Opinião
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Por Thássius Veloso (@thassius)

Seja sincero: qual o principal problema do seu celular? Algumas pessoas vão mencionar velocidade, outras câmera. No entanto, a reclamação sobre a bateria costuma ser o item mais citado nas conversas que tenho com leitores por aí. Para além dos relatos individuais, a Nokia realizou uma pesquisa e descobriu que 80% dos usuários de smartphone fazem essa queixa. O assunto é tão relevante que está entre as grandes prioridades da empresa, de acordo com o gerente global de marketing, Adam Ferguson.

A empresa HMD Global está por trás da marca Nokia. Desde que retornou ao Brasil, há quase três anos, realizou diversos lançamentos. A companhia tenta disputar terreno com gigantes do setor, como Samsung, Motorola e Xiaomi. O resultado por ora tem sido tímido, segundo fontes do mercado. Numa conversa exclusiva via internet, Ferguson deu detalhes sobre o momento atual no país e o que a empresa leva em consideração ao projetar os produtos.

Confira as respostas nas linhas a seguir. O material foi editado para fins de clareza e brevidade. Note que o meio ambiente e a durabilidade são citados em diversos momentos do papo.

Adam Ferguson, gerente de marketing da HMD Global e da marca Nokia — Foto: Divulgação/Nokia
Adam Ferguson, gerente de marketing da HMD Global e da marca Nokia — Foto: Divulgação/Nokia

Como estão os celulares Nokia no mundo e no Brasil?

Muitas das nossas iniciativas mais recentes estão em linha com nosso foco em sustentabilidade e longevidade. Queremos fornecer aos nossos usuários dispositivos e serviços nos quais eles podem confiar por um longo tempo. Agora está mais claro qual é a proposta das linhas C, G e X. Os clientes sabem exatamente o que esperar.

Os usuários ficam com os smartphones por quanto tempo? Eu tenho notado que as pessoas permanecem com o mesmo aparelho por um período mais longo.

Você tem razão. Na média global, as pessoas estão ficando de dois a três anos com o mesmo celular. Este período é ainda maior no caso da Nokia. Nós criamos o programa Circular para premiar os clientes e incentivar este comportamento. Na iniciativa Seeds for Tomorrow (Sementes para o Amanhã, em tradução livre), cada seis meses de uso do telefone geram as chamadas sementes, que podem ser investidas numa série de instituições ligadas ao meio ambiente. Além disso, quando o consumidor decide trocar de aparelho, nós o recebemos e destinamos a outra pessoa ou reciclamos as peças, caso não seja mais possível utilizá-lo.

Eu ouço com muita frequência a queixa de que a indústria não inova mais. Todos os dispositivos são parecidos. Você concorda?

Acredito que ainda há muito espaço para inovação, mas ela tem formatos diferentes. A marca Nokia não está necessariamente preocupada com o número de megapixels da câmera ou quanto de mAh dá para colocar numa bateria. Tem mais a ver com a reflexão sobre os materiais que nós usamos. Como podemos usar alumínio reciclado? De que forma é possível ampliar o uso de plástico reaproveitado? A bateria também merece atenção. Em alguns aparelhos recentes, nós aumentamos de 500 para 800 ciclos de recarga antes que comece a queda de eficiência. Hoje em dia, a bateria é motivo número um para que os consumidores troquem de telefone.

Nokia G11 Plus, um dos lançamentos de 2023 no Brasil — Foto: Divulgação/Nokia
Nokia G11 Plus, um dos lançamentos de 2023 no Brasil — Foto: Divulgação/Nokia

Por que os celulares estão ficando tão caros?

Primeiro de tudo, conforme os telefones ficam melhores, acabam usando componentes mais caros. Por exemplo, é preciso colocar mais memória RAM até nos produtos mais simples para dar conta dos sistemas e aplicativos mais recentes. Este é um dos componentes mais caros na hora de produzir o telefone. O mesmo vale para câmera e bateria. A nossa estratégia prevê fornecer o melhor possível dentro de certas faixas de preço. Nós não praticamos grandes aumentos nos aparelhos da linha Nokia G.

A marca Nokia traz, por si só, muita nostalgia. Os brasileiros se lembram dela com muito carinho. Isso ajuda a vender mais produtos?

O amor pela marca Nokia é muito intenso e uma das razões pelas quais os fundadores originais da empresa resolveram voltar ao mercado de telefonia. Existia uma oportunidade de entregar equipamentos incríveis e duráveis. A lembrança dos aparelhos tidos como indestrutíveis ainda é considerada quando estamos projetando novos celulares Nokia. A pergunta aqui é sobre como a marca evolui e segue em direção ao futuro sem jamais esquecer de onde viemos.

Nokia 105: telefone basicão tem preço sugerido de R$ 169 — Foto: Divulgação/Nokia
Nokia 105: telefone basicão tem preço sugerido de R$ 169 — Foto: Divulgação/Nokia

Veremos carregadores ultrarrápidos na Nokia?

Nós perguntamos aos nossos consumidores o que é mais importante para eles em termos de bateria. Por volta de 80% mencionaram a duração. Eles querem passar o dia inteiro com o telefone. Só depois os clientes mencionaram o carregador rápido e a recarga sem fio. Isso é legal e tal, mas a maioria das pessoas recarrega o aparelho durante a noite. Desde que dure o dia inteiro, tanto faz se recarrega em 10 ou em 60 minutos. Ainda que estas novas tecnologias sejam interessantes, elas encarecem os produtos. A gente entende, portanto, que existem outros pontos que merecem mais atenção e podem levar a uma melhor experiência.

Este comportamento está mudando? No passado você tinha que recarregar durante a noite, mas talvez atualmente não seja assim. Conheço pessoas que fazem diferente: levam o celular pro trabalho e aproveitam enquanto estão realizando outras atividades.

Pois é, a mudança de comportamento provém de aparelhos sendo utilizados de formas distintas. Se a gente está falando de um celular muito potente, com grande poder de processamento, haverá mais consumo de bateria e talvez a carga não aguente o dia todo. As pessoas não recarregam no meio do dia porque gostam. Nosso foco está em projetar dispositivos que aguentem muito mais do que um dia. Os modelos da linha Nokia G, por exemplo, ficam ligados por até três dias. Isso é rigorosamente testado. Nossos clientes nos dizem que é exatamente isso de que precisam.

Nokia C21 Plus promete vários dias de bateria — Foto: Divulgação/Nokia
Nokia C21 Plus promete vários dias de bateria — Foto: Divulgação/Nokia

Qual a relevância da política de atualizações de sistema quando consideramos a longevidade dos aparelhos?

Ela é crucial. Nós tocamos a marca Nokia de celulares há seis anos. Desde o começo, nós nos asseguramos de que os clientes teriam novas versões do Android e anos de pacotes regulares de segurança. A ideia é manter o interior do smartphone tão durável e atualizado quanto a parte exterior. Outros participantes da indústria começaram a fazer o mesmo. Isso é fantástico! Agora o desafio é fazer com que este compromisso seja respeitado em todas as faixas de preço. Por exemplo, os aparelhos mais baratos da linha Nokia G recebem duas novas versões do Android e três anos de pacotes de segurança.

Os consumidores buscam celulares compatíveis com a rede 5G?

O 5G está aos poucos se tornando mais importante, mas ainda não é o principal ponto considerado pelas pessoas na hora de escolher o próximo celular. Ninguém está interessado em saber se o aparelho é 4G ou 5G. Os consumidores estão preocupados com a experiência, se será rápida e se poderão fazer tudo que precisam quando estão numa área mais populosa. Existe muito potencial no 5G, e é por isso que diversos aparelhos Nokia trazem essa tecnologia. Este é o futuro.

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia, setor que cobre há mais de dez anos. É editor do TechTudo e comentarista da CBN e da GloboNews. Está no Twitter, Instagram e LinkedIn. Entre em contato pelo email [email protected].

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