Tesouro Direto: taxas fecham em disparada; o que esperar nessa semana?

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Durante a interrupção, os investidores não conseguem fazer novos aportes nem resgatar títulos que já estiverem em suas carteiras. A volta dos papéis foi marcada por uma disparada nos juros oferecidos por eles, e permaneceu até o fechamento da sessão.

Destaque para o Tesouro IPCA com vencimento em 2029, que ofereceu 6,49% ao ano de retorno real, frente aos 6,39% da sessão anterior, encerrada na última sexta-feira (28). Esse é o maior patamar alcançado pelo título desde janeiro do ano passado.

Já os papéis prefixados com prazo para 2031 pagaram 12,55%, acima dos 12,46% do último fechamento. O papel paga o maior retorno desde quando começou a ser disponibilizado, em fevereiro deste ano.

"Alguns títulos públicos são negociados no que se chama de mercado secundário e costumam ter uma característica diferente em relação às negociações, então mesmo que o Tesouro esteja bloqueado para fazer movimentações, seja aplicações ou resgates, você costuma ter acesso através de corretoras. Então, pensando em liquidez, isso explica porque normalmente o Tesouro Selic continua sendo negociado", explica o sócio e chefe de renda fixa na Nippur Finance, Jonathan Caye.

Hoje, o Banco Central divulgou mais um Boletim Focus prevendo alta da inflação e do dólar no curto prazo. De acordo com o documento, a expectativa para a inflação deste ano saiu de 3,98% para 4,00%, em movimento igual ao das últimas semanas.

O mesmo aconteceu com a previsão para o próximo ano, que também vem subindo há algumas semanas. Para 2025, a projeção saiu de 3,85% para 3,87%.

Para a Selic deste ano, a mediana das expectativas ficou no mesmo patamar após subir há duas semanas. A projeção ficou em 10,50% no fim de 2024.

As taxas são sensíveis às expectativas sobre a inflação e Selic, o que causa volatilidade no mercado de títulos públicos. Juntando aos últimos acontecimentos fiscais, os investidores ficam mais receosos de que o governo não dê conta das contas públicas.

"Há uma resistência em alongar as aplicações e o investidor fica só no Selic, fazendo as taxas subirem", explica o colunista do Valor Investe e da rádio CBN, Marcelo D'Agosto.

Vale lembrar que as taxas e preços dos títulos são inversamente proporcionais. O que significa dizer que, tanto nos papéis prefixados quanto naqueles indexados ao IPCA, quanto maior a taxa, menor o preço e vice e versa. Quando as taxas sobem, portanto, apesar de ser uma boa notícia para quem vai investir — já que assegura rentabilidade maior se mantiver a aplicação até o vencimento, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.