Luís's Reviews > Diplomacia

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Diplomacia
by

Henry Kissinger,

Ana Cecília Simões et al (Translator)

Luís's review

May 28, 2023

liked it

bookshelves: 2023-readings, e-3, politics, american-literature, philosophy, war

That's one of the bibles of international relations, written by a follower of realpolitik. Unfortunately, Kissinger still needs to correct a big mistake: working in an administration that constantly mixes political and economic affairs. Under these circumstances, diplomacy stops being a public service tool and becomes a lobby.
As I am a defender of freedoms of any kind, I'm afraid I have to disagree with many of his statements in this work.

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Reading Progress

November 4, 2022 – Shelved

November 4, 2022 – Shelved as: to-read

February 15, 2023 – Shelved as: next-to-read

May 1, 2023 – Started Reading

May 1, 2023 –

page 32

4.04% "Baseando-se mais no realismo geopolítico do que no altruísmo generoso, Roosevelt convidou os dois beligerantes a enviarem representantes para a sua casa em Oyster Bay para elaborarem um tratado de paz, que acabou por ser concluído em Portsmouth, New Hampshire, que limitasse a vitória japonesa e preservasse o equilíbrio no Extremo Oriente. (...)"

May 1, 2023 –

page 46

5.8% "Nesse mesmo período, o enfraquecimento do papado sob o impacto da Reforma cortou a perspectiva de um império europeu hegemónico. Quando forte, o papado fora um espinho no flanco do imperador e um rival de respeito. Na sua época de declínio, no século XVI, o papado mostrou-se igualmente um obstáculo à concepção do império. Os imperadores queriam ver-se - e ser vistos - como agentes de Deus. (...)"

May 1, 2023 –

page 64

8.07% "O poder é muito difícil de afirmar, e o desejo de o reivindicar demasiado variado, para que seja possível encará-lo como ponto de partida fiável para o estabelecimento de uma ordem internacional. O equilíbrio funciona melhor se for suportado por um acordo baseado em valores comuns. O equilíbrio de poder inibe a capacidade de derrubar a ordem internacional; (...)"

May 4, 2023 –

page 86

10.84% "Não é uma descrição inexacta do que a Grã-Bretanha entendia por equilíbrio de poder. No final permitiu à Grã-Bretanha atravessar o século tendo travado apenas uma pequena guerra com outra grande poténcia - a guerra da Crimeia. Embora ninguém tivesse essa intenção quando a guerra começou, foi, contudo, a guerra da Crimeia que pôs termo à ordem de Metternich, tão trabalhosamente forjada no Congresso de Viena. (...)"

May 5, 2023 –

page 102

12.86% "Os dotes de Bismarck eram tão inesperados quanto a sua personalidade. O homem de «sangue e ferro» escreveu prosa de uma extraordinária simplicidade e beleza, gostava de poesia e copiava páginas de Byron para o seu diário. O estadista que exaltava a Realpolitik possuía um excepcional sentido das proporções que transformava o poder num instrumento de autocontenção."

May 5, 2023 –

page 116

14.63% "A tragédia de Napoleão foi a de as suas ambições terem ultrapassado as suas capacidades; a tragédia de Bismarck foi a de ter capacidades que excederam a aptidão da sua sociedade para as absorver. O legado que Napoleão deixou à França foi a paralisia estratégica; o legado que Bismarck deixou à Alemanha foi uma grandeza impossível de assimilar."

May 6, 2023 –

page 130

16.39% "Em 1875 estes métodos foram aplicados em Kokand, outro principado na fronteira do Afeganistão. Nessa ocasião o chanceler Gorchakov sentiu uma certa necessidade de justificar o fosso entre as garantias dadas pela Rússia e a respectiva actuação. Engenhosamente, inventou uma distinção sem precedentes entre garantias unilaterais (...) e os compromissos formais, bilaterais. (...)"

May 6, 2023 –

page 142

17.91% "Por volta de 1890 o conceito de equilíbrio de poder atingira o fim do seu potencial. Tinha-se tornado necessário, em primeiro lugar, pela multitude de estados que surgiram das cinzas das aspirações medievais a impérios universais. (...) O equilíbrio de poder conservara as liberdades dos estados, mas não a paz na Europa."

May 7, 2023 –

page 157

19.8% "A impaciéncia da Alemanha aprofundou a reserva dos Britânicos, que estavam a começar a levantar sérias dúvidas sobre o seu cortejador. «Não gosto de desconsiderar a evidente ansiedade dos meus amigos alemães.», escreveu Salisbury. «Mas não é sensato guiarmo-nos muito agora pelo seu conselho. Já não têm o seu Achitofel. É muito mais agradável e fácil relacionarmo-nos com eles, (...)"

May 7, 2023 –

page 172

21.69% "Os dirigentes de todos os principais países não compreenderam as implicações da tecnologia à sua disposição, ou das coligações que estavam a construir febrilmente. Pareciam estar esquecidos das enormes baixas da relativamente recente guerra civil americana, esperando um conflito curto e decisivo. (...)"

May 8, 2023 –

page 187

23.58% "Quando os acontecimentos completaram o seu curso, 20 milhões de pessoas estavam mortas, o império austro-húngaro tinha desaparecido, três das quatro dinastias que entraram na guerra - a alemã, a austríaca e a russa - tinham sido derrubadas. Apenas a casa real britânica permaneceu. Depois seria difícil relembrar com exactidão o que tinha provocado a deflagração. (...)"

May 8, 2023 –

page 199

25.09% "A Rússia de Lenine, que também não fora convidada, atacou todo o edifício, baseando-se no facto de este ser uma orgia capitalista organizada por países cujo objectivo último era intervirem na guerra civil da Rússia. Assim, a paz que concluía a guerra para acabar com todas as guerras não incluiu as duas nações mais fortes da Europa - a Alemanha e a Rússia - (...)"

May 9, 2023 –

page 211

26.61% "Os pacificadores do século XVIII teriam olhado as «cláusulas dos crimes de guerra» como absurdas. Para eles, as guerras eram inevitabilidades amorais causadas por conflitos de interesses. Nos tratados que concluíram as guerras do século XVIII os derrotados pagaram um preço, sem ser justificado em termos morais. (...)"

May 9, 2023 –

page 228

28.75% "Sendo este o caso, ficava sempre a possibilidade de os dois gigantes continentais poderem optar por dividir a a Europa de Leste entre si mais do que se juntarem a uma coligação contra o outro. Assim ficaram as coisas para Hitler e Estaline, libertos pelo passado e conduzidos pela sua ânsia de poder, eliminaram o castelo de cartas montado pelos bem-intencionados, (...)"

May 10, 2023 –

page 239

30.14% "Sejam quais forem as razões últimas Briand compreendeu que se França não prosseguisse a conciliação seria dela excluída pela pressão anglo-saxónica e pela força crescente da Alemanha. Stresemann embora firme opositor do Tratado de Versalhes acreditava que o abrandamento de tensões com a França apressaria a revisão das cláusulas de desarmamento e lançaria as bases para uma revisão das fronteiras orientais da Alemanha"

May 10, 2023 –

page 239

May 10, 2023 –

page 247

31.15% "Na Europa o incidente foi tratado como uma espécie de aberração própria de continentes distantes. As conversações sobre desarmamento continuaram como se a crise da Manchúria não existisse, tornando o debate relativo à segurança versus paridade uma questão eminentemente formal. (...)"

May 11, 2023 –

page 263

33.17% "As dúvidas da Grã-Bretanha depressa se estenderam mesmo às medidas preventivas aquém do estado de guerra. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse ao chargé d'affaires americano: «A Inglaterra faria todos os esforços para evitar a imposição de sanções militares e ou económicas contra a Alemanha.»"

May 12, 2023 –

page 274

34.55% "Quando Hitler reivindicou Danzig em 1939 e tentou a alteração do corredor polaco, os assuntos entre mãos não eram, no essencial, diferentes dos do ano anterior. Danzig era inteiramente uma cidade alemã, e o seu estatuto de cidade livre desvanecia-se perante o princípio da autodeterminação tanto quanto a adjudicação do território dos Sudetas à Checoslováquia. (...)"

May 12, 2023 –

page 287

36.19%

May 12, 2023 –

page 303

38.21% "Quanto à União Soviética em 1939, estava mal equipada para a batalha que ia ter lugar. No entanto, perto do final da Segunda Guerra Mundial era considerada uma superpotência global. Como Richelieu, no século XVII, Estaline, no século XX, tirou vantagem da fragmentação da Europa Central. A ascensão dos Estados Unidos ao estatuto de superpotência foi determinada pela sua capacidade industrial. (...)"

May 13, 2023 –

page 320

40.35% "Estaline apostara na racionalidade de Hitler e perdera; Hitler apostara na rápida capitulação de Estaline e também perdera. Mas, enquanto o erro de Estaline podia ser corrigido, o de Hitler não."

May 14, 2023 –

page 342

43.13% "As gerações americanas seguintes concederam o maior louvor à total honestidade do seu chefe executivo. No entanto, Roosevelt, tal como Lincoln, percebeu que a sobrevivência do país e dos seus valores estava em perigo e que a história iria responsabilizá-lo pelos resultados das suas iniciativas solitárias. (...)"

May 17, 2023 –

page 368

46.41% "Inegavelmente, contudo, a guerra acabou num vazio geopolítico. O equilíbrio de poder fora destruído e um tratado de paz global continuava a ser difícil. O mundo estava agora dividido em campos ideológicos. O período do pós-guerra iria transformar-se numa longa e dolorosa luta para se conseguir o acordo que tinha escapado aos governantes antes do final da guerra."

May 18, 2023 –

page 388

48.93% "A América tinha optado pela unidade ocidental em detrimento das negociações Leste-Oeste. Na realidade, não tinha outra alternativa, porque não ousava correr o risco de seguir as sugestões de Estaline para apenas descobrir que ele usava as negociações para minar a nova ordem internacional que a América tentava construir. (...)"

May 19, 2023 –

page 411

51.83% "Com todas estas características, a contenção foi uma doutrina que acompanhou a América durante mais de quatro décadas de construção, de luta e, por fim, de triunfo. A vítima das suas ambiguidades acabou por ser, não os povos que a América se propusera defender - globalmente com sucesso -, mas a consciência americana. (...)"

May 20, 2023 –

page 428

53.97% "Esta mudança naquilo que os marxistas chamam correlação de forças não passou despercebida ao dirigente que se especializara em basear a sua política em tal análise. Dezoito meses após a invasão da Coreia do Sul Estaline iniciou uma reavaliação das políticas soviéticas que iria culminar na mais significativa abertura diplomática soviética do período imediato ao pós-guerra."

May 20, 2023 –

page 438

55.23% "Adenauer rejeitou negociar a neutralidade como os sociais-democratas queriam fazê-la, em parte por razões filosóficas, mas também por razões de ordem prática muito prudentes. O idoso chanceler não queria voltar a despertar as tentações nacionalistas, especialmente agora que havia dois estados alemães que poderiam ser postos em hasta pública, como Churchill prevenira no seu discurso da cortina de ferro. (...)"

May 20, 2023 –

page 448

56.49% "Contudo, as posições dos dois lados não eram simétricas. O impasse servia os propósitos imediatos de Moscovo, tanto tácticos como internos, mas beneficiava a estratégia americana a longo prazo - apesar de nenhum dos dirigentes americanos entender totalmente isso. (...)"

May 20, 2023 –

page 453

57.12% "Mas Nikita Kruchtchev não iria deixar a esfera americana progredir sem contestação. Iria desafiar o Ocidente em áreas que Estaline sempre considerara fora da esfera de interesses soviética, levando a que os pontos quentes da competição soviético-americana surgissem fora da Europa. O primeiro destes pontos quentes iria irromper no que viria a ser conhecido como a crise do Suez de 1956."

May 21, 2023 –

page 468

59.02% "O dilema da táctica de Dulles resume-se na pergunta de um jornalista numa conferência de imprensa em 13 de Setembro: «Sr Secretário com os Estados Unidos a anunciarem antecipadamente que não utilizarão a força e a Rússia Soviética a apoiar o Egipto com a sua propaganda isso não coloca todos os trunfos nas mãos do Sr. Nasser?» Apesar de Dulles replicar vagamente que a força moral prevaleceria a questão acertou no alvo"

May 23, 2023 –

page 477

60.15% "A tentativa de a América se dissociar da Europa colocou-a na posição de ter de assumir por si mesma o fardo de proteger todas as nações livres (...) em todas as regiões do globo. Apesar de durante a crise do Suez a América ainda tentar lidar com as ambivalências do equilíbrio no mundo em vias de desenvolvimento através das Nações Unidas, em dois anos as forças americanas desembarcariam no Líbano, (...)"

May 23, 2023 –

page 492

62.04% "Os resultados de 1956 contribuíram para mais uma geração de sofrimento e de opressão. Apesar de aos historiadores poder parecer pequeno o intervalo até ao colapso final, isso não pode dar um arremedo da medida da angústia que a natureza totalitária do sistema impôs a inúmeras vítimas. Como consequência imediata, Moscovo (...) embarcou no até então mais sério desafio da guerra fria - os ultimatos a Berlim."

May 23, 2023 –

page 500

63.05% "De Gaulle não chegara a esta devoção pela amizade franco-alemã num súbito ataque de sentimentalismo. Desde o tempo de Richelieu, a política francesa sempre fora dirigida com o objectivo de manter o ominoso vizinho alemão dividido ou fraco, de preferência ambos. No século XIX a França compreendeu que, por si, não tinha poder suficiente para conter a Alemanha; (...)"

May 24, 2023 –

page 515

64.94% "O resultado cumulativo do fracasso de Kruchtchev nas iniciativas de Berlim e de Cuba foi o de que a União Soviética nunca mais se arriscou a desafiar directamente os Estados Unidos, excepto durante um breve arroubo no final da guerra do Médio Oriente em 1973. (...)"

May 24, 2023 –

page 531

66.96% "De Gaulle tinha penetrado no âmago do problema nuclear: na era nuclear não era possível recorrer a expedientes técnicos para assegurar a coordenação. O risco potencial de utilizar quaisquer armas nucleares era tão exorbitante que evitá-lo tendia a conduzir os vários actores a assumirem posturas altamente nacionalistas e egoístas. (...)"

May 24, 2023 –

page 538

67.84% "Assim, no fim da estrada que De Gaulle concebeu originalmente para tornar a América dispensável e que a América esperava que conduzisse a uma mais completa integração da França na NATO, a cooperação entre estes dois adversários amigáveis de longa data (...) surgiu como a chave para o equilíbrio, tal como deveria ter sucedido quando, duas gerações antes, Wilson apareceu em França para libertar o Velho Mundo (...)"

May 25, 2023 –

page 559

70.49% "A tradição universalista da América não podia simplesmente permitir a diferenciação entre vítimas potenciais com base na eficiência energética. Quando os dirigentes americanos invocaram a abnegação do seu país, era porque acreditavam genuinamente nela; era mais provável que defendessem um país em nome dos princípios do que com fundamento no interesse nacional americano."

May 25, 2023 –

page 587

74.02% "Ao deter a escalada e, simultaneamente, renunciar à candidatura e propor negociações, Johnson combinou todas as desvantagens. Os seus sucessores potenciais rivalizaram uns com os outros em promessas de paz, mas sem lhes definirem os termos. Assim, quando as negociações se iniciaram, estavam criadas as condições para a desilusão pública. (...)"

May 26, 2023 –

page 603

76.04% "Nenhuma das subsequentes tragédias e controvérsias conseguiram fazer esquecer o júbilo que os responsáveis pela condução da política americana sentiram quando se aperceberam de que estavam à beira de conseguirem o que haviam perseguido ao longo de quatro angustiantes anos e que a América não teria de abandonar o povo que nela tinha confiado. (...)"

May 26, 2023 –

page 612

77.18% "Permanece a questão de saber se os acontecimentos teriam evoluído na mesma direcção se a América tivesse ficado simplesmente passiva, confiando na evolução histórica para a resolução do desafio comunista. Ou teria tal renúncia conferido um ímpeto e uma convicção de inevitável vitória ao mundo comunista, suficiente para adiar, ou talvez mesmo interromper, o colapso soviético?"

May 26, 2023 –

page 639

80.58% "À medida que os êxitos da política externa de Nixon começaram a ser tomados como garantidos e os perigos que evitara foram sendo eliminados, a abordagem de Nixon (e minha) tornou-se cada vez mais controversa. Sem o caso Watergate, Nixon teria, provavelmente, conseguido converter o país ao seu estilo de diplomacia e demonstrar que este era, de facto, o meio mais realista de defender o idealismo americano. (...)"

May 27, 2023 –

page 665

83.86% "No entanto, tendo mantido o mundo unido durante a guerra fria, a América redescobriu a sua posição e conseguiu inverter as posições em relação ao seu oponente soviético. E, quando a ameaça geopolítica se desvaneceu juntamente com o desafio ideológico, a América foi, ironicamente, forçada, sem qualquer hipótese de escolha, na década de 90, a uma nova ponderação global dos seus interesses nacionais."

May 28, 2023 –

page 690

87.01% "O dilema de Gorbatchev residia no facto de, por um lado, as suas declarações serem interpretadas no contexto de que Malenkov e Kruchtchev tinham dito trinta anos antes e, por outro, serem demasiado vagas para encorajarem uma resposta precisa. (...)"

May 28, 2023 –

page 701

88.4% "No entanto, a política externa de Reagan tinha mais a natureza de um esplendoroso pôr do Sol do que a do nascer de uma nova era. A guerra fria tinha quase sido feita para pôr ordem nas ideias preconcebidas da América. Fora um desafio predominantemente ideológico que tornara as máximas universais, ainda que muito simplificadas, aplicáveis à maioria dos problemas mundiais. (...)"

May 28, 2023 –

page 731

92.18% "No caminho para uma ordem mundial, pela terceira vez na época moderna, o idealismo americano continua tão essencial como sempre, talvez ainda mais. Mas na nova ordem mundial o seu papel será proporcionar a fé para aguentar a América através de todas as ambiguidades das escolhas num mundo imperfeito. (...)"

May 28, 2023 – Shelved as: 2023-readings

May 28, 2023 – Shelved as: e-3

May 28, 2023 – Finished Reading

September 26, 2023 – Shelved as: politics

September 26, 2023 – Shelved as: american-literature

September 26, 2023 – Shelved as: philosophy

September 26, 2023 – Shelved as: war