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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O futebol convoca o Brasil

País só voltará a ser o do futebol quando for dos homens e das mulheres

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Pia Sundhage convocou 12 jogadoras com participações em Copas do Mundo. A renovação é similar à vista nos Mundiais de 2011 e 2015 e maior do que a observada na edição de 2019 —Vadão repetiu 13 atletas da disputa anterior—, mas não chega aos pés de quando o Brasil levou pela primeira vez Marta e Cristiane, em 2007.

Não é preciso dizer que se tratava da geração mais talentosa de todas, porque as duas juntas disputaram duas finais olímpicas e foram vice-campeãs mundiais. Foi há 16 anos.

O que denota o absurdo de ainda haver quem ache necessário ter as duas juntas. Marta é uma reserva de talento e experiência. A opção de Pia Sundhage por não levar Cristiane se explica por uma palavra: trabalho.

Ela foi contratada para trabalhar o processo de desenvolvimento de um país que ficou para trás.

Pia Sundhage apresentou uma lista renovada para o Mundial - Thais Magalhães/CBF

A razão é semelhante à do masculino, mas entre as mulheres o deficit é maior, dada a velocidade com que a modalidade se desenvolve no mundo. Entre os homens, o Brasil é o único país com jogadores em todas as finais de Champions League do século 21.

No feminino, Geyse ganhou pelo Barcelona neste ano. Entrou aos 25 do segundo tempo, exatamente o mesmo minuto em que Andressa Alves marcou presença na decisão de 2019. Fazia quatro anos que nenhuma brasileira estava na decisão.

Entre 2007, quando o Brasil foi vice-campeão mundial, perdendo a decisão para a Alemanha, e hoje, o nível de seleções como Inglaterra, França, Holanda e Espanha se ampliou.

A Itália foi às quartas de final de 2019, na França.

Apesar disso, o Brasil está muito perto da elite.

Ganhou amistoso contra a Alemanha, empatou com a Inglaterra na Finalíssima –duelo entre campeões da Europa e América do Sul– e, nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Tóquio, perdeu só nos pênaltis para o Canadá, mais tarde medalha de ouro.

Marta disputará sua sexta Copa do Mundo, em companhia de Antônia, Tarciane, Yasmin, Duda, Ana Vitória...

Kerolin não jogou em 2019 porque estava suspensa. Também estreará na Austrália e na Nova Zelândia.

Não culpe Pia Sundhage pela demora da renovação e pela dificuldade dos resultados. O Brasil será campeão mundial se trabalhar forte para isso, e será mais fácil no dia em que nós, pais e mães, presentearmos nossas filhas com uma bola de futebol.

Minha filha tinha uma bomba. Bruna chutava muito forte, de pé esquerdo, e só descobri que era canhota de pé porque joguei bola com ela. Escrevia com a mão direita.

Quantos pais não sabem se sua filha, destra ao manusear objetos, é canhota ou não quando tem uma bola no pé?

Essa é a razão de o Brasil sair da convocação feliz por ter 11 estreantes em Copas do Mundo –Tite levou 13 novatos para o Qatar.

A convocação transmitida em rede nacional, com entrevista coletiva na sede da CBF, como aconteceu em 2019, também ajuda na compreensão de que o Brasil só voltará a ser o país do futebol quando for dos homens e das mulheres.

Quanto mais meninas jogarem na infância, mais chance haverá de se ter craques nas seleções feminina e masculina.

O Brasil não vai à Copa do Mundo como favorito.

Viaja sabendo que precisa trabalhar mais, para se aproximar da elite. Mas é capaz de fazer jogo grande contra Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, Holanda e Canadá, algumas das favoritas para conquistar o troféu.

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