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Correlação entre resistência de força e
flexibilidade dos músculos posteriores de coxa
de desportistas amadores de futebol de...
Article in Fitness & Performance Journal · November 2006
DOI: 10.3900/fpj.5.6.376.p · Source: OAI
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Vernon Furtado da Silva
Federal University of Rio de Janeiro
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Brain stimulation as biofedback training for working memory improvement of aged Parkinsonian and
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doi:10.3900/fpj.5.6.376.p
EISSN 1676-5133
Futebol
Artigo Original
Correlação entre resistência de força e flexibilidade dos músculos posteriores
de coxa de desportistas amadores de futebol de campo
Vernon Furtado da Silva - CREF 005475-G/RJ
Laboratório de Neuromotricidade II - Universidade Castelo Branco
[email protected]
Marcelo Azevedo Lima - CREFITO 45852/F
[email protected]
VALE, V.S.; ALVES, J.L.P.; HAIACHI, M.C.; BARRETO, A.C.L.G.; DANTAS, E.H.M. Comparação entre os efeitos de diferentes volumes de
LIMA, M.A.; SILVA, V.F. Correlação entre resistência de força e flexibilidade dos músculos posteriores de coxa de desportistas amadores
treinamento sobre a composição corporal de praticantes de RPM após 10 semanas de treinamento. Fitness & Performance Journal, v.5,
de futebol de campo. Fitness & Performance Journal, v.5, nº 6, p. 376-382, 2006.
nº 5, p. 376-382, 2006.
RESUMO – Considerando-se a previsão teórica de que músculos podem aumentar o número de sarcômeros em série,
quando o comprimento muscular é aumentado, previu-se como hipótese a condição de que indivíduos com maior flexibilidade pudessem revelar maior resistência de força, comparativamente a outros com menor nível de flexibilidade; a análise
foi realizada da forma correlacional. Foram estudados 18 indivíduos do gênero masculino, voluntários, na faixa etária entre 20 e 35 anos. Os mesmos foram submetidos aos testes de: goniometria digital – Fisiometer – e de resistência de força.
Os dados coletados originaram-se pelo grau de amplitude da articulação do quadril e o número de repetições de flexão
de joelho, com uma carga fixa de 25 kg. Os dados foram submetidos ao teste de correlação de Pearson, que revelou uma
correlação pouco significativa (r= -0,24), sendo ainda apresentado um gráfico de correlação não linear de quarta ordem,
para o melhor entendimento da baixa correlação encontrada. A conclusão da pesquisa foi feita em torno da explicação
sobre outras variáveis, que podem ser associadas à produção de resistência de força.
Palavras-chave: Flexibilidade, resistência de força, correlação
Endereço para correspondência:
Avenida Raymundo Magalhães Jr., 300, bl 1 apt 205 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro/RJ CEP: 22793-050
Data de Recebimento: Agosto/ 2006
Data de Aprovação: Outubro / 2006
Copyright© 2006 por Colégio Brasileiro de Atividade Física Saúde e Esporte.
376
Fit Perf J
Rio de Janeiro v. 5 nº6
376-382
Nov/Dez 2006
AbStRAct
RESUMEM
Correlation between force resistance and flexibility of amateur soccer players’ posterior thigh muscles
Correlación entre la resistencia de fuerza y flexibilidad de los
músculos posteriores del muslo del jugador de fútbol de aficionado
Based on the theoretical data, muscles can increase the number of in-series
sarcomeres when muscular length is increased. We hypothesized that people with
bigger flexibility could reveal bigger resistance force in comparison to others with
smaller level of flexibility. We studied 18 volunteers who were 20-35 years old
males. They were submitted to the digital goniometric test – Fisiometer – and to
force of resistance test. The data was collected from hip articulation amplitude
and the knee repetitions inflection number, using shipment sets of 25 kg. The data
were submitted to the Pearson correlation test that revealed a small significant
correlation (r= -0.24), which is depicted in the graphic of fourth order non linear
correlation, and provides a better understanding of the decrease correlation found.
The research conclusion based on the explanation about other variables, can be
associated to the force of resistance output.
Keywords: Flexibility, force of resistance, correlation
Basado en los datos teóricos, que músculos pueden aumentar el en el número
de sarcomeres de serie, cuando la longitud muscular se aumenta. Formamos
una hipótesis la condición de personas con la flexibilidad más grande podría
revelar la resistencia más grande de la fuerza con respecto a otros con el nivel
más pequeño de la flexibilidad. Estudiamos a 18 voluntarios que tenían 20-35
males de años. Ellos fueron sometidos a la prueba digital del goniometric – Fisiometer – y para forzar la prueba de la resistencia. Los datos se reunieron de la
amplitud de la articulación de cadera y el número de inflexión de repeticiones
de rodilla, utilizando los conjuntos de embarque de 25 kg. Los datos fueron
sometidos a la prueba de la correlación de Pearson, eso reveló una correlación
(r=-0,24) significativa pequeña, que se representa en el gráfico de cuarta
orden la correlación no lineal, que proporciona una mejor comprensión de la
correlación de la disminución encontró. La conclusión de investigación basada
en la explicación acerca de otras variables, puede ser asociada a la producción
de la resistencia de la fuerza.
Palabras-clave: Flexibilidad, resistencia de la fuerza , correlación
iNtROdUÇÃO
O treinamento de força ou treinamento com pesos tem sido usado
nos últimos anos, tanto como forma bem difundida de exercício,
para atletas que procuram uma melhora de sua performance,
quanto para não atletas que buscam melhorar sua forma física.
No entanto, nem sempre foi assim; por volta da metade do século
XX, os exercícios de “levantamento de peso” eram usados predominantemente por especialistas em cultura física, fisiculturistas,
levantadores de peso competitivos, atletas para provas de campo
e alguns lutadores. Entretanto, a maioria dos outros atletas se
abstinha de levantar pesos, com medo de que esses exercícios
pudessem retardar seu crescimento e aumentar o volume muscular a ponto de levá-los a perder sua flexibilidade articular e
velocidade de movimento. Em contrapartida, de acordo com
Katch (2003), pesquisas realizadas no final dos anos 50 demonstraram que exercícios de fortalecimento muscular não reduziam
a velocidade de movimento nem a flexibilidade. Na realidade,
ocorria exatamente o oposto, pois fisiculturistas e levantadores de
pesos de elite demonstravam excepcional flexibilidade articular
e não apresentavam de forma alguma limitações na velocidade
de movimento.
Segundo Rasch (1989), um programa bem planejado de exercícios progressivos de resistência provavelmente aumentará a
flexibilidade além das faixas normais, quando os movimentos são
executados através de uma amplitude de movimento completa e
quando os exercícios selecionados incluem ambos os membros
de grupos musculares antagônicos.
Fit Perf J, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 377, Nov/Dez 2006
De acordo com Araújo e Araújo (2004), a flexibilidade é definida
como a mobilidade passiva máxima de um dado movimento
articular, é uma das variáveis da aptidão física relacionada à
saúde e representa um fator fundamental para o desempenho
do corpo e do movimento, seja em modalidades desportivas
ou cênicas, em que a graciosidade e a beleza dos movimentos
sejam relevantes.
A força muscular pode ser definida como a quantidade máxima
de força que um músculo ou grupo muscular pode gerar em um
padrão específico de movimento, e é considerada uma capacidade física importante para o condicionamento físico não só para
atletas como também para indivíduos não atletas (KOMI, 2003;
BARAK et. all, 2004). Um outro aspecto que deve ser considerado,
quando se pensa em desempenho muscular, é a resistência muscular localizada que, de acordo com Dantas (2003), é definida
como a capacidade muscular de realizar um grande número de
contrações sem diminuir a amplitude de movimento, a freqüência,
a velocidade e a força de execução.
A flexibilidade, conjugada com a resistência muscular, permite
ao sujeito desincumbir-se das tarefas diárias, com reduzido risco
de lesões (ARAGÃO, 2001).
Kell & Bell (2001) descrevem que um bom funcionamento do
sistema músculo-esquelético depende de três componentes: força
muscular, resistência e flexibilidade e, se esses componentes não
forem mantidos, pode existir um impacto significativo na saúde
377
física e no bem estar dos indivíduos. Níveis adequados de força
muscular e flexibilidade são fundamentais para o bom funcionamento músculo-esquelético, contribuindo para a preservação
de músculos e articulações saudáveis ao longo da vida (ALTER,
1999). Assim, a prática regular de programas de exercícios físicos voltados para o desenvolvimento ou manutenção da força
muscular e da flexibilidade ou, até mesmo, de outros importantes
componentes da aptidão física relacionados à saúde, pode exercer papel extremamente relevante ao longo da vida.
Nesse sentido, dentre os diferentes tipos de exercícios físicos, a
prática regular sistematizada de exercícios com pesos vem sendo
encorajada por algumas das maiores organizações internacionais
envolvidas com estudos sobre a saúde populacional (AMERICAN
COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998).
Os fatores que afetam a flexibilidade muscular estão relacionados
ao gênero, à idade, ao aquecimento e ao horário do dia; aspectos morfológicos, como, por exemplo, a hipertrofia muscular de
uma articulação depende do seu nível de utilização, por isso, o
envolvimento em programas regulares de exercícios físicos pode
favorecer a melhoria dos níveis de flexibilidade, principalmente,
de sujeitos sedentários, pois as articulações, até então pouco
utilizadas e, provavelmente, encurtadas, passarão a receber
um estímulo progressivo, que acarretará adaptações bastante
positivas em médio ou longo prazo (ALTER, 1999).
A flexibilidade é um importante componente da função neuromuscular, responsável pela manutenção de uma amplitude de
movimento adequada das articulações, levando o jovem a se
movimentar com maior facilidade e eficácia. Além disso, facilita
o aperfeiçoamento nas técnicas dos desportos; aumenta a capacidade mecânica dos músculos e articulações, permitindo um
aproveitamento mais econômico de energia; é um fator preventivo
contra acidentes desportivos (lesões, contusões, etc.) e ainda
propicia condições para desenvolver a agilidade, a velocidade
e a força (ACHOUR Jr., 2000).
A flexibilidade é uma qualidade física evidenciada pela amplitude
dos movimentos das diferentes partes do corpo em um determinado sentido e depende tanto da mobilidade articular, como da
elasticidade muscular.
A força muscular pode ser definida como a capacidade de exercer
tensão muscular contra uma resistência e envolve fatores mecânicos e fisiológicos, que determinam a força em algum movimento
particular (ALTER, 1999).
Dentre os benefícios da flexibilidade, temos o aperfeiçoamento
motor, a eficiência mecânica, a expressividade e consciência
corporal e a diminuição dos riscos de lesões (GUEDES & GUEDES, 1992).
A diminuição da força muscular e dos níveis de flexibilidade pode
dificultar gradativamente a realização de diferentes tarefas cotidianas. Esses tipos de alterações podem ocorrer em adultos ou
idosos (AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 1998).
O indivíduo sedentário tende a ter menor grau de flexibilidade
que o indivíduo ativo, o que se agrava com o passar dos anos,
pois o nível de flexibilidade tende a diminuir e, conseqüentemente,
aumentam os riscos de lesões, dores, problemas posturais bem
como a dificuldade para realizar as atividades diárias (COELHO,
2000).
378
Os fatores miogênicos são relacionados com a característica
muscular. A inatividade pode causar a limitação da musculatura,
levando à diminuição de sarcômeros como adaptação. À medida
que o corpo volta a ser ativo, a musculatura volta a ampliar os
sarcômeros, aumentando o grau de flexibilidade (ACHOUR Jr.,
2000; GUEDES & GUEDES, 1992)
A prática regular de programas de exercícios físicos direcionados
para o desenvolvimento ou manutenção da força muscular e da
flexibilidade ou, até mesmo, de outros importantes componentes da aptidão física relacionada à saúde, pode exercer papel
relevante para a manutenção da integridade física ao longo da
vida (CYRINO et all, 2004).
A demanda de força e potência nas modalidades esportivas e
a fraca atenção no desenvolvimento da flexibilidade contribuem
para o encurtamento muscular e para a lesão músculo-tendínea
que, por sua vez, pode desencadear prejuízos na qualidade da
performance atlética ou, mesmo, ocasionar o abandono da
vida atlética. Em um treinamento de desenvolvimento de força,
se não forem feitos exercícios de alongamento correspondentes,
surgirão efeitos negativos sobre a flexibilidade por motivos mecânicos (maior resistência ao estiramento por parte do músculo
exercitado devido ao aumento de sua tonicidade e volume)
(KOMI, 2003).
Exercícios que utilizam pesos para adquirir força e resistência
podem estar relacionados com a perda da flexibilidade. Eles
causam hipertrofia, enrijecem a musculatura e, por isso, diminuem
a flexibilidade (MONTEIRO & FARINATTI, 1996; WIEMANN &
HAHN, 1997).
Por isso, é importante associar exercícios que promovem o
aumento da força e resistência com outros que promovem a
flexibilidade. Estes fatores associados aumentam a performance
dos atletas e diminuem o déficit motor em indivíduos idosos
(HOLT et al, 1996).
Já Cyrino e cols (2004) demonstraram, em estudo feito com um
grupo de 16 homens sedentários, que o treinamento de força
de diversos grupos musculares, realizado durante um período de
10 semanas, produziu melhora do arco de movimento ativo das
articulações e nos movimentos de: flexão e extensão dos ombros;
flexão e extensão dos cotovelos; flexão e extensão do quadril;
flexão lateral, extensão e flexão do tronco; e flexão do joelho.
Em outro estudo realizado por Cortes e cols (2002) foi observado
que o treinamento contra resistência produzia uma tendência
positiva na flexibilidade, ou seja, o treinamento contra resistência
se não aumentava a flexibilidade, ao menos a mantinha.
Rodrigues e Dantas (2002) também observaram em seus estudos
que o aumento de força, obtido por meio do treinamento contra
resistência, não interfere na flexibilidade.
ObjEtivO dO EStUdO
O estudo busca encontrar uma possível correlação entre flexibilidade e resistência de força dos músculos posteriores da coxa
de atletas amadores de futebol de campo.
Fit Perf J, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 378, Nov/Dez 2006
MAtERiAl E MétOdO
Seleção da amostra
recomendação de Dantas (2005), de que na goniometria o teste
deve ser realizado através de movimentos passivos, até o final
do arco de movimento, no momento antes da dor, sem ajuda ou
resistência por parte do avaliado.
A amostra a que se refere esse estudo será composta por 18
indivíduos (n=18) voluntários adultos, com idade entre 20 e
35 anos, desportistas amadores do time de futebol de campo
da Universidade Castelo Branco, localizada no bairro de Realengo, Rio de Janeiro. Foram excluídos indivíduos com doenças
osteomioarticulares, praticantes ou ex-praticantes de atividades
físicas paralelas, hipertensos, cardiopatas, e usuários de drogas
estimulantes ou depressivas.
Ao chegar na amplitude máxima é realizada uma fotografia em
perfil com uma máquina digital Sony Cyber-shot 3.2 mega pixels.
A foto é inserida no programa Fisiometer de goniometria digital,
onde é avaliada, em graus, a amplitude do movimento realizado
na articulação do quadril. O eixo do goniômetro digital é posicionado na altura do trocânter maior, a linha estática segue o
plano horizontal e a linha dinâmica acompanha o fêmur. A Foto
1 abaixo exemplifica a descrição da técnica em questão.
instrumento e tarefa
Utilizaram-se nesta pesquisa os seguintes instrumentos: programa
Fisiometer (goniometria digital) para avaliar a amplitude de movimento do quadril no teste de flexibilidade, e o aparelho mesa
flexora para avaliar a força dos músculos posteriores de coxa.
Este ultimo instrumento mensurou a resistência de força dinâmica
dos músculos flexores do joelho direito em uma tarefa em que
os voluntários eram instruídos a realizar o número máximo de
repetições de flexão de joelho contra a resistência oferecida por
5 placas (25 Kg) O aparelho pode ser visualizado nas fotos
abaixo.
Com objetivo de controlar o máximo de variáveis, optou-se em
manter uma carga fixa de 25 Kg (5 placas) e avaliar a resistência
de força através do número máximo de repetições realizadas
pelos indivíduos, desta forma eliminamos os inconvenientes dos
testes de 1RM, que muitas vezes são realizados mais de uma vez,
interferindo na força real do indivíduo, e dos testes com dinamômetros, que somente avaliam a força estática. O modelo do
teste de força/resistência utilizado no presente estudo, mostrou
alta correlação (r = 0,96) com o teste de 1RM em uma pesquisa
realizada com jogadores de futebol americano. Na ocasião, os
atletas realizaram o exercício de supino com uma carga fixa de
225lb (CHAPMAN et all, 1998).
O programa Fisiometer de goniometria digital foi utilizado a fim
de evitar erros de posição, tão comuns nos métodos convencionais, como a goniometria manual.
Procedimento de testagem
Cada componente da amostra foi submetido a um teste de
flexibilidade e a um teste de resistência de força dos músculos
posteriores da coxa direita.
O teste de flexibilidade foi realizado através do alongamento
passivo manual dos músculos posteriores de coxa do membro
inferior direito, realizado da seguinte forma:
Voluntário em decúbito dorsal, membro inferior esquerdo estendido, o examinador flexiona passivamente a coxa direita, com o
quadril em abdução, adução e rotação de zero grau e os joelhos
em extensão, até o momento em que o individuo relatar um
desconforto na região, mas antes da dor, e executar o comando
de “parar”. O posicionamento do quadril e do joelho deve ser
mantido em toda amplitude do teste. Esse procedimento segue a
Fit Perf J, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 379, Nov/Dez 2006
Foto 1 – Foto da amplitude de movimento da articulação do quadril analisada pelo programa de goniometria digital Fisiometer.
(Fonte: Próprio autor).
O teste de resistência de força foi realizado através da execução do movimento de flexão do joelho direito em uma mesa
flexora.
Com objetivo de controlar o máximo de variáveis, optou-se em
manter uma carga fixa de 25 Kg (5 placas) e avaliar a resistência
de força ou resistência muscular localizada através do número
máximo de repetições realizadas pelos indivíduos, pois, de acordo
com Yasbek Junior & Basttistela (1994), a resistência de força é o
número máximo de vezes que conseguimos repetir um exercício
com uma determinada carga.
Antes da execução do teste de resistência de força, todos voluntários realizaram 15 repetições de flexão de joelho no aparelho
utilizado para a testagem, com carga de apenas 5 Kg (1 placa),
com objetivo de conhecer do movimento. O teste de resistência
de força só foi realizado após 4 minutos da execução do exercício
de conhecimento do movimento.
Para execução do teste de resistência de força, os indivíduos foram instruídos a realizar o movimento de forma lenta e em toda
379
amplitude. Para validar o teste, perguntava-se aos voluntários,
após a realização da tarefa, se aquele número de repetições
era o máximo que ele poderia produzir. Caso a resposta fosse
negativa, o teste era invalidado e só após 10 minutos realizavase um novo teste.
Foi solicitado ainda que os indivíduos não praticassem nenhum
tipo de atividade física para membros inferiores nos dias dos
testes, foi ainda explicado que o teste deveria ser executado
com o máximo de força, velocidade constante e até o limite de
seu movimento.
Para facilitar o entendimento, os resultados dos testes de resistência de força e amplitude de movimento estão apresentados na
Tabela 1, onde a primeira coluna mostra os sujeitos participantes
da pesquisa, a segunda, os resultados dos testes de amplitude
de movimento (em graus) e a terceira, o resultado do teste de
resistência de força (número de repetições).
Para a análise de correlação, inicialmente as variáveis experimentais encontradas foram submetidas ao teste pelo método de
Pearson, através do qual se pôde verificar a existência ou não
de correlações funcionais.
O teste de resistência de força foi realizado na sala de musculação
da Universidade Castelo Branco de Realengo, entre 16:00h e
17:00h, de uma quarta-feira. O teste de flexibilidade também
foi realizado na sala de musculação da Universidade Castelo
Branco de Realengo, entre 16:00h e 17:00h de uma quarta feira,
ambos antes do treino de futebol de campo, com intervalo de 7
dias entre um teste e outro.
Os dados obtidos foram analisados e encontrou-se uma correlação de Pearson (r = - 0,24), indicando uma correlação negativa
e pouco significativa (p = 0,17) entre os fatores amplitude articular e resistência de força; ou seja, de acordo com o estudo, de
forma geral, os indivíduos com maior amplitude de movimento
na articulação do quadril apresentaram menor resistência de
força nos músculos posteriores de coxa, mas este fato não pode
ser considerado, pois o nível mínimo de confiabilidade não foi
atingido.
RESUltAdO E diScUSSÃO
O método utilizado estabelece apenas uma correlação estatística
linear entre as variáveis. Este fato identificou a necessidade de se
estudar com maior profundidade a procedência da baixa correlação. Assim, ao invés da visão linear que reflete a correlação
de Pearson, buscou-se a mesma verificação da possibilidade
hipotética, agora em uma análise não linear.
Neste estudo optou-se por considerar a variável resistência de
força como variável dependente e a amplitude de movimento
como variável independente. Após a realização dos testes de
arco de movimento e resistência de força dos 18 indivíduos
participantes da pesquisa foi encontrado o arco de movimento
médio de 88,7o e a resistência de força média de 15,8 repetições,
conforme mostrado na Tabela 1.
tAbElA 1
resultados
dos testes de arco de moVimento e resistência de força por
cada sujeito
No.
Arco
de movimeto
Força
(No. de repetições)
Sujeito 1
75,39°
23
Sujeito 2
95,73°
14
Sujeito 3
83,78°
21
Sujeito 4
78°
9
Sujeito 5
71°
27
Sujeito 6
86,12°
8
Sujeito 7
112,07°
15
Sujeito 8
90,78°
19
Sujeito 9
79,65°
11
Sujeito 10
106,85°
13
Sujeito 11
86,47°
10
Sujeito 12
86°
15
Sujeito 13
93,50°
16
Sujeito 14
73,19°
19
Sujeito 15
94,10°
18
Sujeito 16
91,38°
7
Sujeito 17
95,65°
19
Sujeito 18
97°
20
380
Para que se possa analisar com mais fidedignidade essa possível
correlação entre as variáveis amplitude articular e resistência de
força, optou-se por descrever um gráfico de correlação não linear;
desta forma, podemos verificar o comportamento da correlação
em diferentes fases. Para tal, escolheu-se um polinômio de quarta
ordem para representar a curva do gráfico de correlação resistência de força e amplitude de movimento, o qual se demonstrou
mais adequado através dos testes de correlação.
No Gráfico 1 observa-se a relação entre a amplitude de movimento e o número de repetições dos 18 indivíduos participantes
da pesquisa; como já descrito anteriormente o modelo da curva
do gráfico é de quarta ordem. Os indivíduos estão representados, no gráfico, através de pontos pretos e a linha demonstra
o comportamento do número de repetições realizado por cada
individuo em relação à sua amplitude articular.
Através do Gráfico 1 podemos observar uma variação muito
grande do comportamento da linha, isso sugere uma baixa
correlação entre as variáveis estudadas.
O comportamento da curva até aproximadamente 82º demonstra
uma correlação inversa, ou seja, quanto menor a amplitude articular maior o número de repetições realizadas. O comportamento
da curva se inverte quando a amplitude é de, aproximadamente,
82º a 97º, indicando que os indivíduos com maior amplitude
articular realizavam maior número de repetições, sugerindo uma
correlação positiva.
É certo que não existe uma correlação linear significativa entre
amplitude de movimento e resistência de força nos indivíduos
analisados, pois o comportamento da curva se modifica em
diferentes amplitudes de movimento articular. Estes resultados
vão de encontro a alguns pressupostos teóricos da literatura,
como o estudo realizado por Coutinho e Gomes (2005) que,
Fit Perf J, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 380, Nov/Dez 2006
ao realizarem sessões de alongamento de 30 minutos três vezes
por semana em ratos, observaram um aumento do número de
sarcômero em série, fato já observado por DeDeyne (2001), que
descreveu que se o músculo for posicionado de forma alongada por um longo período, acaba se adaptando, aumentando
o número de sarcômeros em série na miofibrila: é a chamada
miofibrinogênese.
Em 1983, Jokl e Konstadt já haviam observado que os sarcômero
podem sofrer modificações quanto ao seu número em série, quando as fibras musculares são posicionadas de forma não funcional,
assim sendo, o estudo dos autores demonstrou que, ao imobilizar
ratos em posição encurtada, observou-se uma diminuição do
número de sarcômeros em série dentro da miofibrila.
Kisner e Colby (2005) ressaltam que a diminuição do número
desses sarcômeros em série contribui pra a diminuição da força
muscular. Sabendo que os sarcômeros são as unidades contráteis
do músculo (KISNER E COLBY, 2005 e GUYTON et all, 2002),
pressupomos que quanto mais alongado é um músculo, maior
o número de sarcômeros em séria na fibra muscular e, conseqüentemente, maior deve ser sua capacidade de gerar força ou
mesmo resistência.
Sendo assim, indivíduos com maior flexibilidade deveriam
apresentar mais força ou resistência que indivíduos com pouca
flexibilidade, contudo a flexibilidade não é o único fator que
teoricamente pode melhorar ou interferir na força ou resistência
muscular.
No entanto, a geração de força ou resistência depende de diversos fatores, como, por exemplo: a secção transversa do músculo,
gRÁFicO 1
distribuição
dos dados de cada indiVíduo componente da amostra nos
o tipo de fibra muscular, o arranjo das fibras, dentre outros (KRAEMER E BUSH, 2001 e LEVANGIE E NORKIN, 2001).
O fato de não existir uma forte correlação entre os fatores físicos
estudados pode ser explicado em função de outras variáveis que
não as implícitas na pesquisa ora em discussão.
Independentemente das opiniões acima, é razoável se incluir
uma série de variáveis que normalmente podem estar associadas
à produção de força ou mesmo ao nível de flexibilidade de um
indivíduo qualquer.
De acordo com Kisner e Colby (2005) e Prentice (2002), a força
gerada por um músculo depende de diversos fatores, como a
secção transversa do músculo, comprimento das fibras, tipos de
fibras em maior número, eficiência neuromuscular, idade, dentre
outros fatores.
Assim como a força, a amplitude de uma articulação depende de
diversos fatores. Coelho (2000) destaca que os fatores que mais
favorecem a redução da amplitude articular são: pouco uso da
articulação, aumento da idade e hereditariedade.
Prentice (2002) acrescenta que o aumento de gordura em regiões
como o abdome pode provocar a diminuição da amplitude da
articulação do quadril, o autor ressalta, ainda, que até mesmo
o aumento excessivo da massa muscular pode prejudicar a
amplitude articular.
Para Dantas (2005), a amplitude articular sofre influência das
estruturas ósseas, do acumulo de tecido circunvizinho e da elasticidade dos músculos cujos tendões cruzem a articulação.
Como a amplitude de movimento e a resistência de força são
qualidades físicas influenciadas por diversos fatores endógenos e
exógenos, estes fatores podem ter sido responsáveis pelo resultado apresentado nesta pesquisa; portanto, é necessário ressaltar
os problemas que devem ser investigados em outros trabalhos
que dêem prosseguimento ao presente estudo.
testes de amplitude de moVimento e resistência de força
Seria interessante, em um próximo trabalho, submeter um grupo
de indivíduos a um treinamento de flexibilidade de longa duração
e, após algumas semanas, avaliar se houve aumento de força ou
resistência de força dos músculos alongados. Assim, poderíamos
ter um critério mais objetivo para estabelecer uma correlação
entre flexibilidade e força ou resistência de força.
cONclUSÕES
É sabido que o treinamento de resistência de força deve ser
acompanhado de um treinamento de flexibilidade para que se
possa melhorar a performance, potencializar os ganhos e até
mesmo prevenir lesões.
Apesar de parecer que sim, ainda não está claro se o nível de
flexibilidade influencia diretamente a capacidade muscular de
gerar força ou resistência de força, uma vez que os atletas de
alto nível que possuem grandes níveis de força demonstram
Fit Perf J, Rio de Janeiro, v. 5, n. 6, p. 381, Nov/Dez 2006
381
extraordinária flexibilidade, o que reforça a idéia de que altos
níveis de hipertrofia e força muscular são compatíveis com uma
ótima flexibilidade.
Do ponto de vista histológico, as modificações ocorridas no tecido muscular de cobaias submetido à força de alongamento por
determinado período parece ser um assunto já bem desenvolvido,
visto que existe unanimidade entre os autores citados, sobre a
ocorrência de alterações significativas no número de sarcômeros
em série encontrados no tecido muscular, quando o segmento é
imobilizado de forma a produzir uma leve força de alongamento.
Essas modificações são vistas, através da microscopia, como um
aumento no número de unidades contráteis do músculo dispostas
em série, ou seja, aumento dos sarcômeros.
Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que parece
não existir correlação significativa entre amplitude de movimento
da articulação do quadril e resistência de força dos músculos
posteriores de coxa na amostra considerada, constituída por
18 indivíduos entre 20 e 35 anos, do gênero masculino, atletas
amadores de futebol de campo.
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