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Julia Garner faz trabalho brilhante na série 'Inventando Anna'

Patrícia Kogut

Julia Garner em 'Inventando Anna' (Foto: David Giesbrecht/Netflix)Julia Garner em 'Inventando Anna' (Foto: David Giesbrecht/Netflix)

 

Julia Garner tem menos de 30 anos e já coleciona dois prêmios Emmy. Ela ganhou projeção (e os troféus) como Ruth Langmore de “Ozark”. Da última semana para cá, vem fazendo sucesso como a personagem central de “Inventando Anna”, criação de Shonda Rhimes, também lançada pela Netflix. A presença da atriz é uma razão em si para conferir a série, que tem, no entanto, outros atrativos. Antes de falar deles, lembro outro trabalho de Julia na teledramaturgia que merece a sua atenção.

Em 2015, ela estreou na TV já atraindo os olhares do público. Foi em “The americans”. Os protagonistas da trama eram um casal de espiões da KGB em missão secreta em Washington D.C. nos tempos da Guerra Fria. Matavam e esfolavam com impressionante frieza enquanto levavam uma vida burguesa de fachada. Mais do que adaptados à sociedade americana, pareciam a própria expressão do american way of life. Um dia, Moscou determinou que ele, Phillip (Matthew Rhys), seduzisse Kimmy (Julia), uma adolescente cujo pai trabalhava na CIA. Só que ela era encantadora. E Phillip não teve coragem de obedecer à ordem do serviço secreto soviético de sequestrar a moça e levá-la para a Bulgária. Kimmy foi um balizador moral. Foi uma das tramas mais interessantes da interessantíssima “The americans”. Em grande medida, aconteceu graças à atriz.

Dito isso, volto a “Inventando Anna”. Começo pelo título, um achado. Ele resume tudo, como num slogan publicitário feliz. Os nove episódios de cerca de uma hora se baseiam numa história real. Mas real em termos. Porque Anna Sorokin, jovem russa de origem humilde que se mudou para Nova York em 2013, criou uma persona. É, portanto, uma Anna inventada.

Ela se dizia alemã e herdeira de uma fortuna à qual ainda não tinha acesso. Inteligente e dona de uma memória impressionante, se imiscuiu nos círculos mais fechados da elite da cidade. Só usava grifes caras e dormia nos hotéis mais exclusivos. Sempre às custas de alguém. Deu golpes impressionantes. Acabou presa em 2017. Não conto mais para evitar o spoiler.

A série acompanha uma jornalista, Vivian (Anna Chlumsky), que fareja uma boa reportagem na história da impostora quando ela já está presa. Ela precisa descascar muitas camadas de tinta para conseguir compor o verdadeiro perfil da moça — se é que ele existe. Além da resistência dela, há as máscaras sociais, as mentiras deslavadas, a pose, os ex-amigos que não querem aparecer, entre outros obstáculos. Esse esforço expõe não apenas a figura da falsária. Somos levados a compreender como funciona o universo jet-setter. A jornalista é o guia do espectador. O enredo corre ágil e magnético como a russa que enganou todo mundo com seu charme. Isso se soma a boas atuações. No caso de Julia Garner, a um trabalho brilhante. Vale conferir.

 

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