Luís’s Reviews > Diplomacia > Status Update

No caminho para uma ordem mundial, pela terceira vez na época moderna, o idealismo americano continua tão essencial como sempre, talvez ainda mais. Mas na nova ordem mundial o seu papel será proporcionar a fé para aguentar a América através de todas as ambiguidades das escolhas num mundo imperfeito. (...)

No entanto, a política externa de Reagan tinha mais a natureza de um esplendoroso pôr do Sol do que a do nascer de uma nova era. A guerra fria tinha quase sido feita para pôr ordem nas ideias preconcebidas da América. Fora um desafio predominantemente ideológico que tornara as máximas universais, ainda que muito simplificadas, aplicáveis à maioria dos problemas mundiais. (...)

O dilema de Gorbatchev residia no facto de, por um lado, as suas declarações serem interpretadas no contexto de que Malenkov e Kruchtchev tinham dito trinta anos antes e, por outro, serem demasiado vagas para encorajarem uma resposta precisa. (...)

No entanto, tendo mantido o mundo unido durante a guerra fria, a América redescobriu a sua posição e conseguiu inverter as posições em relação ao seu oponente soviético. E, quando a ameaça geopolítica se desvaneceu juntamente com o desafio ideológico, a América foi, ironicamente, forçada, sem qualquer hipótese de escolha, na década de 90, a uma nova ponderação global dos seus interesses nacionais.

À medida que os êxitos da política externa de Nixon começaram a ser tomados como garantidos e os perigos que evitara foram sendo eliminados, a abordagem de Nixon (e minha) tornou-se cada vez mais controversa. Sem o caso Watergate, Nixon teria, provavelmente, conseguido converter o país ao seu estilo de diplomacia e demonstrar que este era, de facto, o meio mais realista de defender o idealismo americano. (...)

Permanece a questão de saber se os acontecimentos teriam evoluído na mesma direcção se a América tivesse ficado simplesmente passiva, confiando na evolução histórica para a resolução do desafio comunista. Ou teria tal renúncia conferido um ímpeto e uma convicção de inevitável vitória ao mundo comunista, suficiente para adiar, ou talvez mesmo interromper, o colapso soviético?

Nenhuma das subsequentes tragédias e controvérsias conseguiram fazer esquecer o júbilo que os responsáveis pela condução da política americana sentiram quando se aperceberam de que estavam à beira de conseguirem o que haviam perseguido ao longo de quatro angustiantes anos e que a América não teria de abandonar o povo que nela tinha confiado. (...)

Ao deter a escalada e, simultaneamente, renunciar à candidatura e propor negociações, Johnson combinou todas as desvantagens. Os seus sucessores potenciais rivalizaram uns com os outros em promessas de paz, mas sem lhes definirem os termos. Assim, quando as negociações se iniciaram, estavam criadas as condições para a desilusão pública. (...)

A tradição universalista da América não podia simplesmente permitir a diferenciação entre vítimas potenciais com base na eficiência energética. Quando os dirigentes americanos invocaram a abnegação do seu país, era porque acreditavam genuinamente nela; era mais provável que defendessem um país em nome dos princípios do que com fundamento no interesse nacional americano.

Assim, no fim da estrada que De Gaulle concebeu originalmente para tornar a América dispensável e que a América esperava que conduzisse a uma mais completa integração da França na NATO, a cooperação entre estes dois adversários amigáveis de longa data (...) surgiu como a chave para o equilíbrio, tal como deveria ter sucedido quando, duas gerações antes, Wilson apareceu em França para libertar o Velho Mundo (...)