Suelen Gervásio faz relato emocionante do parto da filha: "Pari sozinha, em pé"

Ainda era uma dor suportável, ela vinha, depois passava e eu voltava a dormir. Foi assim até umas 7 horas da manhã, quando não aguentei mais ficar deitada. A madrinha da minha filha encheu uma banheira com água quente e umas folhas para eu dar uma relaxada. Eu já tinha ido para o médico várias outras vezes achando que ia parir, e não era o momento. Como eu sou mãe de primeira viagem, não sabia o que era a cólica do parto.

A água quente me ajudava muito na dor. Quando a contração vinha, me jogava para frente, me contorcia, sentia dor na pélvis. Era diferente de tudo que eu já tinha sentido. Fiquei preocupada, com medo de esperar muito para ter um parto humanizado e acabar prejudicando a minha filha. Decidi ir para o hospital.

Chegamos lá às 11h38 e fui para a observação. Recebi um tratamento maravilhoso. No exame de toque viram que eu cheguei com seis dedos de dilatação. Eu estava em casa dilatando e nem sabia.

Fiquei internada mais ou menos até às 13:45, as cólicas indo e voltando, indo e voltando. Os batimentos cardíacos da minha filha mostravam que ela estava bem.

Fui para a sala de parto com 7 dedos de dilatação. A médica falou para eu andar, dançar, fica um pouco na água quente... Quando estava na banheira escutei um 'ploft' dentro de mim, senti alguma coisa estourando. Na hora eu gritei pela médica, ela veio correndo. A madrinha, que tinha ido comer, também chegou.

A médica falou: 'olha, você está com muita dilatação, eu vou pegar o restante dos equipamentos. Você vai parir'. Ali eu entendi: minha filha está vindo. O que eu faço agora? Como é isso? A madrinha saiu para avisar minha prima e buscar umas coisas também para a sala de parto.

Mas nesse tempo em que fiquei sozinha na água senti uma vontade muito grande de evacuar. Levantei. Na hora veio uma contração muito forte e eu senti a cabeça dela descendo. Me desesperei, entendi que eu precisava colocar minha filha para fora. Ela precisava de mim naquele momento, mais do que em qualquer outro.

Quando a contração vinha eu respirava e empurrava para baixo. O meu corpo mandava e eu fazia aquilo, como se já soubesse. Eu senti a cabeça dela descendo e dei um grito muito alto, fiz uma força que jamais tinha feito na vida, que nunca achei que seria capaz.

Quando dei o segundo grito, senti a cabeça dela já no meio das minhas pernas. No terceiro, fazendo força para baixo, senti o ombrozinho dela girando, senti seu corpinho vindo. Posso dizer para vocês que eu pari sozinha. Em pé.

Nessa hora a médica chegou correndo. Minha filha veio escorrendo, segurei ela e a médica me ajudou a pegar a bebê e colocar no meu colo. Olhei para minha menina e falei: 'filha, a gente conseguiu'. Nós duas, juntas, conseguimos.

Me senti uma mulher muito forte. Senti nós duas com uma grande conexão. "Você está aqui! Estamos juntas!". Foi de uma força inimaginável.

Agradeço muito a Deus e aos meus orixás por ter deixado eu ficar tranquila nesse momento, ainda mais ali sozinha com uma contração tão forte que eu não conseguia nem gritar por ajuda. Só conseguia pensar que a cabeça dela estava passando e eu precisava tirar ela dali. Até hoje estou tentando entender qual Suelen agiu ali naquele momento.

Meu parto foi maravilhoso. Doloroso e gratificante na mesma proporção."