Opinião
Publicidade

Por Thássius Veloso (@thassius) — San Francisco, EUA

A maior fabricante de celulares do mundo está sob nova direção no Brasil. Em dezembro de 2022, Gustavo Assunção assumiu a vice-presidência que cuida de um dos negócios mais rentáveis da Samsung. Os onipresentes aparelhos estão esfriando – tanto em interesse quanto em vendas. Em sua primeira entrevista, ele festeja a chegada do recém-lançado Galaxy S23 ao mesmo tempo em que denuncia a engenharia fiscal adotada por rivais, que vendem smartphones a preços inacreditáveis.

Assunção não se furta de navegar por assuntos polêmicos, como o retorno do carregador na caixa da nova geração. Também destaca que a linha S23 é a primeira em que a companhia inicia as vendas no Brasil junto com outros mercados prioritários. É um evidente sinal de prestígio – ou, como ele diz, de um protagonismo do qual não abrem mão. Os preços são os mesmos de 2022, apesar da pressão inflacionária.

O novo chefão dos smartphones também fala sobre a sensação de mesmice no mercado – apontada por este escriba nas primeiras impressões do S23 Ultra – e as oportunidades trazidas pelo 5G. Confira no texto abaixo, que foi editado para fins de clareza e brevidade.

Gustavo Assunção, vice-presidente de Mobile Experience para o Brasil — Foto: Divulgação/Samsung
Gustavo Assunção, vice-presidente de Mobile Experience para o Brasil — Foto: Divulgação/Samsung

TechTudo – Vários consumidores reclamam comigo que os celulares atuais estagnaram em termos de recursos. Tudo é muito parecido em termos de câmera e de processamento, não importando a fabricante. Existe a queixa de que caiu na mesmice. Também reclamam com vocês?

Gustavo Assunção – Eu entendo a pergunta, mas preciso ressaltar que a Samsung acaba de tornar o celular dobrável interessante para as massas. Nós lançamos as novas gerações do Flip e do Fold recentemente e estamos trabalhando na divulgação destes produtos. Não acho que seja algo sutil, mas sim uma novidade muito importante. Também estamos aumentando a resolução da câmera do Galaxy S23 Ultra. Além disso, é natural que a indústria primeiro crie a ferramenta e que depois surjam conteúdos que tirem proveito dela. Muitas vezes a gente traz o recurso antes da aplicação, o que acaba sendo percebido como uma inovação simbólica, mas eu respeitosamente discordo. E hoje em dia, a inovação também está nas iniciativas para ser mais sustentável.

E o que o Galaxy S23 traz de inovador?

São vários pilares. O primeiro deles é a câmera, que tem nível profissional para uso no dia a dia. O segundo é o processador, que foi desenvolvido especificamente para o Galaxy, com foco em games. O terceiro ponto é a produtividade por causa da caneta S Pen. Já o quarto é a sustentabilidade, pois este produto tem mais elementos reciclados do que no Galaxy S22. A Samsung está fazendo valer o manifesto de se tornar mais verde. Por fim, os usuários contam com a alta segurança por meio da plataforma Knox.

Confira o lançamento do Galaxy S23 diretamente dos EUA

Confira o lançamento do Galaxy S23 diretamente dos EUA

Qual vai ser a estratégia para trazer o Galaxy S23 ao Brasil?

Nós combinamos o lançamento no Brasil com o restante do mundo, o que coloca o país numa posição de prioridade. Vamos oferecer os smartphones na versão base com o dobro de armazenamento. Os consumidores ainda levarão de brinde os fones de ouvido da linha Galaxy Buds. Será possível adquirir do S23 via assinatura ou financiamento, com direito a um trade in mais robusto. Nós vamos dar um bônus significativo em cima do valor do aparelho usado para que o consumidor troque por um novo.

Como é a logística por trás do lançamento brasileiro em simultâneo com o global?

Houve todo um trabalho de produção no país porque nada é importado, todos os aparelhos são fabricados em Manaus e em Campinas. Nós começamos a entregar os produtos para os parceiros de vendas com cláusulas de confidencialidade. Essa é uma operação bastante complexa. A partir do lançamento de ontem, há um tempo de entrega que deve variar entre sete e dez dias, em média. Nós temos o interesse de surfar o alto interesse em torno da chegada do S23, que conta com a cobertura da imprensa e com a nossa campanha de marketing.

O mercado global de celulares afundou em 2022. Só as remessas da Samsung caíram 15,6% e outras empresas estão ainda pior. Como vocês pretendem encarar este desafio?

É inegável que estamos diante de um mercado desafiador. Todos os setores estão passando por um desafio de consumo. No Brasil, a Samsung tem um compromisso de longo prazo, com duas fábricas. Nosso papel como líder é estimular as vendas. Não vamos abrir mão deste protagonismo. Nada impede que a gente ganhe espaço em 2023. O mercado de TVs, por exemplo, não cresce a taxas generosas faz algum tempo. Eu estava acostumado com isso quando tocava esta área da empresa. Precisamos convencer os consumidores de que existem produtos melhores e de que é interessante substituir o aparelho.

Galaxy S23 Ultra na mão — Foto: Thássius Veloso/TechTudo
Galaxy S23 Ultra na mão — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

Já o mercado brasileiro passa pelo fenômeno dos marketplaces onde os celulares – principalmente de marcas chinesas – são vendidos a preços baratíssimos. Como competir?

Os preços do mercado cinza só são possíveis por causa de táticas de engenharia fiscal. Nós temos duas frentes de trabalho: com nossos parceiros comerciais, no sentido de evitar a sonegação dentro das plataformas de marketplace, e com as autoridades brasileiras. Temos visto uma queda do mercado cinza nos últimos anos. É do interesse de todos que haja um cenário justo no Brasil.

A Samsung parou de incluir o carregador na caixa e depois voltou a fazê-lo. A gente mesmo noticiou isso. Vocês ouviram os consumidores ou o recado das autoridades, que expressaram muitas críticas nos últimos anos?

Na verdade é a mesma coisa porque as autoridades reagem a uma demanda do consumidor. Eu acho que o gatilho da mudança sempre é o usuário. Se não fosse isso, elas não teriam essa atuação. Antes, as pessoas que quisessem o carregador podiam fazer o resgate gratuito. Agora a gente dá mais conveniência ao consumidor, que está comprando um produto considerado carro-chefe e tem o carregador de imediato.

Galaxy S23 tem tela de 6,1 polegadas — Foto: Thássius Veloso/TechTudo
Galaxy S23 tem tela de 6,1 polegadas — Foto: Thássius Veloso/TechTudo

O que as TVs podem ensinar para o negócio de celulares?

Nós vamos trabalhar o conceito de ecossistema porque nenhum outro fabricante possui algo assim, com TVs, linha branca, monitores, PCs, tablets e smartphones. Temos a missão de fazer isso em conjunto com nossos parceiros comerciais e consumidores.

Daqui a pouco faz um ano do lançamento do 5G. As pessoas ainda me perguntam muito sobre essa tecnologia. Nas lojas de vocês os clientes já chegam pedindo Galaxy com o recurso?

O 5G é uma locomotiva de crescimento, pois motiva as pessoas a trocarem de celular. Em 2023, praticamente todo o nosso portfólio será compatível com o 5G SA. Essa oferta mais ampla e acessível nos permite comunicar melhor os benefícios da tecnologia. Por exemplo, a gente vai lançar em fevereiro o Galaxy A14 com 5G. O assunto ainda merece atenção dos fabricantes, dos varejistas e das operadoras.

Thássius Veloso (@thassius) é jornalista especializado em tecnologia, setor que cobre há mais de dez anos. É editor do TechTudo e comentarista da CBN e da GloboNews. Entre em contato pelo email [email protected].

O jornalista viajou para San Francisco, nos EUA, a convite da Samsung.

Mais recente Próxima The Last Of Us já é a melhor adaptação de um jogo? Veja impressões da série
Mais do TechTudo