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Por Daniel Biasetto — Rio de Janeiro

Um ano após o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que tiveram os corpos esquartejados e queimados no Vale do Javari, na Amazônia, a Polícia Federal se debruça sobre uma nova linha de investigação. O inquérito apura a existência de uma organização criminosa por trás do homem apontado como mandante do crime e tenta estabelecer uma relação entre Ruben Villar Coelho, o Colômbia, e prefeituras do Amazonas que ficam na fronteira do Peru e da Colômbia.

Três municípios da área de influência de Colômbia, que precisa de respaldo político para manter a pesca ilegal na região, estão no foco da PF: Atalaia do Norte, Tabatinga e Benjamin Constant. Os investigadores fazem um escrutínio de doações eleitorais oficiais e por caixa 2 feitas pelo acusado a políticos locais.

Peruano Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, é suspeito de ser o mandante dos homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillip — Foto: Reprodução/TV Globo
Peruano Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, é suspeito de ser o mandante dos homicídios do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillip — Foto: Reprodução/TV Globo

Uma delas teria acontecido, segundo a Polícia Federal, por meios informais à campanha do hoje prefeito de Atalaia do Norte, Denis de Paiva (Patriota). Não há registro de doações legais de Colômbia a ele. Porém, a PF desconfia do uso da microempresa ASM, de Anderson Souza Matias, que seria ligado ao mandante dos assassinatos de Bruno e Dom.

Prefeito nega relação

Na mira da PF: Distribuidora é investigada por licitações que somaram R$ 2 milhões — Foto: Reprodução
Na mira da PF: Distribuidora é investigada por licitações que somaram R$ 2 milhões — Foto: Reprodução

O fio da meada é puxado de licitações da empresa, que somaram de R$ 2 milhões entre 2021 e 2022. As concorrências envolviam uma série de itens que não são do ramo alimentício, que consta como atividade principal no cadastro da Receita Federal, e muito menos são típicos de uma distribuidora de bebidas, como informa a fachada da empresa no Centro da cidade. Anderson não foi localizado pelo GLOBO, mas o prefeito Denis nega ter qualquer relação com Colômbia ou com a pesca ilegal. Ele admitiu, entretanto, conhecer Anderson e disse se lembrar de algumas licitações.

— Pode pesquisar sobre mim e a minha história. Muitas das pessoas que mandavam em Atalaia eram de fora, traficantes, agiotas e grandes comerciantes de Benjamin e Tabatinga. A nossa vitória não agradou a eles — rebate o prefeito.

A última missão de Bruno Pereira no Javari

A última missão de Bruno Pereira no Javari

Para a PF, entretanto, há uma organização criminosa transnacional por trás da execução de Bruno e Dom. Essa organização envolveria a prática de crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e corrupção.

De acordo com as investigações, Colômbia patrocina campanhas a prefeituras da região com doações oficiais simbólicas de R$ 5 mil e grandes aportes por meio de caixa 2. Uma dessas pequenas doações foi para a campanha do então candidato David Nunes Bemerguy (MDB), atual prefeito de Benjamin Constant, onde Colômbia possui endereço comercial. Logo após a prisão de Amarildo Costa de Oliveira, o Pelado, David designou o procurador do município Davi Barbosa de Oliveira para defender o acusado. No mesmo dia, o prefeito de Atalaia do Norte determinou que a defesa fosse reforçada pelo procurador Ronaldo Caldas. Depois da repercussão da notícia, os dois resolveram sair do caso. David não respondeu aos pedidos de entrevista do jornal.

Irmão do prefeito de Benjamin Constant, Saul Nunes Bemerguy administra a cidade de Tabatinga, outra área de influência de Colômbia na mira da PF. Saul chegou a ser afastado do cargo em julho de 2021 após ser alvo da Operação Magüta da Polícia Federal, que investigava esquema de fraudes em licitações da prefeitura. Foi em Tabatinga que o colaborador da Funai, Maxciel dos Santos Pereira, foi assassinado, em 2019, após participar, em apoio a Bruno Pereira, da apreensão de toneladas de pirarucu das embarcações de Colômbia. Saul não quis se pronunciar sobre as suspeitas da PF. (Colaborou Paulo Assad)

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