Comportamento

Por Por Bruna Minelvino


Frida no seu primeiro dia no novo lar — Foto: ( Bruna Minelvino/ Arquivo pessoal)
Frida no seu primeiro dia no novo lar — Foto: ( Bruna Minelvino/ Arquivo pessoal)

Era um dia de trabalho comum quando recebi pelo celular a foto de uma cadelinha linda olhando pra mim. Foi amor à primeira vista! Apesar da pouca afinidade com cachorros, eu me apaixonei pela filhotinha que tinha 40 dias e pesava menos de 1 quilo. Ela estava à procura de um lar e eu instantaneamente disse que toparia embarcar nessa aventura. Em menos de 10 minutos decidi que o seu nome seria Frida, por causa de suas sobrancelhas juntas, em homenagem à artista mexicana Frida Kahlo.

Evandro, meu esposo, sempre foi vidrado em cães da raça Pinscher. Durante a infância e adolescência, ele teve alguns pares desse peludo que, embora às vezes não deixe transparecer, transborda amor. Exatamente no dia 10 de dezembro de 2017, ele perdeu a a cachorra que durante 10 anos acompanhou o início da sua fase adulta. Ela morava na casa dos pais dele, mas tinha um enorme apego com o seu “irmão mais velho”. Belinha teve complicações causadas pela diabetes e não resistiu ao tratamento de hemodiálise.

Na semana seguinte, sem consultar os seus pais, Evandro resolveu dar de presente uma nova Pinscher para ocupar o vazio que a Belinha havia deixado. Aí é que começa a nossa história de amor com a Frida! Os seus pais já haviam se desfeito dos pertences da pequena cachorra falecida e, naquele momento, não estavam preparados para começar uma nova história, então ele trouxe a Frida para nossa casa.

O primeiro dia foi uma festa, escolhemos caminha, cobertor, comedouros, fralda higiênica e apresentamos para ela o seu novo lar. Frida foi intensa desde o primeiro dia, queria explorar o apartamento todo e não se contentava com os pequenos espaços delimitados a ela. Pronto, Frida virou nosso bebê! Na época, tínhamos 4 anos de casados e ainda nenhuma intenção de ter filhos, mas ganhamos uma filha de 4 patas. Mudamos a rotina da casa, da vida, da faxineira, das viagens e até das amigas que passavam em casa durante a nossa ausência para certificar que Frida estava bem.

Com 5 meses de vida, Frida já havia mostrado cada centímetro da sua personalidade e comido metade do nosso apartamento. Contratamos adestradores, compramos dúzias de brinquedos e meia dúzia de casinhas, da qual ela coemeu todas. Sofá, cortina, tapete, e rodapé tinham sua marca registrada. Era tanta energia, que ela não parava um segundo e com qualquer descuido ela subia até em cima da mesa.

Frida no dia em que foi para castração — Foto: ( Bruna Minelvino/ Arquivo pessoal)
Frida no dia em que foi para castração — Foto: ( Bruna Minelvino/ Arquivo pessoal)

Quando ela completou 6 meses, optamos pela castração. Na minha inexperiência com cachorros, ouvi todas as vozes de sabedoria que diziam “castra que ela acalma”. Escolhemos um veterinário indicado pela família que já havia castrado 4 ou 5 cachorros de pessoas próximas e lá fomos nós. Fizemos os exames solicitados e numa sexta-feira de abril, deixamos nossa Fridinha na clínica para fazer a castração. O combinado foi buscá-la no final do dia, quando já tivesse com os efeitos da anestesia mais amenos.

Frida voltou para casa, mas não voltou ser quem ela era! No mesmo dia percebemos que ainda estava muito sonolenta e com o olhar muito apagado. O veterinário responsável pela castração afirmou que esses efeitos colaterais passariam e no dia seguinte ela estaria melhor. O que temíamos aconteceu, ela piorou e piorou muito. No sábado pela manhã, voltamos com ela para clínica, ela recebeu medicamentos com a explicação de que a anestesia (injetável) havia afetado o seu fígado. Nossa bebezinha não ficava mais do que 30 minutos sem crises de vômitos. Ela passou o dia todo assim e o quadro se agravou ainda mais no domingo. Partimos para outra clínica, pois a que havia realizado a cirurgia dela estava fechada. Imediatamente, ela foi encaminhada para o setor de internação com o diagnóstico de desidratação devido às crises constantes de vômitos.

Não havia outra opção a não ser deixar ela na clínica, recebendo soro e medicações na veia, com a promessa que em 24 horas o estado de saúde estaria estável. Voltamos para casa com o coração apertado, mas com a certeza de que seria o melhor para ela. Na segunda-feira, recebemos ligações e mais ligações pedindo por autorizações de exames sem muitas explicações do que estava acontecendo. Quando voltamos à clínica na hora estipulada da visita, a nossa Fridinha já não nos reconhecia, estava expelindo líquidos escuros por todos os lados, tinha o olhar perdido e estava com a pele gelada. Não havia outra opção se não deixar ela com supervisão médica por mais uma noite. O que não contávamos é que receberíamos uma ligação no meio da madrugada dizendo que a nossa cadelinha, completamente saudável, que tinha sido submetida à uma simples castração, havia falecido. O único diagnostico que recebemos é que ela tinha nascido com apenas um rim, e provavelmente o seu corpo não conseguiu filtrar a anestesia.

O nosso mundo caiu. Eu, que nunca tinha passado por essa experiência, sentia uma dor que ardia o peito. Como assim a nossa companheira havia partido tão cedo? Logo comigo, que estava aprendendo amar de uma forma que eu não conhecia. Vivemos o luto intenso, tão avassalador quanto os seus poucos meses de vida na nossa casa. Era muito estranho abrir a porta e não sentir medo do que havia sido destruído naquele dia. Eu, prematuramente, decidi que nunca mais teria outro animal, porque não queria sentir aquela dor, não queria perder assim tão bruscamente alguém que já era parte da nossa família. Mas o que eu ainda não tinha entendido, era que ela veio para provocar esse amor desconhecido, despertar esse sentimento, abrir portas para o mundo pet que era tão distante do meu convívio.

Lola, a nova integrante da familia — Foto: ( Divulgação)
Lola, a nova integrante da familia — Foto: ( Divulgação)

Foi assim que, alguns dias depois, eu percebi que pra sempre faltaria um anjinho companheiro no nosso lar se eu me fechasse às novas oportunidades de amar outros bichos. Então muito naturalmente fomos escolhidos pela nova integrante da família, a Lola! Em um passeio despretensioso por uma loja pet do bairro onde moramos, cruzamos o olhar com essa mini yorkshire terrier. Ela tinha 4 meses e estava sendo curada de uma pneumonia intensa da qual havia herdado do canil. Quando menos percebi, ela já estava de laço e nos meus braços, pronta para vir para casa. Aos poucos, comecei notar que ela jamais tomaria o lugar da Frida, mas que ela só estava ali porque um dia a breve passagem da nossa pinscher tinha deixado os caminhos abertos para ela. Lola conquistou cada pedacinho do nosso coração partido, ela é completamente o oposto da nossa primeira cachorrinha, dorme o dia todo, não faz bagunça e pode ser considerada quase a minha sombra dentro de casa. Hoje, a Lola tem 4 anos, foge o dia inteiro dos seus irmãos humanos bebês trigêmeos, e é a maior companheira de home office que eu poderia ter.

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