Com cenas gravadas no Marrocos, filtros à vontade, tons de sépia e música dramática, a Record apresentou anteontem sua nova trama bíblica. “Jesus” é escrita por Paula Richard e tem direção geral de Edgard Miranda. As primeiras cenas retrataram a crucificação. Esse foi um pretexto, claro, para muita câmera lenta e numerosa figuração. No fim, alguns personagens se agruparam, olharam para o céu e o tempo fechou. Quem não lembrou da abertura do Mar Vermelho em “Os Dez Mandamentos” que atire a primeira pedra.
A produção bebeu naquela fonte inesgotável descoberta pela emissora em 2010, quando lançou sua primeira série bíblica, “A História de Ester”. Depois de tantos anos explorando o mesmo filão, a Record se especializou. Vimos a fórmula de sempre: uma dramaturgia que mistura registros das Escrituras a uma novela do cotidiano, puxada por pequenos conflitos.
Assim, o anjo Gabriel (Raphael Sander) avisou a Maria (Juliana Xavier) que ela dará à luz um menino e ele se chamará Jesus. Ela e José (Guilherme Dellorto) decidiram se casar. Paulo César Pereio narrou certos trechos. Fomos ainda apresentados a Herodes (Paulo Gorgulho) e a personagens que desaparecerão na segunda fase da trama, quando o protagonista estiver adulto e a cargo de Dudu Azevedo.
O capítulo foi didático, mas construído com lógica, diferentemente do que aconteceu com “Apocalipse”, sua antecessora. Mas pecou pelo elenco de altos e baixos, responsável por uma concentração impressionante de caretas por metro quadrado de cenário. E, falando em cenário, num dos planos, ao longe, deu para avistar o minarete de uma mesquita. Estranho: o islamismo só surgiu bem mais tarde.
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