Acontecia uma vez por ano, na Rua Irineu Marinho 35, onde ficava a sede do jornal O GLOBO. Minutos depois de liberada a lista de aprovados no antigo Vestibular Unificado da Fundação Cesgranrio, entre as décadas de 1970 e 1980, o diário carioca imprimia uma edição extra com os nomes dos felizardos. Milhares de exemplares iam para bancas espalhadas pelo Rio, mas uma multidão ansiosa se aglomerava na porta do jornal, na Cidade Nova, para colocar as mãos na publicação logo após sair da gráfica. Ao ler seus nomes impressos na listagem, os novos calouros explodiam de alegria.
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Hoje, na era digital, o serviço prestado pelo jornal ao vestibulando se dá de outra forma. Anualmente, nos fins de semana do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), O GLOBO publica em seu site um gabarito extraoficial, elaborado por professores, após o encerramento das provas, e faz uma transmissão ao vivo com os mesmos docentes corrigindo e comentando questão por questão. O trabalho é diferente de 50 anos atrás, mas a essência é a mesma.
A edição extra com a lista de aprovados era uma das ações ligadas ao Caderno Vestibular, que o jornal criou em 1972, ano seguinte à instituição do Vestibular Unificado, antiga prova de seleção para ingressar nas principais universidades do Rio. O suplemento tinha informações sobre os exames, analisava o mercado de trabalho, dava dicas de preparação e veiculava um teste simulado elaborado por professores. Agora, todo o conteúdo para o vestibulando chega em volume muito maior e de forma bem mais abrangente, graças à tecnologia.
Tudo isso é fruto de uma convicção que está no DNA do jornal. Desde a fundação, O GLOBO trata a educação como prioridade em seu noticiário, informando o leitor sobre a atuação do poder público, divulgando boas práticas de ensino e identificando problemas e necessidades. Paralelamente, o diário promove diversas ações que estabelecem uma conexão com alunos e professores. São colunas e cadernos especializados, eventos ou campanhas de vulto para fomentar o progresso do ensino.
Luz na Educação
Hoje, por exemplo, O GLOBO participa do Festival LED – Luz na Educação, realizado pela TV Globo e pela Fundação Roberto Marinho em parceria com a plataforma Educação 360, da Editora Globo. Com oficinas, palestras, feira de startups, exposições e shows, o evento é um grande encontro de gente interessada em conhecimento, tecnologia e novas conexões.
Logo que foi criado, em 1925, o diário tinha um espaço fixo chamado O GLOBO nas Academias, que, mais tarde, passou a se chamar O GLOBO Universitário. O jornal também publicava O GLOBO nas Escolas, informando sobre concursos, eventos de estudantes, resultado de exames e outras novidades na educação básica.
Naquela época, o ambiente escolar ainda era restrito a filhos da elite econômica, mas, nos anos 1930, tomou corpo um movimento de professores chamado Escola Nova, liderado por educadores como Anísio Teixeira, Cecília Meireles e Roquette-Pinto, cujo manifesto propunha um sistema escolar público, gratuito, obrigatório, misto e leigo para todos os brasileiros até os 18 anos. O texto foi publicado na íntegra pelo GLOBO, em 28 de março de 1932. “A educação não é um privilégio, é um direito”, pregava o movimento.
Ao longo daquela década, o governo de Getúlio Vargas promoveu reformas com o objetivo de tornar a escola mais inclusiva, combatendo o analfabetismo e buscando formar jovens para a indústria. A Constituição Federal de 1934 foi a primeira a estabelecer o ensino como direito de todos.
Ainda assim, o Brasil atravessou as décadas seguintes com altas taxas de analfabetismo. Em maio de 1961, O GLOBO criticou em editorial a polarização e a demora para aprovar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que tramitava desde 1948 no Congresso e só foi sancionada em dezembro daquele ano, reduzindo atribuições do Ministério da Educação e conferindo aos estados autonomia para legislar e organizar seus sistemas escolares.
Nos anos 1960, o jornal criou uma série de novas ações sociais. Uma das mais importantes foi a campanha Ajude uma Criança a Estudar, que mobilizou pessoas e organizações para reunir recursos e financiar o aprendizado de alunos pobres. A iniciativa promoveu eventos como leilões e apresentações artísticas para arrecadar fundos e estimulou escolas privadas a ceder bolsas para crianças em vulnerabilidade.
Na década de 1970, a principal ação na área foi o Caderno Vestibular, que continuava fazendo parte do diário quando O GLOBO lançou, em 1982, a campanha Quem Lê Jornal Sabe Mais, uma parceria com a Prefeitura do Rio para estimular a leitura por meio de atividades com jornal em sala de aula. Voltada para o ensino fundamental, a campanha marcou época ao alcançar milhares de alunos e professores durante anos.
A proximidade com o estudante norteou, em 2000, a criação do caderno Megazine, que substituiu os suplementos Planeta Globo e Vestibular, mesclando educação, cultura e comportamento. A equipe do Megazine, que deixou de ser publicado em 2011, criou a cobertura on-line do Enem, que, todos os anos, alcança centenas de milhares de pessoas em todo o Brasil.