Adestramento

Por Isadora Moraes


O adestramento é uma forma de educar o cão para que ele tenha um comportamento desejável pelo tutor — Foto: Canva/ Creative Commons
O adestramento é uma forma de educar o cão para que ele tenha um comportamento desejável pelo tutor — Foto: Canva/ Creative Commons

O adestramento de cães serve para o tutor descobrir como os peludos aprendem o que é “certo” e “errado”, para que, depois, ele consiga educar o seu próprio pet, mostrando qual é o comportamento desejável pela família.

A partir do momento em que o responsável compreende como funciona a lógica canina, a comunicação entre ele e o pet melhora significativamente. É o que explica o adestrador Douglas Granger Cardoso, franqueado de uma empresa de adestramento e consulta de comportamento.

“A ideia é educar o cão e todos os integrantes da família. Assim, será possível ensinar eficientemente várias coisas ao pet, como o lugar certo do xixi, não destruir móveis, passear tranquilo, socializar com outros cachorros e pessoas e ficar confortável em lugares públicos.”

Quando procurar um adestrador?

O ideal é contratar o especialista assim que o tutor identificar comportamentos que dificultam a convivência, como latidos em excesso, mordidas e destruições, segundo Gustavo Luiz Teixeira, médico-veterinário e adestrador de cães.

Além disso, Douglas elenca os sinais que indicam a necessidade de um adestrador: cachorro puxando a guia durante o passeio, comportamento agressivo e possessivo (com brinquedos e comida), animal comendo as próprias fezes e fobias de objetos e barulhos.

Quanto mais novo o cão for adestrado, mais fácil será para ele aprender os comandos  — Foto: Canva/ Creative Commons
Quanto mais novo o cão for adestrado, mais fácil será para ele aprender os comandos — Foto: Canva/ Creative Commons

O tutor não deve esperar os comportamentos negativos se agravarem para procurar um profissional, pois isso deixará o momento de aprendizagem ainda mais difícil para a família e o pet.

“O momento ideal para iniciar o adestramento do cão é assim que ele chegar na casa do tutor. O pet aprende coisas novas o tempo todo, tanto boas quanto ruins. Quanto antes ele aprender as regras da casa, mais fácil será o convívio”, afirma o adestrador André Vianna.

Adestrar não é robotizar o animal. O tutor consegue educar o pet de diversas maneiras, mas é importante compreender que o cão tem os seus instintos, tentar “programá-lo” é o pior caminho, alerta Gustavo Luiz.

“Cão precisa correr, esfregar na grama, na lama e no chão. O tutor não pode privá-lo de ser cachorro”, reforça o profissional.

Quais são os tipos de adestramento de cães?

1. Reforço positivo

O adestramento com reforço positivo visa educar o cão a partir de estímulos prazerosos após ele ter concluído uma tarefa com sucesso. Por exemplo: se o tutor falar 'senta' e o cão obedecer, ele ganhará um petisco.

Os comandos básicos como deita, fica e vem também são ensinados com essa técnica. O pet passa a associar a tarefa solicitada como algo bom, pois sabe que terá uma recompensa final.

“Basicamente, acrescentamos alguma coisa durante o treinamento para o comportamento desejado permanecer, seja um petisco ou brinquedo”, explica André.

2. Reforço "negativo"

Esse adestramento não está relacionado a agressões ou maus-tratos, é apenas o método. Segundo André, durante esse treinamento, o tutor tira algo do pet para o comportamento desejável permanecer.

Exemplo: o cachorro está puxando a guia na rua. Para ele parar com esse comportamento, o tutor fica imóvel até o cão não esticar a guia. Nesse caso, o responsável tira o momento da caminhada para o animal compreender que puxar a guia não é uma atitude desejável.

Geralmente, o especialista mistura o reforço positivo com o negativo para obter o resultado esperado, explica André. Depende muito do peludo e de seus hábitos.

3. Adestramento para cães de assistência

Esse treinamento é voltado para cães de tutores autistas, pessoas com deficiência visual e dificuldade motora, segundo Gustavo Luiz.

O animal é preparado para seguir comandos que facilitam a vida do responsável, ajudando na locomoção e atividades diárias, como ida ao trabalho ou ao banco.

Esse adestramento é um pouco mais complexo e a metodologia pode variar conforme a necessidade de cada tutor.

4. Guarda e proteção

Existem algumas raças, como o pastor belga malinois, que são muito inteligentes e reagem bem às ordens. Por isso podem ser adestradas para a função de guarda e proteção.

Este treinamento aguça o instinto de defesa do cão. Por meio de comandos, o tutor sinaliza para o pet qual é o comportamento esperado em cenários de perigo.

A ideia é o animal seguir os comandos do responsável em todas as circunstâncias, a fim de proteger a casa ou estabelecimento comercial, e depois é recompensado por isso, explica Gustavo Luiz.

Quando adestrado, o pastor belga malinois é um ótimo cão de guarda  — Foto: Canva/ Creative Commons
Quando adestrado, o pastor belga malinois é um ótimo cão de guarda — Foto: Canva/ Creative Commons

Essa metodologia é indicada para residências que precisam de reforço na segurança ou comércios que não têm guardas.

Rottweiler, cane corso e boxer são alguns cães que também possuem instinto protetor, e podem ser adestrados nessa modalidade.

5. Treino avançado

Esse adestramento segue uma linha mais esportiva, segundo Douglas. Nessa modalidade, o cachorro aprende a saltar e executar circuitos complexos e em sequência ao lado do tutor. “Por exemplo, para o agility, que é uma atividade de sequenciamento de obstáculos com saltos, zig zag e túnel.”

O agility aumenta o vínculo entre tutores e cães e ainda é benéfico para a saúde de ambos. No caso dos pets, ajuda a melhorar o raciocínio, a condição pulmonar, o condicionamento físico e vascular, diz o adestrador e especialista em comportamento canino Duarte Leopoldo.

As técnicas utilizadas neste treinamento podem variar conforme o resultado buscado pelo responsável.

Qual é adestramento o mais indicado?

A maioria das famílias busca um adestrador para deixar o cão mais sociável e tranquilo com outros pets e pessoas, além de ensiná-lo a fazer as necessidades no local correto.

“Para essa maioria, o mais indicado é realizar um treinamento comportamental com reforço positivo quanto antes”, diz Douglas.

Contudo, apenas o adestrador conseguirá analisar o animal para aplicar as técnicas necessárias. Isso muda conforme a necessidade de cada tutor e peludo. Além disso, mais de um treinamento pode ser aplicado no mesmo cão.

Os responsáveis que optarem por treinamentos específicos como cão de guarda e avançado esportivo devem se atentar na hora de contratar o profissional, “pois são adestramentos fora da curva e exigem uma orientação assertiva”, alerta Douglas.

Antes de tudo, nesses casos, o adestrador deve orientar quais são as raças ideais para esses treinamentos, que podem entregar o resultado que os tutores desejam.

Os treinamentos específicos, como agility, exigem mais energia dos tutores e de seus cães  — Foto: Canva/ Creative Commons
Os treinamentos específicos, como agility, exigem mais energia dos tutores e de seus cães — Foto: Canva/ Creative Commons

De acordo com Gustavo Luiz, o adestramento pode durar 30 dias, 6 meses ou até 18 meses. Tudo dependerá do objetivo do tutor e como o cão responderá ao treinamento. O tempo da aula varia entre 1 e 2 horas.

Para achar um bom adestrador, o especialista sugere que o tutor pegue indicações com pessoas próximas que já passaram pelo processo de treinamento canino. Essa é uma forma segura e inteligente de escolher um profissional qualificado para acompanhar o pet pelos próximos meses.

Ademais, o ideal é marcar um primeiro encontro para ver se o cão se identifica com o treinador e se as técnicas utilizadas não são subversivas. Tudo que agride o físico e o psicológico do animal não deve ser aplicado.

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