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Tráfico de vida selvagem causa danos “incalculáveis” à natureza, afirma ONU

Leão macho na Reserva Masai Mara, Quênia
Pnuma GRID Arendal/Peter Prokosch
Leão macho na Reserva Masai Mara, Quênia

Tráfico de vida selvagem causa danos “incalculáveis” à natureza, afirma ONU

Legislação e prevenção de crimes

Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime aponta 4 mil espécies de plantas e animais traficados entre 2015 e 2021 em 162 países e territórios; muitas destas espécies estão ameaçadas de extinção; grupos poderosos do crime organizado operam em ecossistemas como Amazônia e Triângulo Dourado. 

O novo Relatório Mundial sobre Crimes contra a Vida Selvagem, lançado nesta segunda-feira, conclui que o tráfico de animais silvestres não sofreu redução significativa nas últimas duas décadas.

O levantamento do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, menciona sinais positivos para algumas espécies icônicas, como elefantes e rinocerontes, mas pede aplicação mais eficaz da lei e investigações mais rigorosas.

Grupos poderosos do crime organizado 

O relatório indica que o crime contra a vida selvagem está interligado com as atividades de grupos poderosos do crime organizado que operam em alguns dos ecossistemas mais frágeis e diversos do mundo, da Amazônia, na América do Sul, ao Triângulo Dourado, na Ásia.

Os dados mais recentes sobre espécies traficadas apreendidas de 2015 a 2021 em 162 países e territórios indicam que o comércio ilegal afeta cerca de 4 mil espécies de plantas e animais. Destas, aproximadamente 3.250 estão listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.

As redes criminosas transnacionais envolvem-se em várias fases da cadeia comercial, incluindo exportação, importação, corretagem, armazenamento, criação e venda a clientes.

Barcos de busca de peixes cruzam o rio fronteiriço entre a vila de Perigi e a área da reserva de vida selvagem de Padang Sugihan, na Indonésia
Cifor/Faizal Abdul Aziz
Barcos de busca de peixes cruzam o rio fronteiriço entre a vila de Perigi e a área da reserva de vida selvagem de Padang Sugihan, na Indonésia

Danos em diversas áreas

A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, afirmou que o problema exige “intervenções fortes e direcionadas tanto para o lado da demanda quanto para o lado da oferta da cadeia do tráfico, esforços para reduzir os incentivos e lucros criminosos e maior investimento em dados, análise e capacidades de monitoramento".

Segundo ela, "o crime contra a vida selvagem inflige danos incalculáveis à natureza e põe em risco os meios de subsistência, a saúde pública, a boa governança e a capacidade do nosso planeta de combater as mudanças climáticas”. 

O Unodc ressalta que o crime contra a vida selvagem também ameaça os benefícios socioeconômicos que as pessoas obtêm da natureza, incluindo como fonte de renda, emprego, alimentação, remédios, cultura e muito mais.

A agência destaca que a corrupção representa um desafio significativo, minando tanto a regulamentação quanto as ações de fiscalização contra o comércio ilegal de vida selvagem.