O desempenho do varejo este ano vem surpreendendo os analistas superando mês a mês recordes da série histórica. As vendas em maio tiveram alta de 1,2% em relação a abril, a quinta alta mensal consecutiva. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o crescimento é de 5,6%. Existia uma preocupação do efeito das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o indicador, que mostrou uma resiliência maior do que esperada, segundo os números divulgados hoje na Pesquisa Mensal do Comércios (PMC), do IBGE.
- Reforma Tributária: O grande desafio e o maior defeito da regulamentação
- Dívidas, lobbies e ajuste econômico: A aprovação da regulamentação da Reforma Tributária e o avanço da renegociação das dívidas são ganhos, só é preciso ter cuidado com os termos que estão à mesa
Artigos de primeira necessidade têm impulsionado o resultado, fruto de aumento de emprego e renda. Artigos de uso pessoal, farmacêuticos, hipermercados e supermercados estão no topo do ranking de vendas, mostram os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE. No entanto, setores dependentes de crédito, como móveis e eletrodomésticos, carros e produtos para construção civil ainda patinam este ano, apesar de alguns resultados positivos. A interrupção do ciclo de cortes de juros, em junho, e as fortes oscilações do câmbio podem pesar negativamente para esses segmentos, explica Georgia Veloso, pesquisadora do FGV Ibre.
- Em 2024 a gente não observou ainda uma recuperação sustentada nos segmentos atrelados ao crédito. No varejo restrito ,o segmento de Equipamentos e materiais para escritório vem oscilando fortemente impactado, além da questão do crédito, pela alta do câmbio. No varejo ampliado, o grupo de Materiais de construção só apresentou resultado positivo em abril. Veículos esboçou uma recuperação no início de 2024, mas também começa a patinar nos últimos meses, e para os próximos há preocupação sobre o fim da queda dos juros num cenário onde tanto os juros quanto o endividamento seguem elevados apesar da melhora recente - explica.
O setor de veículos, motos, partes e peças registrou queda de 2,3% e o segmento de materiais de construção já voltou para sua tendência deste ano, mostrando recuo de 3,5%.
Em seu relatório Igor Cadilhac, economista do PicPay, colocou um viés de alta na projeção de crescimento para o setor este ano que estima em 3%. "Nossa perspectiva segue sendo de um mercado de trabalho aquecido, crescimento da massa de rendimento, aumento de crédito para pessoa física e a inflação bem comportada sigam impulsando o consumo das famílias", diz o economista.
- IPCA em 12 meses deve manter aceleração, apesar da inflação controlada. Pesa na conta deflação de alimentos registrada em 2023
Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, diz que a surpresa positiva, não foi suficiente para revisar sua perspectiva de crescimento do PIB para 2024 mantida em 1,9%.