• Aline Midlej (@alinemidlej)
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Young woman using mobile app on smartphone to arrange transportation ride in city street at sunset (Foto: Getty Images)

(Foto: Getty Images)

Pouco mais de um ano depois da estreia do documentário que mudou nossa forma de ver e entender as dinâmicas nas redes sociais, vivemos um apagão inédito que mexeu bastante com a vida e emoções de quase 3 bilhões de pessoas no mundo. Para muitos estudiosos no tema, o filme Dilema das Redes – há algumas semanas disponível também de graça no YouTube – é apenas a ponta do iceberg de problemas muito maiores. Nele, assistimos, entre outras situações, ex-funcionários da gigante tecnológica denunciarem que saíram por questões éticas, de transparência, e que hoje seus filhos passam longe de qualquer uma dessas plataformas.

A perversidade dos algoritmos já não é novidade. São capazes de dificultar a necessária pluralidade em muitas formas, facilitando o trânsito de desinformação, discursos de ódio e pensamentos extremistas, que nos afastam de uma coexistência mais pacífica e interessante. Vou poupar os leitores da retórica dos últimos dias nesta cobertura da pane do Facebook, tampouco vou levantar uma tese sobre abstinência digital ser a nova onda dos descolados.

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Na era da informação quero falar de escolhas. Já usei o espaço dessa coluna para falar do valor do nosso tempo, a partir do que elegemos como prioridade. Agora quero compartilhar o aprendizado que me propus nesses últimos dias, desde que compreendi que dopamina pode ser treinada, na pegada consciente com a qual já estamos lidando no mundo moderno.

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A cada like sentimos aquele prazer tão particular e tão compartilhado por todos os conectados do planeta. É universal, não adianta negar. Abrace a dopamina. Esse neurotransmissor que atua no sistema nervoso é nossa fonte de humor e prazer, mas não deixe mais o hábito virar vício. Vamos fazer uma curadoria da dopamina, ache novos estímulos para ela no seu cérebro FORA do mundo on-line: “Todo seu corpo agradecerá”, foi o que ouvi dos especialistas com os quais conversei por SMS durante o apagão da última segunda-feira, 04.11.
   
Mas a luz voltou em forma de centenas de mensagens acumuladas e aquele alívio gigantesco (dá-lhe dopamina!). Mas dá para aproveitar a oportunidade. Ao invés de ficar se perguntando se desaprendeu a falar ao telefone, se você é uma fraude viciada em feeds, coloque em prática uma rotina de auto-observação, sem chicote virtual.

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Descobri que há opções de aplicativos – gratuitas e pagas – em que o usuário determina quanto tempo quer passar por dia nas plataformas, e então o sistema bloqueia e impede o acesso se esse período for ultrapassado. Baixei um desses, e farei uma experiência de um mês. Volto neste espaço para contar como foi.  

Ouvi de muitas pessoas, entre amigos, colegas e familiares, que o dia pareceu mais improdutivo sem as redes zap zap e Instagram. E não estou falando dos empreendedores que realmente tiveram seus negócios afetados – mas de dopamina viciada. Na era da informação, vamos de dopamina consciente. Vale o treino e sem pressão, afinal, #tamujunto.