Convulsão em cachorro: entenda as causas e saiba como ajudar o seu pet

Segundo veterinários, crises convulsivas não são raras nos cães

Por Gladys Magalhães


Ao contrário do que muita gente imagina, as crises convulsivas, também chamadas de crises epiléticas, não são raras nos cães. Apesar disso, na maior parte das vezes, os motivos que levam aos episódios são desconhecidos.

Durante uma crise convulsiva não se deve colocar a mão ou qualquer objeto na boca do pet — Foto: Pixabay / Daniel Borker / CreativeCommons

“A maioria dos casos de convulsão são idiopáticas, ou seja, não há um motivo específico que leva o animal a apresentar este quadro, mas este só pode ser confirmado após exclusão de outros fatores ou causas”, relata a médica-veterinária Andreia Tamaio, do Hospital Vet Popular.

A profissional elenca como principais gatilhos para os episódios convulsivos:

  • estresse;
  • som alto;
  • hipoglicemia;
  • hipertermia;
  • neoplasias cerebrais;
  • intoxicações; e
  • mudança brusca de rotina ou ambiente.

Convulsão e epilepsia são a mesma coisa?

Muita gente se confunde, mas convulsão e epilepsia não são sinônimos. Por ser comum chamar esses episódios tanto de convulsão quanto de crise epiléptica, surge essa dúvida. No entanto, diversas situações podem causar episódios de convulsão, como já mencionamos lá no início da matéria. Para que um animal seja diagnosticado com epilepsia, há outros fatores que precisam estar presentes.

Como nos explica a neurologista veterinária Raquel Cantarella, do Hospital Veterinário Veros, a epilepsia é um distúrbio do sistema nervoso central, caracterizado pela predisposição em gerar crises recorrentes e espontâneas, causado por descargas ou impulsos elétricos incorretos emitidos pelos neurônios.

Portanto, se o seu cãozinho teve alguma crise, ele não necessariamente sofre dessa doença. É importante investigar junto ao veterinário de confiança para entender melhor o caso.

Sintomas de convulsão nos cachorros

No momento da crise, os sintomas mais comuns nos animais são:

  • perda total ou parcial da consciência,
  • rigidez dos membros e pescoço,
  • movimentos repetitivos de pedalagem,
  • tremores musculares e faciais,
  • vocalização,
  • salivação excessiva,
  • micção e defecação durante o episódio.

“Outras formas menos comuns de sintomas de crise epiléptica são lambeduras repetitivas no próprio corpo, chão ou ar; momentos de ausência de consciência sem rigidez muscular e tremores faciais repetitivos”, completa Raquel.

Em quais raças é as convulsões são mais comum?

Diferentes raças caninas possuem maior ou menor predisposição a algumas condições de saúde. No caso das convulsões, não é diferente, confirmou a médica-veterinária Elidia Zotelli. Professora do Centro Universitário FMU, ela listou as raças em que os episódios são mais comuns:

  • labrador retriever;
  • pastor belga;
  • pastor alemão;
  • boxer;
  • irish wolfhound;
  • english springer spaniel;
  • vizsla;
  • bernese;
  • poodle;
  • e border collie.

Já quanto à idade, a profissional alerta que entre 1 e 5 anos as crises são mais comuns.

Algumas raças tem mais predisposição para ter crise convulsiva, incluindo o poodle — Foto: Pixabay / Deborah Windham / CreativeCommons

O que fazer quando um cachorro tem uma convulsão?

Ao se deparar com o cachorro durante uma crise convulsiva, mesmo que seja difícil, tente manter a calma, filmar a convulsão com o celular e observar a duração do episódio. Tais informações irão auxiliar o medico-veterinário a definir um tratamento.

Vale lembrar que é muito importante procurar um profissional imediatamente após a crise convulsiva, ou mesmo durante ela, se o tempo de duração for maior que cinco minutos.

“Certifique-se de mantê-lo firme no chão ou local que está acontecendo a crise, tomando cuidado para que o cão não bata a cabeça. É importante ainda retirar outros animais do ambiente — alguns podem ficar assustados e serem agressivos logo após as crises”, orienta Elidia.

Raquel alerta ainda que não se deve colocar a mão ou qualquer objeto na boca do pet durante uma crise epilética.

“Sempre reforço com os tutores que, no momento da crise, evitem pegar os animais no colo, colocá-los de barriga para cima e jamais segurem o focinho ou coloquem a mão na boca para abri-la ou segurar a língua. Como neste momento o paciente está sofrendo movimentos involuntários, é possível ocorrer acidentes graves ou complicações maiores.”

Sequelas e tratamento

Ainda que não seja uma doença, mas, sim, um sintoma, a convulsão em cachorro pode deixar sequelas graves e irreversíveis, independentemente da idade em que aconteça.

Contudo o tratamento dependerá da doença que está causando as crises, o que deve ser investigado pelo médico-veterinário.

O diagnóstico costuma envolver o levantamento histórico de saúde do animal, análise de comportamento, forma, frequência e duração das crises, além do pedido de exames de imagem, como ressonância e tomografia, e análise de liquor, entre outros.

O tratamento, por sua vez, abrange, entre outras coisas, o uso de anticonvulsivantes.

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