A Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou na manhã desta segunda-feira uma aeronave suspeita de praticar tráfego aéreo ilícito na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA) na região da Terra Indígena Yanomami. Um caça Super Tucano e dois aviões com radares participaram da operação, que culminou em um tiro de aviso, forçando o pouso da aeronave suspeita.
Veja abaixo um vídeo da interceptação:
FAB intercepta aeronave suspeita, e piloto foge após pouso em Roraima
Supertucano
Com capacidade de um tripulante, o Supertucano A-29 é uma aeronave desenvolvida para combate aéreo, ataque ao solo e operações de reconhecimento. Esse caça voou pela primeira vez em 1999, sendo comumente usado em missões de reconhecimento na Amazônia.
De acordo com a FAB, o Supertucano tem cerca de 11,3 metros de comprimento e 11,4 de largura, além de uma altura de 3,97 m. A velocidade máxima do caça é de 590 km/h, com alcance de até 2.855 km. Ele tem quatro pontos para armamentos sob as asas e um sob a fuselagem. Canhão, metralhadoras, foguetes, bombas e mísseis podem ser equipados no Supertucano.
O principal armamento do A-29 são suas metralhadoras M3P, também chamadas de M3W, calibre .50 BMG, fabricadas pela FN Herstal da Bélgica. O Super Tucano possui duas destas armas, uma em cada asa, com 250 munições por metralhadora. Outro artefato bastante presente no leque de armas do A-29 são as bombas de emprego geral, sejam as da série Mk.81 norte-americanas ou as BAFG (Bomba de Baixo Arrasto para Fins Gerais) nacionais.
E-99 e R-99
E-99 e R-99 são aeronaves com radares que costumam acompanhar os Supertucanos em missões de vigilância na Amazônia.
O E-99 é capaz de fornecer dados de inteligência precisos, em tempo real, sobre outros aviões voando à baixa altura. Elas monitoram o espaço aéreo da região, visualizando toda a área de operação e no combate aos tráfegos irregulares. Além disso, as aeronaves E-99M têm a capacidade de complementar os sinais dos radares de solo, servindo também como uma reserva de visualização-radar ou de comunicações para o tráfego aéreo da aviação geral.
O “Avião-radar” da FAB, pode rastrear dezenas de objetos simultaneamente a mais de 700 km de distância, cobrindo o ponto cego dos radares. O E-99 é baseado no jato regional ERJ-145 da Embraer e está em serviço no Brasil há quase 20 anos. Em 2021, a Força Aérea recebeu os primeiros E-99M, versão modernizada com equipamentos de busca de maior alcance e capacidade. O E-99M voa com oito tripulantes, sendo dois pilotos e seis operadores dos sistemas de radar.
A aeronave R-99, por sua vez, pode encontrar aviões voando em baixa altitude a uma distância de até 450 km. Modelo é equipado com um radar de abertura sintética SAR da McDonald Dettweiler, com alcance de 92 Km de terreno em volta do avião. Conta ainda com um equipamento OIS FLIR AN/AAQ-22 Safire (sensor ótico e infravermelho), que permite detectar fontes de calor como queimadas e equipamentos camuflados em terra. O R-99 possui um sistema de transmissão e recepção de dados, permitindo o intercambio de informações com outros aviões e a base em terra, em tempo real de forma segura.
Entenda o caso
A aeronave interceptada nesta segunda-feira acabou sendo classificada como “suspeita” com base em um decreto instituído no ano passado com objetivo de proteger territórios, em ações, por exemplo, de “combate ao garimpo ilegal”.
Segundo a FAB, após descumprir ordens, “foi necessário que a defesa aérea realizasse o Tiro de Aviso (TAV)”, o que fez com que a aeronave fizesse um pouso forçado em uma pista de terra. A PF apreendeu a aeronave, mas o piloto conseguiu fugir do local.
Ainda de acordo com a FAB, desde fevereiro de 2023, a ZIDA foi estabelecida no espaço aéreo da região Norte do país, em medida que “teve por finalidade incrementar capacidade de Defesa Aérea que compreende a Terra Indígena Yanomami e adjacências, contribuindo para o combate ao garimpo ilegal em Roraima”.
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