Paula Mota's Reviews > Não te Mexas

#esquecido nas estantes #4

Já tinha este livro há 10 anos nas estantes, comprado depois de ter adorado “Vir ao Mundo” desta mesma autora. Sendo esta a terceira obra que li de Margaret Mazzantini, sei que o seu forte é a fragilidade da vida e, por isso, o início, com um acidente de uma adolescente, prepara-nos de imediato para o drama.

Tu vinhas atrás, na motorizada, seguias o nosso carro, que ia mutio devagar. No espelho via o teu capacete vermelho. Lembro-me de ter dito:
-Não podemos viver de medos, temos de a deixar crescer. – E tinha medo de pensar: temos de a deixar morrer.

Corte-se, então, o patético monólogo do pai à filha em risco de vida, aproveite-se um ou dois capítulos pelo meio, e passe-se logo para o final, que foi basicamente o que fiz, porque “Não te mexas” é uma das histórias mais sórdidas que já me passou pelas mãos, com um protagonista a precisar de cadeia no mínimo, internamento psiquiátrico no máximo. “Não te mexas” é uma espécie de Dr. Jekyll e Mr. Hyde dos tempos modernos em que a vida dupla do Dr. Timo seria um excelente caso para o DSM-5.