve alocação comprada em juro real nos EUA e em inflação implícita no Brasil (diferença entre as taxas de juros nominal e real, que considera a inflação, usada como principal indicador do nível futuro de preços).
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![Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset. — Foto: Anna Carolina Negri/Valor](https://s2-valor-investe.glbimg.com/jks6QmJZoye2fwUQcvp8wsd4rIo=/423x242:3447x1975/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2022/D/N/DosKNMQcyVyFm4JCRV6Q/050922-20verde-20asset16.jpg)