Wellness

Por Filipe Batista @filipebatistapsiquiatria


WELLNESS (Foto: Vogue Brasil) — Foto: Vogue
WELLNESS (Foto: Vogue Brasil) — Foto: Vogue

Por que esperamos por mudança quando não nos implicamos para que ela ocorra? Não se colhe batata plantando cenoura. Transformações demandam dedicação, sobretudo quando dizem respeito a hábitos pessoais. Bem-estar é um conceito complexo, mas facilmente reconhecido quando vivido. Envolve a interação de múltiplos determinantes e a prática de uma série de medidas, algumas delas obtidas ou potencializadas através de atitudes simples, como exercício físico, alimentação saudável, interação social, moderação ou interrupção do consumo de álcool, tabaco e outras substâncias psicoativas. Parece fácil à primeira vista, mas nós médicos sabemos que a incorporação de rotinas e comportamentos promotores de saúde desafia nossos pacientes e a nossa prática clínica diariamente.

Até aqui, nenhuma novidade. A maioria das pessoas sabe ou tem noção do que precisa ser feito. Mas se é verdade que estão fartas de saber, por que simplesmente não o fazem? As causas são diversas e devem ser avaliadas caso a caso. Podem se esbarrar, por exemplo, em fatores físicos, incluindo alterações hormonais e metabólicas; condições psiquiátricas, como depressão, transtornos alimentares e de ansiedade; bem como contingências externas que fogem ao controle. Mas não é sobre esses casos que pretendo abordar. Na ausência dos impedimentos anteriormente mencionados, levantarei algumas hipóteses sobre os possíveis motivos subjetivos que levam à falha dos planos quando o assunto é mudança de estilo de vida.

O primeiro aspecto diz respeito à qualidade e ao acesso à informação científica disponível. A larga difusão de informação promovida pela internet frequentemente nos leva a presumir que as pessoas estejam mais informadas sobre saúde, o que não necessariamente é verdade. As informações que circulam e são compartilhadas costumam ser incompletas, imprecisas, e muitas vezes, completamente equivocadas. Quando não há clareza sobre os benefícios ou malefícios que determinado cuidado ou hábito são capazes de trazer é esperado que a vontade de mudança não seja despertada. Por isso, nunca devemos presumir que as pessoas estejam suficientemente formadas e atualizadas no que diz respeito ao cuidado com a saúde.

No passado, o check-up de rotina envolvia um médico perguntando como você se sentia e se algo incomodava, seguido por exame físico e a solicitação de um conjunto padrão de exames. Dada a baixa eficácia na prevenção de doenças ou melhoria nos resultados de saúde, nas últimas décadas, essa abordagem vem sendo substituída por visitas anuais de bem-estar. Não se trata da mera mudança dos termos. A visita anual de bem-estar permite que você se concentre no que mais importa para sua saúde e informe seu médico sobre suas prioridades. Além disso, permite criar ou refinar uma abordagem personalizada para maximizar a saúde e qualidade de vida do paciente. Isso se traduz em atualizações para atingir esses objetivos, revisão do perfil de risco para doenças específicas, avaliação dos aspectos emocionais e perguntas breves para investigar a presença de transtornos mentais, orientações no que diz respeito à dieta, exercício, estilo de vida, uso de álcool e tabagismo. Essa visão mais atualizada sobre saúde visa tornar o paciente um agente ativo, munindo-o das informações e orientações pertinentes, e principalmente, despertando nele a curiosidade e o engajado no processo.

O estabelecimento de rotina e rituais simples de autocuidado, principalmente higiene do sono, consistem num bom ponto de partida quando se pretende dar passos mais largos, mas não se sabe de onde ou como partir. Autocuidado tem a ver com tomada de consciência, dedicação e disciplina. Muitos dos benefícios obtidos a partir dessas práticas não são alcançados instantemente, exigem periodicidade e manutenção por tempo consistente. Estamos falando de reconfigurações cerebrais, metabólicas, hormonais, imunológicas que interagem de maneira complexa para promover saúde, equilíbrio e bem-estar físico e mental. Isso é importante quando falamos de exercício físico, por exemplo. Pessoas sedentárias ou que interromperam há muito tempo sua rotina de atividades possuem dificuldade para se engajar, pois demoram a constatar os benefícios advindos da prática que, por sua vez, costumam ser os principais motivadores. Ultrapassar a barreira das primeiras semanas ou meses é crucial quando se deseja alcançar resultados e incorporar novos hábitos à rotina. Não há outra forma de se fazer isso que não seja tomar a decisão e desenvolver disciplina, mas como se sabe, chegar nesse ponto é o desafio. Há quem simplesmente não busque aprimorar-se e esteja disposto a viver sofrendo, seja por acomodação, uma escolha masoquista consciente ou — mais provável — por razões inconscientes que não permitem enxergar que, na repetição de sintomas e queixas, reside um núcleo neurótico que colhe satisfação onde aparentemente só há sofrimento.

Muitos de nossos pensamentos são constituídos de modo automático a partir de ideias distorcidas, sem que tenhamos a chance de examinar as causas e evidências reais com clareza e ponderação. Emoções negativas contribuem para alterar nossa percepção da realidade. Quando somos tomados por ansiedade, angústia, medo, raiva ou tristeza, ficamos mais suscetíveis à interpretações desequilibradas diante de situações difíceis que exigem a tomada de decisão. A menos que estejamos treinados a reconhecer e desarmar essas distorções, é provável que fiquemos enredados numa série de entraves limitantes que nos fazem sofrer. Existem ferramentas que ajudam a dissolver esses entraves, abrindo caminhos para o desenvolvimento de subjetividades e trocas menos frágeis e ameaçadoras. Diferentes métodos de psicoterapia se prestam a isso. Há também técnicas que, embora mais simples e acessíveis, ajudam e não devem ser descartadas.

Mindfulness é uma delas. É possível que você já tenha lido ou ouvido sobre, mas se engana quem só reconhece o seu papel, já bem documentado, na redução da ansiedade e estresse cotidianos. Os benefícios da atenção plena — como também é chamada em português — vão muito além da calma momentânea. Uma série de estudos recentes indicam que pessoas que praticam podem notar a diminuição da intensidade da dor, cometer menos erros e demonstrar mais resiliência ao perseguir objetivos desafiadores. O que está por trás das diversas vantagens envolvidas diz respeito ao aprimoramento de uma perspectiva livre de suposições. Todos nós, em maior ou menos intensidade, passamos muito tempo avaliando as situações passadas ou conjecturando as futuras. Parece fácil aterrar o pensamento no momento presente, mas não é, sobretudo na atualidade, quando ansiedade é regra em vez de exceção.

Muitas pessoas confundem meditação com atenção plena. Apesar de algumas sobreposições, a atenção plena não exige tempo e ambiente convenientes, pode ser praticada a todo instante e em qualquer situação. Consiste, portanto, num modo de vida pautado no aprimoramento constante do estado de presença em cada situação cotidiana vivida. A mente produz uma infinidade de armadilhas, nas quais facilmente caímos se não estivermos cientes. Muitas delas foram consolidadas na infância ou a partir de eventos traumáticos, que moldaram certos padrões de pensamento e comportamento, outras consistem em distratores cotidianos, que dispersam nossa atenção. Diante de novas situações estressantes, tendemos a reagir com base em velhas impressões e experiências vividas, e quase nunca refletimos a respeito. Ao contrário do que muitos imaginam, somos menos determinados por escolhas racionais do que gostaríamos de acreditar. A dificuldade para se livrar de determinados comportamentos que insistem em se repetir, apesar do sofrimento ocasionado, são exemplo disso.

2023 bate à porta. É comum que o período deflagre uma certa ansiedade, seja devido à exaustão corriqueira no mês de dezembro, às expectativas frustradas no ano que passou, ou às novas projeções que começam a se desenhar. Para muitos, esse é o momento propício para deflagrar as mudanças pretendidas, o que intensifica a pressão e o mal-estar experimentados, sobretudo quando as expectativas são altas. Mudanças consistentes e duradouras demandam planos realistas. De que adiantam transformações radicais que não conseguirá incorporar e abandonará em breve? Revisar o ano que passou e pensar sobre o que virá é inevitável. Mas não me entenda mal. Não espere pela época ou momento mais propício. A melhor hora para mudar é agora.

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