Alfredo's Reviews > K-pop Confidential

Tantos motivos me fizeram AMAR esse livro que nem sei por onde começar!

1. Para além do K-pop: A jornada da Candace para encontrar sua voz, convencer a família a deixá-la participar do programa de treinees de uma das empresas de K-pop mais populares do mundo, debutar no grupo feminino mais hypado de todos os tempos... É simplesmente encantadora. Confesso que chorei no ínicio da história, porque ela conseguiu tocar em um local muito pessoal para mim. A protagonista vive uma vida planejada pelos pais, uma que ela nunca conseguiu se adaptar. Ela está infeliz naquela posição, e finalmente decide reunir coragem para contar a eles. Sendo tão nova, fiquei inspirado por ela.

2. A importância do K-pop para pessoas asiáticas imigrantes: logo no início, Candace fala que é, em segredo, uma grande fã de K-pop. Ela não conta para ninguém porque acha que pode ser vergonhoso. Mas quando vê como essa cultura, a sua cultura, está dominando o mundo, algo acende dentro dela. Uma faísca que a mostra que há lugar, sim, no mundo para garotas como ela. É por isso que ela decide arriscar suas chances em uma audição nos Estados Unidos para o programa de treinamento.

3. As referências ao mundo pop: Candace é FÃ de Ariana Grande e é muito divertido vê-la surtando quando músicas como "Problem" são escolhidas para o momento do treinamento. O livro, claro, foca em citar grandes grupos femininos do K-pop, especialmente Blackpink e Girls' Generation. Eu AMEI ler sobre a performance de Boombayah, por exemplo. Fiquei triste, porém, em ver que BTS não foi citado em nenhum momento. Entendo que, para os propósitos do livro, não havia como: a garota vai treinar na empresa que comanda o grupo masculino de K-pop mais popular de todos os tempos. Ainda assim, acho que um pequeno ajuste poderia ter incluído o grupo (que o autor AMA e faz questão de citar em todas as entrevistas) nessa história.

4. As diferenças culturais entre Estados Unidos e Coreia do Sul: Candace é coreana, mas viveu boa parte da sua vida nos Estados Unidos. Ela arrisca apenas algumas palavras em coreano e adota inteiramente o estilo de vida ocidental. Por isso, muitas de suas atitudes acabam se chocando com a cultura coreana, e ela é contantemente repreendida. O jeito de aceitar um presente (recuse três vezes e espere que a pessoa insista) e de aceitar um elogio ("me parece que realmente trabalhamos duro", "me parece que demos o nosso melhor"...) foram alguns dos pontos que me chamaram a atenção e me ajudaram a entender melhor o contexto do livro. Acho que isso fez toda a diferença para a construção da história.

5. As amizades da Candace nos Estados Unidos: Eu estou abrindo um fã-clube neste exato momento para os dois amigos dela, Imani e Ethan. Eles são TÃO fofos, divertidos e tudo aquilo que amigos devem ser!!! O jeito como eles a incentivavam e a apoiavam em cada passo da jornada dela é ALGO ALÉM. Dei muita risada com a Imani, especialmente. Se você não gostou dela... Girl, bye.

6. As críticas à indústria do K-pop, mas sem esquecer que a indústria ocidental não é melhor: Para os fãs de K-pop, não é novidade que os idols não podem namorar, comer demais e, às vezes, precisam até passar por cirurgias plásticas para entrar em um determinado padrão de beleza. Muito disso é criticado pela protagonista, que acha algumas atitudes absurdas. Ainda assim, para não deixar que isso se torne um argumento a ser usado pelos haters de K-pop, é chamada a atenção para o fato de que Hollywood não é muito diferente. Quando vemos absurdos que acontecem com artistas ocidentais, como a situação contratual que impede Taylor Swift de tocar suas músicas antigas sem antes regravá-las e toda a polêmica envolvendo a liberdade de Britney Spears, somos lembrados que, se quisermos criticar a indústria coreana, precisamos melhorar E MUITO.

7. A narração do audiolivro: "K-pop Confidential" é narrado pela atriz Joy Osmanski, que já participou de séries como "Santa Clara Diet" e "Stargirl". Além de ser carismática e dar uma voz única à protagonista, ela canta MUITO bem. Alguns trechos do livro têm letras de música, que Osmanski arrasa cantando. Fiquei surpreso, porque dificilmente encontro produções tão boas assim.

8. O treinamento: O foco do livro é no treinamento para se tornar uma idol. Fiquei positivamente surpreso, porque esperava que ele fosse focar no romance, como aconteceu com "Shine". A rotina maluca de obrigações, as responsabilidades enormes, as competições, as apresentações para CEOs e superiores... Tudo foi muito bem feito, sempre com base em muita pesquisa por parte do autor. Achei, inclusive, curioso como ele disse que "O mágico de Oz" e "Jogos vorazes" foram suas inspirações para esse livro: é a jornada de uma heroína em um mundo que coloca adolescentes um contra o outro em competições cada vez mais acirradas.

Acho que esses oito motivos já cobrem bem o que mais me chamou a atenção nessa história. Poderia continuar citando outros pontos positivos: a relação da Candace com a família, a caracterização das outras treinees, a ótima escrita, o final surpreendente... No entanto, só descarei mais um, que é a mensagem que o autor espera que os leitores levem a história:

"This is the heart of K-Pop Confidential for me: no one outside of yourself can take away or diminish your true sense of worth, no matter how powerful they seem, even if they seem to hold the keys to your future.

Young people today have so much going against them and so little support. It’s clear that older generations don’t have all the answers and therefore don’t have the right to force you to fit their standards. Candace’s journey is gaining the courage to acknowledge this and take her future into her own hands."

A entrevista inteira, aliás, que foi linkada acima, é excelente. Eu já quero ser amigo do Stephan Lee só pelas recomendações de leitura dele: "Espere até me ver de coroa", "Parachutes", "Os garotos do cemitério", "Grown"... Todos livros que eu AMO!!

Minha melhor leitura do ano até agora!! <3