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    Mercosul dá pontapé inicial para acordo de livre comércio com Emirados Árabes

    Primeira rodada de negociações, ocorrida entre 2 e 4 de julho, culminou em termo de referência para um tratado comercial

    Danilo Moliternoda CNN

    A reunião de cúpula do Mercosul, que ocorre na segunda-feira (8), marcará a formalização do pontapé inicial para um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e os Emirados Árabes Unidos. O encontro dos presidentes de países-membros ocorre em Assunção, no Paraguai.

    O termo de referência de um acordo comercial foi concluído durante a primeira rodada de negociações entre as partes, entre os dias 2 e 4 deste mês, na capital paraguaia. A informação foi confirmada à CNN pela secretária de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Tatiana Prazeres.

    “O documento define o escopo, o conteúdo, dá os contornos do que poderia ser esse novo acordo comercial envolvendo o Mercosul”, disse Prazeres.

    O termo de referência indicará quais condições para bens, serviços, barreiras técnicas e fitossanitárias, por exemplo, farão parte das negociações e representa um primeiro passo efetivo para as tratativas.

    Na prática, trata-se de uma base para o processo de barganha tradicional nas discussões comerciais. O diálogo técnico sobre o conteúdo específico do acordo se iniciou já no encontro em Assunção.

    Ainda em 2023, a Secretaria de Comércio Exterior realizou uma consulta pública para avaliar interesses “ofensivos e defensivos” do setor privado junto aos Emirados Árabes — ou seja, sondou a percepção sobre produtos que poderiam avançar na pauta de exportação e aqueles que “preocupam” nas importações.

    Os resultados da consulta, que vão balizar as prioridades e cuidados do Brasil durante as negociações, indicaram que o país pode avançar nos setores de carnes, açúcar, celulose e até manufaturados. Por outro lado, há preocupações com o potencial petroquímico dos Emirados Árabes.

    Segundo dados do Comex Stat, plataforma de comércio exterior do Mdic, as exportações do Brasil para os Emirados Árabes avançaram 50% de janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2023, o país do oriente médio foi o 28º destino para os produtos brasileiros. Em 2024, subiu para a 13ª posição.

    O avanço, que surpreende até mesmo o governo, foi puxado especialmente pela exportação de açúcar (300%), carne bovina (249%) e aves (17%). De janeiro a junho deste ano, a corrente de comércio entre os países movimentou US$ 3,1 bilhões e se aproxima do total de 2023, cerca de US$ 4,3 bilhões.

    A secretária afirma que não é possível estimar prazo para o fechamento de um acordo. Sucesso mais recente, as negociações com Singapura, por exemplo, se iniciaram em 2019 e foram concluídas em 2023. As tratativas com a União Europeia, que começaram em 1999, voltaram a fracassar no ano passado e permanecem sem “final feliz”.

    À CNN, Prazeres diz que o Mdic ainda acredita que é possível avançar com negociações que estão sobre a mesa, como nos acordos com União Europeia e Efta (associação que reúne Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça), mas reforça o interesse de abrir novas frentes.

    “Ampliar a rede de acordos do Mercosul é uma prioridade do Mdic, com a liderança do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin. Nosso esforço é, além de avançar nas negociações que já estão sobre a mesa, buscar outras frentes, como essa com os Emirados Árabes”, afirma.