Comida no Pote

Por Por Fabio Teixeira


A mudança da dieta não resolve todos os problemas de saúde, segundo especialista — Foto: Canva/ CreativeCommons
A mudança da dieta não resolve todos os problemas de saúde, segundo especialista — Foto: Canva/ CreativeCommons

Como comentei no último texto da coluna, nem sempre que o animal está doente precisamos fazer mudanças drásticas na alimentação. Em alguns casos, ajustes simples já ajudam bastante, principalmente se o animal sempre recebeu um alimento completo e balanceado, de alta qualidade.

Nesse contexto, é muito importante entender que a dieta nem sempre é a causa do problema do pet. Hoje em dia, na rotina da clínica, vejo muitos tutores querendo mudar a alimentação do animal para curá-lo de determinadas doenças que não são causadas pela dieta. Existem dois exemplos que são bem comuns: animais com câncer e com alterações na pele.

Quando se trata da derme, principalmente nos pacientes com coceira, os tutores culpam inicialmente a comida. A frase clássica é: “vim aqui para mudar a alimentação do meu animal, porque acho que ele tem alergia à ração”. Nessa situação, muitas vezes, mudamos a dieta para testar se ela é o real problema, como uma forma investigativa, mas sabe-se que na maioria dos animais com alergia manifestada na pele, a coceira não é causada pela alimentação. É mais comum que eles tenham os quadros de atopia, ou seja, a alergia que ocorre devido a fatores ambientais, como ácaros.

Antes de fazer alguma alteração na dieta do pet, o tutor deve levá-lo ao médico-veterinário — Foto: Canva/ CreativeCommons
Antes de fazer alguma alteração na dieta do pet, o tutor deve levá-lo ao médico-veterinário — Foto: Canva/ CreativeCommons

Há também os quadros de reações alimentares que podem se manifestar no intestino, ou seja, aqueles animais que apresentam diarréia crônica. As estatísticas são invertidas em comparação ao exemplo da pele: no caso do trato gastrointestinal, a mudança alimentar pode resolver cerca de 60% a 80% dos casos de diarréia ou vômito crônico. Mas é importante deixar claro que essa porcentagem considera os bichos que já passaram por avaliação veterinária, na qual descartou-se a possibilidade de algumas doenças como verminoses e doenças metabólicas e que tiveram mudanças alimentares específicas.

Quanto ao câncer, não há evidências de que a alimentação, seja comida caseira ou ração, as chamadas “naturais” ou não, é capaz de evitar ou tratar a doença. Cães e gatos com câncer podem se beneficiar de mudanças alimentares e uso de suplementos específicos, mas não devemos ter a falsa ilusão de que estaremos curando ou evitando a ocorrência da condição.

Na questão alimentar, o que é comprovado da relação entre a comida e o câncer é a obesidade, ou seja, os animais que são mantidos no peso ideal ao longo da vida tendem a ter menos risco de desenvolver doenças graves, inclusive o câncer. Mas isso é conversa para uma próxima coluna!

Fabio Teixeira, médico-veterinário e fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos, é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)
Fabio Teixeira, médico-veterinário e fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos, é colunista do Vida de Bicho — Foto: ( Divulgação)

Fabio Teixeira é médico-veterinário e fundador da Sociedade Brasileira de Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos. O especialista também fundou o NutricareVet, empresa veterinária relacionada a nutrição animal, e dá cursos de especialização.

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